Ministro do STF, Ricardo Lewandowski. |
"O ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, lamentou o impeachment
da ex-presidente Dilma Rousseff e classificou o
episódio como "um
tropeço na democracia". O comentário foi feito durante uma
de suas aulas na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
(USP), onde o ministro leciona Teoria do Estado. Lewandowski foi
responsável pela condução do julgamento de Dilma no Senado. A
gravação foi registrada na última segunda-feira, 26, pela revista
Caros Amigos.
Antes de encerrar a aula,
Lewandowski criticou o presidencialismo de coalizão, que considerou
ser fruto da Constituição de 1988, com o aumento dos partidos, mas
também de um "erro" do Supremo, que acabou com a cláusula
de barreiras. "Deu no que deu. Nesse impeachment que todos
assistiram e devem ter a sua opinião sobre ele. Mas encerra
exatamente um ciclo, daqueles aos quais eu me referia, a cada 25,
30 anos no Brasil, nós temos um tropeço na nossa democracia. É
lamentável. Quem sabe vocês, jovens, consigam mudar o rumo da
história."
Ministro do STF, Ricardo Lewandowski |
Lewandowski também
criticou a iniciativa do governo Michel Temer de propor a reforma do
ensino médio por meio de uma medida provisória, na semana passada,
sem consultar a população. "Grandes temas como o estatuto
do desarmamento tiveram um plebiscito para consultar a população.
Agora a reforma do ensino médio é proposta por medida provisória?
São alguns iluminados que se fecharam dentro de um gabinete e
resolveram tirar educação física, artes? Poxa, nem um projeto de
lei não foi, não se consultou a população", declarou
Lewandowski.
Ele afirmou ainda que "o
Estado democrático de Direito é aquele que amplia direitos e
complementa a democracia representativa mediante a participação
popular". Para Lewandowski, "todas as leis
importantes" só deveriam entrar em vigor após um plebiscito ou
um referendo regulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O
prazo, segundo Lewandowski, poderia ser estipulado em alguns meses
pelo próprio TSE. "A iniciativa legislativa tinha que ser
facilitada também, pois o número de assinaturas mínimo é
praticamente impossível", comentou aos alunos."
Fonte: Estadão
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