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domingo, 31 de outubro de 2021

Boas notícias: a Ciência Brasileira desenvolve vacina totalmente brasileira para covid

#Podeconfiar #ÉdoButantan #SoroAnticovid #Butantan120Anos

"O início dos testes em humanos com o soro anti-Covid desenvolvido pelo Butantan abre novas perspectivas para reduzir a gravidade dos casos e evitar os óbitos, principalmente para os pacientes com baixa resposta imunológica, como transplantados e oncológicos, como diz a diretora de Desenvolvimento e Inovação do Butantan, Ana Marisa Chudzinski."

Pena que haja desrespeito a Ciência Brasileira por parte do governo Bolsonaro.





Para saber mais da vacina do Butantan contra a covid

Fonte: facebook


Fonte: Instituto Butantan, na capital Paulista

O que são os genes? Como funcionam os genes? E o DNA? E os Cromossomos?

Fonte: profa. Dorinha explica

Maria das Dores Martins de Souza, conhecida como Dorinha é graduada desde 1976, em Biomédica pelo Centro Universitário Barão de Mauá, em Ribeirão Preto, SP. Em 1998 concluiu o mestrado em Ciências - Biologia da Relação Patógeno-Hospedeiro pela Universidade de São Paulo (USP). Analista Clínica no Setor de Emergência por 15 anos.

E é professora há 25 anos em Universidades Particulares nas disciplinas: Microbiologia, Imunologia, Parasitologia, Epidemiologia. Ministra aulas para cursos de biomedicina, farmácia, enfermagem e ciências biológicas.   

Seguranças de Bolsonaro agridem jornalistas no G20 na Itália

Desrespeito a imprensa. Jornalistas brasileiros são agredidos por seguranças de Bolsonaro 
 

Desrespeito a imprensa. Jornalistas brasileiros são agredidos por seguranças de Bolsonaro

Fonte: globonews                           

"O que esperar da COP 26". "Nosso tempo está acabando", disse a ex-presidente da Irlanda Mary Robinson

 

Por Maria Clara Rossini e Rafael Battaglia Popp - Superinteressante 

"Começa hoje a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP 26. O evento, sediado no Reino Unido, vai se estender por duas semanas, até o dia 12 de novembro. Chefes de Estado e delegações governamentais de 200 países se reúnem na cidade de Glasgow, na Escócia, com o objetivo de atualizar as metas para conter o aquecimento global e a crise climática.

Cerca de 25 mil pessoas são esperadas no evento, entre líderes mundiais, jornalistas e negociadores para as metas que virão a ser definidas. A conferência ocorre todos os anos desde 1995, mas essa edição é particularmente importante, já que marca o aniversário de cinco anos do Acordo de Paris, assinado por 196 países em 2015 (a COP26 deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiada devido à pandemia).

As expectativas para a COP estão altas: trata-se do primeiro encontro desde o lançamento do sexto relatório do IPCC, em agosto deste ano. O documento, que compilou dados de 14 mil estudos, apresenta cinco cenários possíveis (do mais otimista ao mais pessimista) para o aumento das temperaturas globais – e o que precisamos fazer para atingir cada um deles. Ou seja, se há um momento para discutir e decidir ações, é agora. 

Em quatro respostas, veja abaixo o que precisa saber sobre a conferência:

O que é o Acordo de Paris?

Assinado em 2015, é o tratado mais ambicioso já feito pela ONU para conter a crise climática. Ele foi ratificado por 196 países e visa manter o aumento da temperatura da Terra abaixo de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais até 2100 (a meta é limitar esse aumento a 1,5ºC).

Para atingir esse objetivo, os países se comprometeram a desenvolver estratégias para diminuir (ou compensar) as emissões de gases-estufa, sobretudo dióxido de carbono (CO2) – os principais responsáveis pelo aquecimento global.  

Potências como EUA e União Europeia assumiram o compromisso de atingir a neutralidade de carbono até 2050; a China, até 2060. Isso é especialmente importante, já que os três, juntos, representam 46% do total de emissões de gases-estufa do planeta.

O Acordo de Paris prevê que, a cada cinco anos, os países signatários reafirmem o seu compromisso e apresentem metas ainda mais concretas e ambiciosas para conter a crise climática. Esse é o intervalo estipulado para que as nações elaborem uma nova versão do seu plano de ação, ou NDCs ("Contribuições Nacionalmente Determinadas", em inglês).  

Analisar as versões atualizadas dos NDCs é um dos motivos que tornam a COP26 uma conferência tão aguardada por especialistas. Até agora, 140 países já submeteram à ONU uma versão 2.0 desse plano de ação – os envios mais recentes, de China e Austrália, aconteceram na última quinta (28/10). 

Vale ressaltar que a meta de 1,5ºC do Acordo de Paris só será alcançada no cenário mais otimista do IPCC, no qual as emissões de carbono estariam zeradas até 2050. Em um segundo cenário, se puxarmos o freio até 2078, daria para fechar o século com 1,8ºC de aumento. A partir daí, só piora. Você pode conferir todas as projeções neste gráfico. 

O que será discutido na COP26?

As apresentações irão ocorrer ao longo das próximas semanas, mas dá para ter uma ideia do que será discutido. Uma das principais pautas é o desequilíbrio entre os principais emissores e os que mais sofrem com as mudanças climáticas. Países em desenvolvimento tendem a emitir menos gases de efeito estufa, mas são os mais afetados pelos eventos climáticos extremos.

“Esse é um debate infinito. A mudança do clima atinge todos, sem exceção – e os últimos eventos climáticos extremos deixaram isso bem claro. Mas quem paga a conta?”, diz Lincoln Alves, pesquisador do INPE e autor-líder do Grupo 1 do IPCC. Estados Unidos e União Europeia reconhecem que estão entre os principais emissores, mas também exigem mais ações de países como China, Índia, África do Sul e Irã.

Em 2009, países desenvolvidos se comprometeram a investir US$ 100 bilhões por ano em fontes de energia limpa em países em desenvolvimento. No entanto, essa meta ainda não foi atingida. Nos últimos anos, países desenvolvidos dedicaram entre US$ 52 bilhões e US$ 79 bilhões anualmente à agenda.  

