Temer afirmou que que Bolsonaro vai refletir sobre Acordo de Paris sobre o Clima |
Por Márcio Resende,
correspondente da RFI em Buenos Aires – RFI
“O presidente francês,
Emmanuel Macron, disse que o Acordo de Paris Sobre o Clima era uma
das condições para as relações comerciais entre o Mercosul e a
União Europeia. Questionado nesta sexta-feira (30) a respeito
durante o G20, que acontece na Argentina, o presidente Michel Temer
disse ter a convicção de que Jair Bolsonaro vai examinar a questão
do meio-ambiente.
Se o acordo entre o
Mercosul e a União Europeia depende da postura do presidente eleito
Jair Bolsonaro em relação ao Acordo de Paris, as negociações
nesse sentido devem continuar com o novo governo brasileiro. Pelo
menos é essa a visão de Michel Temer.
"Pelo que conversei
com a nova equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro, essa questão
será equacionada. Tenho a impressão de que essa relação com o
meio-ambiente terá o apoio do novo governo. Não creio que haverá
modificação nessa posição brasileira", declarou Temer. O
chefe de Estado também esclareceu que não foi questionado sobre os
outros países sobre a posição do Brasil nesse assunto. "Esse
tema levantado pelo presidente Macron não surgiu durante os
debates", assegurou.
A expectativa de um acordo
político entre os dois blocos durante esta cúpula do G20 tinha sido
afastada pelo presidente francês. Num recado direto ao presidente
eleito Jair Bolsonaro, Macron disse que achava impossível avançar
em um acordo entre o Mercosul e a União Europeia, devido à mudança
política no Brasil.
"Não estou disposto
a aceitar relações comerciais com países que não respeitarem o
acordo de Paris", sentenciou Macron em relação à postura de
Bolsonaro. Em um encontro dos BRICS na manhã desta sexta-feira,
antes da reunião de Cúpula dos Líderes do G20, o bloco formado por
Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul assumiu o compromisso
com o Acordo de Paris.
"Com respeito à
mudança climática, nos comprometemos à plena implementação do
Acordo de Paris, adotado sob os auspícios da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima", diz o documento
publicado pelo bloco.
Enquanto a França impõe
condições ao futuro governo de Bolsonaro antes de tecer relações
com o Mercosul, o Reino Unido, agora sem a União Europeia,
manifestou interesse em negociar com o bloco sul-americano sem muitas
exigências. O presidente argentino, Mauricio Macri, reuniu-se com a
primeira-ministra Theresa May, que afirmou desejar, após o Brexit,
"começar a falar de forma independente com o Mercosul".
G20 com terremoto
A reunião do G20 começou
com um terremoto de 3.8 graus a 32 Km ao Sul da cidade de Buenos
Aires. O último tremor com epicentro em Buenos Aires tinha sido há
130 anos.
Logo depois, o presidente
norte-americano, Donald Trump, e Macri se reuniram. Trump denunciou a
"atividade econômica agressiva da China", segundo a breve
nota emitida pelo governo dos Estados Unidos através da porta-voz da
Casa Branca, Sarah Sandres.
Foi um balde de água fria
para o governo argentino, que tenta uma heroica aproximação entre
Estados Unidos e China, com o objetivo de diminuir a tensão
comercial que atrapalha o crescimento econômico mundial.
"Essa palavra
[agressiva] não existiu na conversa. Nunca esteve presente",
disse à RFI o chanceler argentino, Jorge Faurie, que participou da
reunião na residência presidencial de Olivos. "O diálogo que
o presidente Donald Trump prevê com o presidente Xi Jinping é um
sinal de que existe um desejo de trazer algum tipo de solução [à
tensão comercial]", afirmou Faurie.
Donald Trump, que aposta
no protecionismo e no bilateralismo, choca uma maioria de países,
que preferem o livre comércio e o multilateralismo. O isolacionismo
dos Estados Unidos ficou representado na reação de Trump ao chamado
"retiro", uma sala prevista para que presidentes possam
conversar cara a cara, sem assessores, e com “mais franqueza”. O
local tem 20 lugares, número exato de chefes de Estado e de governo.
Trump foi o único a não querer entrar e a se recusar a ficar a sós
com os seus pares.”
Fonte: RFI – as vozes do
mundo