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quinta-feira, 14 de maio de 2015

"Uma delação que preocupa"






Uma delação que preocupa


A promessa de Ricardo Pessoa de contar o que sabe à Justiça eleva o grau de tensão entre os políticos em Brasília por pelo menos uma razão: ele fez doações às campanhas eleitorais até o ano passado, quando já havia sido deflagrada a Operação Lava-Jato, mas, ainda, sem que as investigações tivessem chegado às empreiteiras, as principais doadoras para as campanhas políticas no país. Portanto, houve financiamento de campanhas dos atuais mandatos.
Se o acordo de delação premiada foi assinado em Brasília, diante do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, é sinal de que Pessoa incluiu em seu depoimento a citação de nomes de políticos com mandato ou ministros – aqueles que têm foro privilegiado. 
Um acordo de delação premiada pressupõe três coisas: o reconhecimento pelo investigado de que cometeu crime; a admissão de que deve ressarcir dinheiro desviado para os cofres públicos; e, por fim, contar o que sabe e comprovar o que contou.
No começo de suas conversas com os procuradores em Curitiba, Ricardo Pessoa resistia em assumir qualquer responsabilidade nos casos de desvios da Petrobras. Enquanto outros empreiteiros já admitiam a existência de cartel para distribuição de obras da Petrobras (com preço embutindo corrupção), Pessoa ainda negava. Ele se recusava, também, a falar sobre outras áreas de governo em que haveria combinação de preços. 
Com o passar dos meses na prisão, foi contando algumas coisas que se passaram no mundo das obras públicas. E quando veio em 28 de abril a possibilidade da prisão domiciliar (com a tornozeleira eletrônica que traz numa perna), Pessoa concluiu que já tinha falado bastante e que poderia, então, fazer o acordo de delação premiada como forma de obter redução de pena pela Justiça. É o que está acontecendo neste momento. E aí, contar sobre doações e desvios de verbas no governo.
Pior para os políticos. Ricardo Pessoa foi interlocutor de importantes políticos no Brasil. E doador de campanhas vitoriosas, como a da presidente Dilma, que teve como tesoureiro o hoje ministro da Comunicação Social, Edinho Silva.
Além disso, agora, essas investigações serão conduzidas a partir de Brasília, pelo procurador Rodrigo Janot. E não pelo juiz Sérgio Moro, em Curitiba, que já demonstrou que, com ele, as perguntas têm de ter respostas convincentes.”


Fonte: colunistas da G1

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