“Entidades de direitos
humanos e advogados que acompanharam o caso reagiram com perplexidade
e insatisfação à decisão de anulação do julgamento do massacre
do Carandiru. Instituições como a ONG Conectas, a Anistia
Internacional e a Human Rights Watch direcionaram críticas ao
Tribunal de Justiça paulista, e demonstraram intenção de buscar
por meio de diálogo e protestos a reversão da medida.
Diretor executivo da
Anistia no Brasil, Atila Roque disse ao Estado ter ficado chocado com
a decisão, que classificou como “revés da Justiça em um dos
casos mais emblemáticos de violação aos direitos humanos no
sistema penitenciário”. “Foi de longe o mais grave. Estamos
falando de famílias que aguardaram mais de 20 anos pelo julgamento,
o que por si só já demonstra uma tremenda anulação de direitos.
Agora, o risco de impunidade pode colocar o País numa posição
vexaminosa”, disse.
2 de outubro de 1992 - O massacre do Carandiru |
Para o coordenador do
Programa Justiça, da ONG Conectas, Rafael Custódio, o tempo conta
contra o esclarecimento do caso, contribuindo para que não haja
responsabilização. “Já podemos dizer que não houve Justiça
nesse caso, ainda que haja um novo julgamento. Isso em razão do
tempo que se arrasta. A notícia de anulação agora então só piora
e é vergonhosa, diminuindo a mais alta Corte de São Paulo”,
disse.
A Human Rights Watch vê
falha do Estado “em todas as frentes”. “A decisão de anular o
julgamento dos policiais reforça a tese de que a impunidade nos
casos de abusos cometidos por agentes do Estado é a regra no Brasil
e reflete a falha do Estado em todas as frentes, quando se trata de
investigar e punir graves violações de direitos humanos, como
torturas e execuções”, declarou Maria Laura Canineu, diretora no
Brasil da organização.
Integrante do Conselho de
Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo, o advogado Ariel
de Castro Alves pediu celeridade nos novos trâmites e reforçou as
críticas. “É uma afronta ao Brasil que um caso de tão grande
repercussão, que marcou a década de 1990, não tenha tido até hoje
um desfecho”.”
Fonte:
MSN – notícias / Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é sempre bem-vinda!