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quarta-feira, 10 de junho de 2015

Planta brasileira tem composto anti-inflamatório

  • Família medicinal
Pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) isolaram e caracterizaram um composto bioativo de uma planta encontrada na região da Serra da Mantiqueira que tem propriedades anti-inflamatória, antimicrobiana e antiparasitária.
"Observamos que a atividade anti-inflamatória da sakuranetina é muito similar à da dexametasona, o principal corticoide usado hoje no tratamento de processos alérgicos e inflamatórios graves", conta o professor João Henrique Ghilardi Lago.
O composto, denominado sakuranetina, foi isolado da plantaBaccharis retusa DC., da família Asteraceae, a mesma família do girassol (Helianthus annuus) e de diversas outras plantas medicinais. O gênero Baccharis é composto por cerca de 500 espécies, entre elas a bem conhecida carqueja (Baccharis trimera).
"Ficamos surpresos com a variedade de espécies de Baccharis na Serra da Mantiqueira", afirmou Lago. "Coletamos cerca de dez espécies diferentes em Campos do Jordão, entre elas a Baccharis retusa DC.." - a Serra da Mantiqueira é uma a cadeia montanhosa que se estende pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Antiparasitário
A fim de selecionar as plantas que apresentavam potencial atividade biológica, os pesquisadores prepararam extratos bioativos das plantas coletadas e os submeteram a uma sequência de testes em laboratório.
Os resultados indicaram que o extrato da Baccharis retusa DC.demonstrou maior atividade antiparasitária, antimicrobiana e anti-inflamatória em comparação com as outras espécies coletadas.
A análise química revelou que cerca de 50% do extrato bruto da planta diluído em etanol é composto por uma única substância: a sakuranetina. "Isso é muito raro em plantas porque, em geral, elas apresentam uma grande diversidade de compostos," afirmou Lago.
Os resultados indicaram que a sakuranetina apresentou atividade antiparasitária contra Leishmania (L.) amazonensis,Leishmania (V.) braziliensisLeishmania (L.) major e Leishmania (L.) chagasi. Derivados semissintéticos da sakuranetina usados para comparação não demonstraram a ação antiparasitária.
Toxicidade
A sakuranetina também se mostrou um potencial candidato para o desenvolvimento de um fármaco voltado para o tratamento de asma, de acordo com os pesquisadores, ao apresentar um efeito similar ao da dexametasona, a principal droga usada no tratamento da doença.
"Agora estamos em um ponto crucial, que é avaliar a toxicidade da sakuranetina, porque não adianta termos uma substância que apresenta ação anti-inflamatória tão potente como a droga padrão usada no tratamento de asma se não soubermos em que concentração ela pode ser administrada em animais e humanos," afirmou Lago.

Fonte: Diário da Saúde / Agência FAPESP

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