Outro foco de discussão será a meta de 1,5ºC. O relatório do IPCC mostrou que, se as emissões continuarem subindo até 2100, a temperatura global atingirá um aumento de 3,6ºC em comparação a níveis pré-industriais. Se os países reduzirem suas emissões de carbono em 45% até 2030, e então zerarem até 2050, pode ser possível reverter a situação.

Um relatório da ONU publicado este ano mostrou que as atuais NDCs resultariam em uma diminuição de 16% nas emissões de carbono até 2030 – bem abaixo dos 45% ideais. Daí a importância de revisar e atualizar os planos de ação

Bolsonaro

Além de reduzir as emissões de gases, as lideranças internacionais ainda devem discutir a restauração de florestas, pantanais, entre outros mecanismos naturais que absorvem carbono do ambiente. Nesse contexto, o desmatamento da Amazônia também estará em pauta. (Este é um dos motivos de Bolsonaro não comparecer a essa importante reunião mundial, ele muito pelo contrário, incentivou o desmatamento e as queimadas, principalmente na Amazônia. Com o aval dele a boiada está passando.)

Ao final do evento, espera-se que os países assinem uma declaração com os principais pontos discutidos. O documento pode incluir compromissos específicos e metas climáticas a serem atingidas, como foi o caso do Acordo de Paris. 

Quem irá participar?

A maioria dos países irá mandar representantes do governo à convenção. No entanto, alguns chefes de Estado também estarão presentes, como os presidentes da França, Coréia do Sul, Suíça, República Democrática do Congo, Argentina, Nigéria, Ghana, Turquia e Colômbia. Os primeiros-ministros de Israel, Índia, Canadá, Itália, Suíça, Austrália e Reino Unido também irão participar. 

O maior destaque, no entanto, é a presença do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que deve comparecer nos primeiros dias do evento. Donald Trump tinha tirado os EUA do Acordo de Paris. Uma das primeiras ações do mandato do atual presidente americano, porém, foi reintroduzir o país no Acordo. Os Estados Unidos são o segundo país que mais emite gases de efeito estufa no mundo, ficando atrás apenas da China.

Entre outras presenças importantes está a ativista sueca Greta Thumberg, de 18 anos. A rainha Elizabeth II cancelou a presença no evento devido a problemas de saúde, mas outros membros da família real britânica, como os príncipes Charles e William e a duquesa Kate Middleton irão participar. 

O Brasil enviará o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite; e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Bolsonaro não deve participar do evento – ao invés disso, Bolsonaro comparecerá ao encontro do G20, que acontece em Roma entre os dias 30 e 31 de outubro. E vai receber em uma cidadezinha da Itália, convidado pela prefeita que é de extrema direita também, uma "honraria", por seu bisavô italiano ser daquela cidade. 

Quais são as expectativas em relação à participação do Brasil? comitiva nacional que irá a Glasgow não chegará com a melhor das reputações. Segundo o Observatório do Clima, as emissões de gases-estufa por aqui cresceram 9,5% em 2020, impulsionadas pelo desmatamento da Amazônia. O país andou na contramão do resto do mundo, cujas emissões caíram 7% devido à pandemia.

"A participação do Brasil na COP 26 ainda é uma incógnita", diz Alves. Além do cenário do desmatamento, a nova versão da NDC brasileira não agradou especialistas – tanto que, na última semana, o Observatório do Clima entrou com um processo contra a União e o Ministério do Meio Ambiente por "pedalada climática".  

A entidade defende que a NDC atual altera a base de emissões usada para calcular as reduções prometidas – sem atualizar, também, as metas. Em resumo: a nova NDC permitiria ao Brasil emitir o equivalente a 400 milhões de toneladas de CO2 a mais do que o proposto em 2015.

Durante a COP 26, as ações do Brasil deverão se concentrar, sobretudo, nas discussões do Forest Deal ("Acordo Florestal", em inglês), que será anunciado com destaque no dia 2 de novembro. Trata-se de um novo e importante acordo sobre proteção florestal. Espera-se que ele estabeleça como meta até 2030 deter (e reverter) a destruição das florestas a nível mundial, bem como a degradação do solo. À BBC News Brasil, o embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, secretário de Assuntos Políticos Multilaterais, afirmou que o Brasil vai assiná-lo."

Fonte: superinteressante

"Carlos Nobre: “O desafio brasileiro vai além da Amazônia. Não dá mais para jogar para o futuro”

              Cientista Carlos Nobre.                                                                     DIVULGAÇÃO/VOLVO ENVIRONMENT PRIZE
 

Por Felipe Betim - EL PAÍS 

"O climatologista Carlos Nobre (São Paulo, 1951), um dos principais cientistas brasileiros na linha de frente dos estudos sobre a devastação da Amazônia e seus impactos no clima global, está cético sobre a participação do Brasil na conferência do clima da ONU (COP26) em Glasgow, na Escócia, que começa na segunda-feira, 1º de novembro. Em entrevista ao EL PAÍS por telefone às vésperas da cúpula, afirma que o país chega encontro como uma “grande preocupação global” e que o Governo Jair Bolsonaro deverá apresentar metas mais ambiciosas caso pretenda que o país recupere parte da credibilidade perdida nos últimos anos.

Nobre considera insuficiente a proposta do vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho da Amazônia, de antecipar em dois ou três anos o fim do desmatamento ilegal —antes previsto para 2030. Até porque, explica Nobre, existe uma “indústria da legalização do crime ambiental”, isto é, o desmatamento ilegal pode, amanhã, acaba sendo legalizado pelo Congresso, como ocorreu outras vezes. O cientista também chama atenção para a degradação contínua de áreas de floresta da Amazônia, tão preocupante quanto o desmatamento em si. Mas o problema não se restringe à maior selva tropical do mundo, e se estende também para o cerrado, o pantanal e outros biomas. “O desafio vai além da Amazônia. Não dá mais para jogar para o futuro”, afirma.

Pergunta. Como o Brasil chega à COP26? O que podemos esperar da participação do país na cúpula?

Resposta. O país chega como uma grande preocupação global. Em 2020, o Brasil foi um dos poucos países que aumentou suas emissões. Diminuiu no setor de transporte, por causa da pandemia e do lockdown, mas aumentou muito o desmatamento da Amazônia, do Cerrado, do Pantanal... As emissões de 2020 foram superiores a 2019, enquanto no mundo houve uma redução de 5% das emissões. Em 2021, seguem altas as emissões, o desmatamento, as queimadas, a degradação florestal... O inventário oficial das emissões de gases causadores do efeito estufa só considera emissões provenientes do corte raso de árvores, mas ele não considera a degradação. Portanto, o Brasil chega à COP26 muito desacreditado. Para sair com alguma credibilidade, não basta só falar a meta de zerar o desmatamento ilegal, ao mesmo tempo que a indústria da legalização do crime ambiental segue ativa.

P. Poderia explicar melhor a diferença entre essas áreas degradadas e como elas também contribuem para o aquecimento global?

R. Áreas degradadas ainda possuem arvores, incluindo parques nacionais e reservas indígenas com floresta. Mas, nesses casos, sobretudo no sul da Amazônia, a floresta já está perdendo a capacidade de reciclar água. Como ocorre essa degradação? O pessoal chega lá na floresta, abre aquela estradinha para chegar o caminhão, abrem um pátio para colocar as madeiras, e depois vão abrindo trilhas com máquina, pegando as árvores com valor econômico. Então, uma vez que você abriu a estrada, as trilhas, pronto, aquilo começa a ser um vetor para outros chegarem ali e roubar madeira. E com um tempo aquilo vai se degradando. Quando a floresta não é perturbada, somente 4% da radicação solar chega na superfície. Então, ela é muito úmida e o fogo não se propaga. Nas áreas degradadas, a radiação solar penetra e seca o chão da floresta. Quando o fogo chega, ele anda por quilômetros pelo chão da floresta degradada e inúmeras arvores morrem. Quase todas as espécies do clima úmido amazônico não evoluíram resistentes ao fogo, como são arvores do cerrado. Então, elas perdem folhas, e o sol entra mais, e vai ficando mais degradado. Você vai em áreas 15 anos depois que foram lá extrair madeira e encontra 15% ou 20% da cobertura de árvores. O resto desapareceu.

P. Quanto essas áreas degradadas representam e o quanto emitem de gases?

R. Temos dados que mostram que 17% de toda a floresta amazônica, 6,2 milhões de quilômetros quadrados, já foram desmatados com corte raso de árvores, e outros 17% estão em diversos estágios de degradação. Isso é um dado que não é muito falado. Então, a floresta está muito próxima de um risco de desaparecimento, um ponto de não-retorno. O sul da Amazônia já dá sinais de que está muito próximo desse ponto. Ali, grandes áreas no norte do Mato Grosso e do sul do Pará, mesmo na estação chuvosa, perdem mais carbono do que absorvem da atmosfera. É porque aumentou muito a mortalidade de arvores. Ela morreu, vai se decompondo, e o carbono vai para a atmosfera como gás carbônico. Um estudo mostrou que, de 2007 a 2018, foram desmatados em corte raso de árvores 100.000 quilômetros quadrados, mas nesse mesmo período uma área de 200.000 quilômetros quadrados foi degradada. Considerando as emissões de gás carbônico de áreas desmatadas com corte raso, essa área degradada emitiu mais 53% de gases. Mas o inventario oficial das emissões brasileiras não considera isso, somente as emissões de áreas de corte raso, e por isso subestima as emissões de gases do efeito estufa que o Brasil está lançando na atmosfera. Teria que aumentar em 50% as emissões.

P. O vice-presidente Hamilton Mourão, que preside o conselho da Amazônia, disse que o Brasil vai adiantar em dois ou três anos o fim do desmatamento ilegal, previsto inicialmente pelo Governo para 2030. Como enxerga essa proposta?

R. Para evitar o ponto de não-retorno, para salvar a Amazônia, a gente precisa zerar os desmatamentos antes de 2030, e zerar no sul da região para ontem. Não é só o desmatamento ilegal, é todo. Por mais que digam que mais de 90% do desmatamento é ilegal, existe uma indústria de legalização do crime ambiental. Em 2012, quando aprovaram o Código Florestal, o Governo perdoou as dívidas e regularizou 58% das áreas que tinham sido desmatadas até julho de 2008. Neste ano, um projeto de lei regularizou mais de 50% dos desmatamentos ilegais até 2018! É essa a indústria de legalização que incentiva o chamado mercado de terras. O crime organizado que vai lá, grila uma área pública, protegida, rouba madeira... Portanto, não é só uma questão de antecipar em dois ou três anos o limite do desmatamento ilegal... Para salvar, temos que zerar o desmatamento em toda a Amazônia e zerar a degradação também, esse roubo de madeira e os incêndios. E também no Cerrado e no Pantanal. O desafio vai além da Amazônia. Não dá mais para jogar para o futuro. O Brasil deveria realmente ir a Glasgow com metas muito mais ambiciosas de eliminar ontem, e não fazer essa diferenciação de ilegal e legal, porque isso é o que alimenta a indústria de legalização. Pode ser que lá na frente o Congresso aprove outro projeto legalizando quase todos os desmatamentos até 2025, e o Governo chegue em 2027 dizendo que reduziu os desmatamentos ilegais, quando na verdade ele legalizou a maior parte do ilegal.

P. Como o Governo Bolsonaro incentiva essa indústria da legalização?

R. O discurso do Governo desde que assumiu o poder é o de que o futuro da floresta é retirar a floresta e substituir por pastagens, por mineração, por culturas agrícolas... É um discurso que não mudou nada. A credibilidade da posição brasileira é muito fraca. Vamos torcer para que a delegação brasileira negocie realmente metas muito mais ambiciosas do que essas e não só prometa. O Governo Bolsonaro, em 2019, quando o Brasil explodiu nas manchetes como pária ambiental, passou um ato normativo proibindo queimadas. Ninguém respeitou. Proibiu em 2020, e ninguém respeitou. Proibiu em 2021, e ninguém respeitou. Quantas pessoas que foram queimar o pantanal, o cerrado e a Amazônia estão sendo processadas? Quase ninguém. Estão todas impunes. Por que ninguém respeita o marco legal? Devido ao discurso político do presidente e do Ministério do Meio Ambiente, totalmente voltado para o agronegócio arcaico e expansionista. Essa é a visão que ainda perdura. Se o Brasil quiser aumentar sua credibilidade, ele não pode só falar de um compromisso futuro, ele precisa levar junto tudo o que vai fazer para implementar políticas que levam a zerar o desmatamento e a degradação.

P. Mourão também disse recentemente que áreas invadidas não podem mais ser recuperadas. O que esse discurso sinaliza? Deve-se dar por perdido essas áreas?

R. O fato de que o vice-presidente e presidente do Conselho da Amazônia diga isso é o sinal verde para o crime ambiental. A mensagem dele é dupla. Ele está falando que, por um lado, vamos zerar o desmatamento ilegal, mas aquele que aconteceu no passado não tem mais o que fazer, o grileiro foi lá, grilou, pôs o boi, está fazendo algo que na teoria é produtivo... É exatamente o sinal que o crime ambiental quer. Ele vai pensar “olha, é tudo papo, ele vai lá em Glasgow, vai falar isso, mas vamos continuar firme no nosso modelo de roubo de terra, porque depois que nós fizermos ninguém vai nos prender, nos punir, nos multar...”. Qualquer terra grilada, qualquer proprietário rural que invadiu reserva legal e desmatou ilegalmente, precisa ser multado e proibido de fazer qualquer novo desmatamento. O que eles chamam de regulação fundiária é exatamente o que o crime ambiental quer ouvir. Vamos em frente, que isso no futuro vai ser legalizado. Se eu tivesse a oportunidade de fazer uma pergunta a Mourão, perguntaria o seguinte: se o Congresso aprovasse uma legalização dos desmatamentos feitos em 2019 e 2020, como isso entraria em sua contabilidade de zerar o desmatamento ilegal?

P. O que opina sobre o projeto de reconstruir a BR-319? Eles falam que faz parte do compromisso sustentável do Brasil...

R. Cerca de 95% dos desmatamentos ocorrem entre 5,5 km de cada lado de qualquer estrada. Se você olhar o asfaltamento da BR-319, o Governo do Estado do Amazonas já tem programado construir três rodovias estaduais Leste-Oeste. Vai explodir o desmatamento e o roubo de terra! É comprar mais desmatamento, mais ilegalidade, mais áreas de pecuárias de baixíssima produtividade, mais roubo de terra, porque vai ter estrada para transportar madeira de áreas que estão longe de rios, mais ameaça a povos indígenas e ribeirinhos... Todas as estradas da Amazônia levaram a isso, elas são o grande vetor da destruição da Amazônia. Esse grupo político que legaliza o crime ambiental está por trás dessas propostas de abrir novas estradas.

P. Esse grupo político argumenta que os habitantes da Amazônia precisam trabalhar e sobreviver, como forma de justificar o desmatamento. Que tipos de atividades econômicas conciliam a preservação da floresta com a geração de emprego e renda?

R. Precisamos de uma nova bioeconomia, com a floresta em pé. O fórum da bioeconomia internacional que aconteceu semana passada, em Belém, mostrou o estudo do professor Francisco Costa, da Universidade Federal do Pará. Ele lista 30 produtos da biodiversidade da floresta do Pará, como açaí, buriti, cupuaçu, cacau, tucumã, entre outros, que renderam 5,4 bilhões de reais em 2019 para 224.000 pessoas. São 224.000 empregos. Portanto, a bioeconomia de floresta em pé tem um potencial muito maior que a pecuária e a agricultura. Beneficia muito mais gente, mantém essas pessoas nas comunidades, nas florestas, em pequenas vilas, em pequenas cidades... 70% da população amazônica é urbana, e as cidades grandes [da Amazônia] estão entre os piores IDHs [Índice de Desenvolvimento Humano] do Brasil. Muitos vinham das áreas rurais, expulsos pela expansão da pecuária e da agricultura, e se tornaram pobres. Hoje, já existem cooperativas com famílias de classe média. Esse é o modelo de que a Amazônia precisa. Enquanto a gente não zerar o desmatamento e a degradação, e criar sistemas agroecológicos, com valor econômico, o Brasil não deveria abrir novas estradas nem asfaltar.

P. Existem exemplos positivos de política pública por parte de governos do Estado e prefeituras na Amazônia?

R. Infelizmente não tivemos bons exemplos nos últimos anos. Mas, por exemplo, o governador do Pará, Helder Barbalho, lançou na semana passada o programa de uma nova bioeconomia para o Estado do Pará. É um programa que atraiu empresas, ONGs, comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhos, universidades... É uma promessa. O Estado do Pará tem os maiores índices de desmatamento da Amazônia brasileira —não só a maior área, como também maior percentual. A gente precisa torcer para essas coisas andarem, mas a maioria dos políticos dos Estados amazônicos são apoiados por aqueles políticos locais ligados a esse modelo do agronegócio expansionista e da mineração. O plano é na direção correta. Os governadores do Estados amazônicos vão à COP26 com suas propostas de zerar desmatamento, desenvolver essa nova bioeconomia. Isso é positivo do ponto de vista do discurso político, mas precisamos ver se de fato vão apoiar esse novo modelo sustentável.

Não há nenhuma prova muito clara em grande escala. Nenhum governo estadual tem mecanismo que acelere rapidamente essa formação da nova bioeconomia. Não foram governos que criaram a economia do açaí, isso foi uma demanda primeiro de outros Estados brasileiros. E, depois, virou um produto mundial. A zona franca de Manaus tem um subsídio de 30 bilhões de reais por ano. Quanto o Governo federal está subsidiando essa nova bioeconomia? Até agora zero. Essa bioeconomia tem um potencial tão grande que está se expandindo por iniciativa das cooperativas de abrir mercados nacionais e internacionais. O Ministério da Agricultura coloca de subsídio para essa nova bioeconomia? Praticamente zero. Ao mesmo tempo, colocam dezenas de milhões de reais de subsídio para a pecuária.

P. O mundo todo está falando sobre a necessidade de fazer o quanto antes a transição para uma economia descarbonizada e verde. Esse novo empenho por si só é uma esperança para evitarmos o ponto de não-retorno na Amazônia?

R. Os países só vão financiar a redução do desmatamento se os países amazônicos diminuírem muito o desmatamento. Caso contrário, ninguém vai colocar um tostão. O discurso de preservação pode ser bem recebido, mas o problema todo é que o Brasil vai receber zero se não reduzir o desmatamento e se não tiver uma política muito efetiva de acabar com o crime ambiental. E isso vale também para a Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela... Em todos os países amazônicos o desmatamento está crescendo. Nenhum pais vai colocar um centavo aqui. Por outro lado, pode haver sanções. Joe Biden [presidente dos EUA] já está querendo passar marcos legais proibindo importação de produtos vindos de países que desmatam, enquanto a União Europeia está para aprovar uma lei que proíbe importação de produtos de países tropicais que desmataram."

Fonte: El País               

sábado, 30 de outubro de 2021

"Torço para que o Brasil não atrapalhe na COP 26"

Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do
Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama no governo Michel
Temer  Foto: Guto Martin/Observatório do Clima

Por João Pedro  Soares repórter da DW Brasil

0 de outubro de 2021

"Suely Araújo, ex-presidente do Ibama, critica governo por tentar apresentar imagem verde do Brasil na cúpula do clima e diz que país se comporta como "sequestrador" ao condicionar proteção da floresta a mais dinheiro."

"A comitiva do governo Jair Bolsonaro chega à conferência climática COP 26, na Escócia, querendo apresentar uma imagem de que protege as florestas brasileiras, em meio ao derretimento da imagem do país como potência ambiental.


"Torço para que o Brasil não atrapalhe”, afirma Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama no governo Michel Temer.

Em entrevista à DW Brasil, Sueli Araújo critica a tentativa do governo em apresentar uma imagem verde do país, enquanto suas políticas ambientais caminham na direção contrária..

Às vésperas da COP 26, o governo federal lançou, no dia 25, o Programa Nacional de Crescimento Verde. A iniciativa visa a "aliar redução das emissões de carbono, conservação de florestas e uso nacional de recursos naturais com geração de emprego verde e crescimento econômico”. No mesmo dia, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que a delegação brasileira vai anunciar uma redução de "dois ou três anos” na meta de zerar o desmatamento ilegal, prevista para 2030.

Apesar do esforço para melhorar o discurso, o governo continua a ser cobrado por ações que vão na direção contrária. Um relatório divulgado no dia 26 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) apontou que o Brasil foi o único país do G20 a recuar em sua promessa de corte na emissão de CO2.

Com uma manobra contábil que ficou conhecida como "pedalada climática”, o governo mudou as bases de cálculo de sua NDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas) e adicionou 300 milhões de CO2 por ano ao nível de emissões toleradas pelo país.

Após virar as costas para iniciativas de preservação ambiental com apoio financeiro internacional, como o Fundo Amazônia, o governo espera que os países desenvolvidos deem apoio financeiro para o combate ao desmatamento. Na opinião de Araújo, será difícil.

"Nos últimos encontros internacionais, o governo Bolsonaro tem se portado como um sequestrador, no sentido ‘a floresta é minha, me paguem que eu protejo'. Isso, na verdade, é chantagem. E, no plano internacional, esse tipo de postura é muito mal vista”, afirma.

DW: O governo de Jair Bolsonaro tem buscado imprimir uma nova imagem da política ambiental brasileira no exterior. Como essa dinâmica deve ser encarada?

Suely Araúujo: O presidente Bolsonaro tem um projeto de desconstrução da política ambiental. Ele vê as regras ambientais como coisas que atrapalham. Ele tem uma visão sobre desenvolvimento completamente arcaica, da época da Guerra Fria, 50 anos atrás. É realmente inadmissível esse tipo de postura para o titular de uma nação, e eu não acredito que qualquer amenização de discurso por parte do presidente reflita realmente uma mudança sincera. E não reflete, também, uma mudança na prática, pois as ações do governo continuam as mesmas.

O presidente ameniza o discurso conflituoso em relação à política ambiental quando sofre alguma pressão maior, principalmente de governos estrangeiros. Mas, pouco tempo depois, ele volta para as mesmas colocações, os mesmos tipos de críticas, para as deslegitimação que ele faz dos órgãos e agentes ambientais. O governo federal, nesse processo de debates tendo em vista a Conferência de Glasgow, que começa nos próximos dias, colocou o rótulo verde em tudo o que ele faz. Então, o asfaltamento de rodovias é sustentável, a agricultura em larga escala, com muito desmatamento, é sustentável. Tudo ganhou um rótulo de suposto respeito à legislação ambiental e preocupação com a proteção do meio ambiente.

Como você vê as medidas anunciadas recentemente pelo governo, como a intensificação da agricultura de baixo carbono?

É preciso saber, antes de tudo, quanto o chamado plano ABC vai representar do Plano Safra: 5%? Provavelmente, não mais que isso. É só promessa ou mudança efetiva? Hoje, no meio do discurso governamental, nós escutamos a intenção do governo de explorar petróleo no tempo mais rápido possível. O país parece que, no lugar de caminhar para uma transição energética, quer ser o último país produtor de petróleo do mundo. Realmente, o quadro continua o mesmo. O atual ministro é mais civilizado que o ex-ministro Salles, mas não tem tomado medidas realmente capazes de reorientar o Ministério do Meio Ambiente e suas autarquias vinculadas.

Como o discurso do governo deve ser recebido pelas nações comprometidas com as metas de desenvolvimento sustentável?

O que os outros países e também os brasileiros têm que cobrar é que esse discurso vá além de uma narrativa vazia. Que o governo federal apresente concretamente o que pretende fazer: com que recursos, quem são os responsáveis na estrutura governamental por tudo o que ele está prometendo, qual é o cronograma para isso. Na verdade, o que tem que ser cobrado é planejamento efetivo, detalhado, senão não adianta. A mera mudança de discurso não serve para nada. O governo Bolsonaro foi devastador para a política ambiental: implodiu estruturas de governança, revogou regras, liberou na prática a ocorrência de ilícitos nessa área, quando deslegitima os fiscais, quando critica os órgãos ambientais. Realmente, no cômputo geral, uma verdadeira tragédia.

Um problema grave foi o aumento do desmatamento na Amazônia e outros biomas, a questão também da intensificação dos incêndios florestais, a realidade dura dos garimpos ilegais, inclusive em áreas indígenas, unidades de conservação. O número de garimpos ilegais explodiu neste governo. Realmente, a lista é grande, e não está havendo medidas para a reversão disso, de forma alguma. Na verdade, mesmo com a troca de ministros, você não vê posturas de real mudança da orientação governamental. E não era esperado, porque o chefe continua o mesmo. Os problemas da política ambiental poderão começar a ser resolvidos, ou pelo menos os que foram intensificados nesse governo, vão começar a ser resolvidos com a troca de presidente.

O que esperar da participação do Brasil na Conferência de Glasgow?

Eu vou na linha de torcer para que o Brasil não atrapalhe, para que o país se porte com dignidade, com respeito ao fórum de relevo que é a própria Conferência. Com toda a certeza, vão fazer uma divulgação de cenários irreais sobre a situação da proteção ambiental no país e tentar demandar dinheiro. Nos últimos encontros internacionais, o governo Bolsonaro tem se portado como um sequestrador, no sentido "a floresta é minha, me paguem que eu protejo. Se vocês não me pagarem, eu não tenho condições de empreender medidas de proteção ao meio ambiente". Isso, na verdade, é chantagem. E, no plano internacional, esse tipo de postura é muito mal vista.

É lógico que trazer recursos para a proteção do meio ambiente no país é uma boa medida. O problema é como o governo Bolsonaro vai usar esses recursos. Quais são as prioridades? Quem vai ser beneficiado? Que área da política, que tipo de destinatário final dos recursos nós vamos ter. Tudo isso necessita estar muito claro nas negociações envolvendo novos recursos para a política ambiental no país, inclusive porque nós temos recursos importantes parados. O Fundo Amazônia tem 2,9 bilhões de reais parados, sem uso, desde janeiro de 2019, por mera implicância do governo, que não aceitava organizações não governamentais na estrutura de governança do Fundo. A paralisação do Fundo Amazônia está inclusive judicializada perante o Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, número 59, relatada pela ministra Rosa Weber.

A definição sobre o Artigo 6º do Acordo de Paris, que diz respeito a instrumentos econômicos como o mercado de carbono, concentra uma alta expectativa na Conferência. No Brasil, o Congresso discute a regulamentação desse mercado. Como as discussões na COP 26 podem afetar o país?

Espera-se que os países avancem na definição dos critérios para esses instrumentos econômicos agora em Glasgow. Tem sido veiculados números bastante exagerados, na minha opinião, ou pelo menos números sem a devida fundamentação científica no cálculo, em relação ao que esse mercado de carbono pode gerar. Vamos pegar o exemplo específico do Brasil. Como o Brasil pode se beneficiar do mercado de carbono? Na minha opinião, enquanto ele não cumprir sua lição de casa, enquanto não realmente caminhar para a redução das emissões, ele dificilmente seria hoje um vendedor de créditos. Na verdade, com as emissões atuais, ele deveria ser um comprador de créditos. O mercado tende a fixar metas setoriais, mas as metas estabelecidas são antes de tudo dos países.

Mesmo quando estabelecidas metas setoriais no caso brasileiro, não se pode admitir que não haja a soma das emissões dos diferentes setores para efeitos do Acordo de Paris. Com os números do desmatamento, com as perdas da floresta, como falar em vender créditos, no caso brasileiro? Na verdade, o país tem o dever de, primeiramente, pagar suas dívidas com a floresta. Os mecanismos de controle disso tudo, de contabilidade das emissões com relação à cada NDC, cada documento nacional, considerando a existência de um mercado internacional numa escala muito maior e muito mais complexa do que as experiências voluntárias que existem hoje. Tudo isso é o grande desafio da Conferência de Glasgow. Certamente, esse tema estará totalmente em destaque nas negociações internacionais."

Fonte: DW Brasil

"Em rodinha de líderes, Bolsonaro mente sobre economia e popularidade"

Cercadinho de Bolsonaro em Brasília, onde ele só fala asneiras e o "cercadinho" aplaude
Por Jamil Chade - Colunista do UOL


Fonte UOL

Ele pensa que está no seu "cercadinho" em Brasília!

"Bolsonaro diz ter plano B para Auxílio Brasil"

Da música "Gente" de Caetano Veloso

Por Eduardo Rodrigues e Cícero Cotrim - Estadão 

BRASÍLIA - "Um dia após o novo secretário de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, ser categórico ao afirmar que a equipe econômica não tem um plano B para o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400 que não seja a aprovação da PEC dos Precatórios, o presidente Jair Bolsonaro disse em Roma que o governo trabalha sim com alternativas caso o Congresso não aprove o projeto.

“Sou paraquedista, sempre tenho um paraquedas comigo, mas com muita responsabilidade”, afirmou em entrevista em frente à embaixada brasileira em Roma. “Quem raciocina e tem inteligência sempre tem um plano B”, completou, ao lado do ministro da Cidadania, João Roma.

 Veja o que disse o economista André Lara Resende, um dos idealizadores do Plano Real

Embora ninguém no governo fale abertamente sobre isso, a prorrogação do auxílio emergencial seria uma das alternativas para garantir um pagamento maior às famílias mais pobres (Com fins eleitoreiros). O Ministério da Cidadania já confirmou o reajuste no Bolsa Família será apenas para R$ 240 em novembro e o governo conta com a aprovação da PEC dos precatórios para fazer um pagamento maior a partir de dezembro. 

“(A não aprovação da PEC até agora) é lógico que preocupa, o ano está acabando. Os precatórios chegaram a R$ 90 bilhões e consomem todos os recursos nossos. Se pagar essas dívidas os ministérios ficarão sem recursos em 2022”, afirmou o presidente. O que são precatórios? "São dívidas judiciais do Poder Público. Quando uma pessoa (física ou jurídica) processa a União e ganha uma indenização, é emitida uma ou mais ordens de pagamento reconhecidas pela Justiça. Essas ordens são os precatórios." Fonte: Nubank

Bolsonaro disse lamentar as imagens de pessoas pegando ossos em um caminhão para se alimentarem e reforçou com isso a necessidade de entregar um programa social reforçado (Eleitoreiro). “Se não atendermos 17 milhões de pessoas pobres, o que pode acontecer?”, questionou. “Quando falamos em dobrar o valor do Bolsa Família, dizem que vamos furar o teto de gastos. No ano passado foram R$ 700 bilhões além do teto. Esse ano, com a questão dos precatórios, não furaremos o teto. É muita responsabilidade da equipe econômica conosco”, acrescentou. 

O presidente ainda reclamou da reação do mercado quando ficou claro que o governo iria alterar a regra do teto de gastos para abrir mais espaço no orçamento para o programa social – que levou à disparada do dólar e dos juros. “O mercado tem que entender que se o Brasil for mal eles vão se dar mal também. Estamos no mesmo time, o mercado toda vez nervosinho atrapalha em tudo o Brasil. Eu não influenciei negativamente na economia, eu não fechei nada no Brasil”, rebateu.

Segundo o ministro da Cidadania, João Roma, todos os beneficiários do Bolsa Família serão transferidos para o Auxílio Brasil, novo programa de transferência de renda ambicionado pelo governo federal, sem a necessidade de um recadastramento. 

"Asseguro que todos os beneficiários do Bolsa Família estarão abraçados pelo Auxílio Brasil", disse o ministro, que acompanha o presidente Jair Bolsonaro.

OCDE

O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse há pouco que há uma articulação em curso para que seis países ingressem simultaneamente na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o que facilitaria a entrada do Brasil no organismo multilateral. 

"Existe uma possibilidade de seis países, três de cada lado, Europa e as Américas, entrarem na OCDE. Isso facilita o jogo para todos nós", disse Bolsonaro, que está em Roma para a reunião de cúpula das 20 maiores economias do mundo (G20).

Depois do apoio dos Estados Unidos ao ingresso do Brasil na organização, o problema persistente era a fila de candidaturas. Além do País, também aguardam uma resposta da OCDE Argentina, Peru, Romênia, Croacia e Bulgária. A União Europeia exigia que um país de seu grupo fosse incluído a cada novo entrante.

Bolsonaro tinha encontro marcado com o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, neste sábado, 30, para mais uma vez expressar o desejo de o País fazer parte do organismo. O Brasil tinha boa relação com o antecessor de Cormann no cargo, José Angel Gurría."

Fonte: Estadão

Cultura: "Wagner Moura puxa 'Fora, Bolsonaro' na pré-estreia de 'Marighella'"

Wagner Moura
 

    Por Monica Bergamo - Folha de S. Paulo

 "SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após ter a estreia adiada por duas vezes desde 2019, por conta de imbróglios com a gestão da Ancine (Agência Nacional do Cinema) sob o governo Bolsonaro, "Marighella", de Wagner Moura, foi exibido pela primeira vez em São Paulo na noite desta sexta (29). O longa conta a história do guerrilheiro Carlos Marighella, assassinado pela ditadura. 

"Uma produção cultural, independentemente do que você acha de Marighella, tem direito de existir" disse Moura à coluna. 

Antes da exibição do filme aos convidados presentes à pré-estreia no Espaço Itaú Bourbon Pompeia, o diretor fez um pequeno discurso. "É um absurdo ter que lutar contra o governo federal para estrear no seu país", disse Moura. "É um filme de amor, feito para o público brasileiro, sobre os que resistiram [à ditadura] e os que estão resistindo hoje no Brasil. Fora, Bolsonaro!", gritou o baiano, sob aplausos. 

O cantor e ator Seu Jorge, que interpreta o guerrilheiro Carlos Marighella no filme, diz que a demora do lançamento da obra foi "de uma brutalidade imensa". E afirma que foi uma oportunidade de "reconexão com meu país, minha gente, com as causas desse povo". 

Os atores Adriana Esteves, Bruno Gagliasso e Humberto Carrão, entre outros nomes do elenco, também participaram da pré-estreia. 

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) estava na plateia, ao lado de sua esposa, Ana Estela. "Eu vi esse filme há dois anos e tô emocionado de lembrar o que ele representa [em termos] de resistência ao arbítrio e de luta pela liberdade", afirmou. "É muito oportuno para o momento em que vivemos lembrar que há brasileiros que não aceitam vivem sob o jugo de ninguém." 

Haddad não poupou elogios a Wagner Moura, conhecido principalmente por seus trabalhos como ator. "Ele é um brilho. Um gigante da cultura brasileira, projeta o nome do Brasil no exterior", disse. 

O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e ex-candidato a prefeito de SP pelo PSOL Guilherme Boulos também compareceu à pré-estreia. "Esse filme foi censurado, atacado vítima da guerra ideológica bolsonarista então é muito simbólico ter esse momento [de estreia]", afirmou. 

O vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) e a secretária municipal de Cultura, Aline Torres, também estiveram no evento. 

O filme, inspirado na biografia "Marighella: O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo" (ed. Companhia das Letras), do jornalista Mário Magalhães, chega ao circuito comercial no dia 4 de novembro."

Fonte: Folha de S. Paulo

"A Genial Lição do Gênio"

Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo. Quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo.                                                         Confúcio

Final de tarde, últimas horas de um dia qualquer. O casal andava distraído pela areia da praia, desviando-se de banhistas e jogadores de frescobol, quando ele tropeçou e caiu de rosto na areia, levando-a às gargalhadas. Quando ele se virou enfurecido para descobrir o que o tinha levado a beijar as areias de Copacabana, percebeu que apenas ela se movia, ainda rindo da estranha queda. Todas as pessoas à volta dele estavam parados. Tudo estava paralisado, como se alguém tivesse apertado o botão de “pausa” do controle remoto do mundo.

Olhou com atenção no que tinha tropeçado. Parecia uma garrafa ou algo parecido. Não teve mais tempo para divagações. Uma densa fumaça colorida começou a sair do objeto, fazendo trocar as gargalhadas dela por tosse. Ela correu para seu lado, tossindo e tirando os óculos escuros, enquanto ele apenas olhava sem nada dizer.

A fumaça tomou forma humana. E falou:

“Olá! Vocês encontraram a lâmpada mágica! Eu sou o Gênio da Lâmpada e posso satisfazer os seus desejos.”. E soltou uma sonora gargalhada.

Ambos se abraçaram e começaram a pular. O Gênio estalou os dedos e um smartphone surgiu do nada no ar. O estranho Ser leu algo na tela e o aparelho sumiu.

- Vocês normalmente teriam direito a três desejos, mas como acharam a lâmpada juntos, terão direito a apenas um. Sugiro que escolham bem. O velho truque de pedir mais desejos não vale, e acarretará na anulação do único pedido que possuem.

Pararam de pular e se entreolharam. Conversaram durante minutos, sem chegar a uma conclusão. O que pedir? Dinheiro? Saúde? Poder? Então ele teve uma ideia.

- Vamos pedir algo tão complicado que o fará quebrar nosso pedido em mais desejos.

Ela concordou, e começaram a cochichar. O Gênio olhava desconfiado, mas nada podia fazer a não ser esperar. Até que, entre sorrisos, ela se virou para o Gênio e disse:

- Gênio, queremos que nosso país fique melhor. Vemos políticos corruptos para todos os lados, que pensam somente em se aproveitar da população. O brasileiro é incoerente. Pede o fim da corrupção mas escolhe corruptos de estimação, que ganham carta branca para roubar ou enganar desde que sejam do mesmo time, ideologia ou crença de quem reclama. Nosso trânsito mata milhares de pessoas por ano, não respeitamos leis que manteriam as pessoas vivas. Sabemos que educação é fundamental, mas somos incapazes de efetivamente lutar por algo que nos transformaria.

- Resumindo - ele interrompeu - queremos que mude o nosso país. Que a partir deste momento, o Brasil se torne um país de primeiro mundo!

O Gênio ouviu serenamente. E a tranquilidade não desapareceu quando o pedido acabou. Então ele gargalhou novamente, estalou os dedos e sumiu. Em seu lugar, surgiu uma caixa de presentes, com um grande cartão amarrado na tampa.

“Nesta caixa cada um poderá ver a pessoa que mudará definitivamente o país. Sejam felizes!” Disse uma voz vinda do além.

À sua volta, o mundo voltou a se movimentar. Curiosos, ela e ele se abaixaram e pegaram a caixa, abrindo-a cuidadosamente.

Dentro, havia um espelho.

Perplexos, abriram o cartão, e nele estava escrito: “Ao olharem para si mesmos, e agirem conforme desejam que os outros sejam, terão conquistado a característica que permite alcançar o que foi pedido: a maturidade".

Maurício Luz
Maurício Luz escreve a Coluna "Frases em Nosso Tempo", aos sábados para O Guardião da Montanha.

Ele é carioca e ganhou prêmios:

1º Belmiro Siqueira de Administração – em 1996, na categoria monografia, com o tema “O Cliente em Primeiro Lugar”. 

E o 2ºBelmiro Siqueira em 2008, com o tema “Desenvolvimento Sustentável: Desafios e Oportunidades Para a Ciência da Administração”..

Ex-integrante da Comissão de Desenvolvimento Sustentável do Conselho de Administração RJ. 

Com experiência em empresas como SmithKline Beecham (atual Glaxo SmithKline), Lojas Americanas e Petrobras Distribuidora, ocupando cargos de liderança de equipes voltadas ao atendimento ao cliente.

Maurício Luz é empresário, palestrante e Professor. Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1997). 

Mestre em Administração de Empresas pelo Ibmec (2005). Formação em Liderança por Condor Blanco Internacional (2012). 

Formação em Coach pela IFICCoach (2018). Certificado como Conscious Business Change Agent pelo Conscious Business Innerprise (2019). 

Atualmente em processo de certificação em consultor de Negócios Conscientes por Conscious Business Journey.

"Facebook muda nome para Meta"

 

"O metaverso é um espaço 3D com vários níveis de imersão. Para os executivos da rede social, o novo ambiente digital é o futuro da internet.  "Em vez de apenas olhar para a tela, você estará nela", afirmou Sue Young, diretora de produtos do Facebook. Ou seja, todas ações do cotidiano (do trabalho ao lazer), poderão ser realizadas nesse ambiente virtual e VOCÊ (através do seu Avatar), será inserido nele. Será tipo os jogos The Sims ou Second Life, uma simulação do cotidiano, onde vários avatares interagem entre si.

A diferença é que a realidade virtual deste novo universo, será baseado no cotidiano real, de trabalho, educação, lazer, etc e o seu Avatar terá de fato a sua cara. O Tio Zuck vai criar todo esse universo, sem sequer resolver os atuais problemas denunciados por ex-funcionários, que foram levados a público recentemente. Se não resolver, com este novo tipo de Plataforma, os problemas serão bem mais potencializados.

Algo nesse formato é mostrado no filme de ficção "Jogador n° 1", de 2018 (Steven Spilberg). A trama do filme acontece num futuro próximo, em que décadas de exploração desenfreada dos recursos naturais da Terra esgotaram o planeta e a economia está indo para o ralo, sem uma perspectiva de melhora futura. Todo mundo desistiu de fazer alguma coisa e grande parte da população mundial prefere fugir da realidade, fazendo uso do sistema de entretenimento virtual mais potente e popular já criado. Dentro do ambiente virtual você pode fazer qualquer coisa, desde assistir aulas a trabalhar e é claro, jogar e basicamente ser qualquer personagem que desejar. Há uma infinidade de mundos criados com base em diversas marcas, estúdios de cinema, séries, livros, games, o que você imaginar. O mundo está literalmente na sarjeta e todos preferem viver no mundo virtual, onde tudo é bonito e maravilhoso.

Dependendo de como seja o desenvolvimento desse METAVERSO (que poderá ser bem utilizado na telemedicina, por exemplo), os jovens que já estão vivendo parte do seu tempo nesse mundo virtual (culpa do império Facebook, Instagram e WhatsApp e seus pares Tik Tok e outros), serão sugados de vez e aquilo que vemos em filmes de ficção científica, antes do tempo virará realidade."  

Fonte: UOL