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quarta-feira, 14 de junho de 2017

Joaquim Barbosa vê chance de candidatura em 2018

 O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa com a presidente da Corte, Cármen Lúcia, durante solenidade de aposição de sua foto na galeria de ex-presidentes do tribunal Foto: Nelson Jr./STF

Breno Pires e Isadora Peron 

Ex-ministro do Supremo afirma ter conversado com Marina Silva e a direção do PSB, sem assumir compromisso”


BRASÍLIA – O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa admitiu nesta quarta-feira, 7, a possibilidade de se candidatar à Presidência da República. Após solenidade no Supremo, na tarde de quarta-feira, 7, quando foi descortinado o retrato dele na galeria de ex-presidentes da Corte, Barbosa disse que está refletindo sobre o assunto e que não ignora as pesquisas eleitorais, tendo já conversado, inclusive, com a ex-ministra Marina Silva (Rede) e o PSB, mas disse não saber “se decidiria dar este passo”.


Joaquim Barbosa
Eu sou um cidadão brasileiro, um cidadão pleno, há três anos livre das amarras de cargos públicos, mas sou um observador atento da vida brasileira. Portanto, a decisão de se candidatar, de me candidatar ou não, está na minha esfera de deliberação. Só que eu sou muito hesitante em relação a isso. Não sei se decidirei positivamente neste sentido”, disse o ex-ministro do Supremo.

Barbosa admitiu conversas sobre uma possível candidatura, mas negou ter assumido compromisso com qualquer partido.

Já conversei com líderes de partidos políticos, dois ou três. Até mesmo quando estava no Supremo fui sondado, sondagens superficiais. Ano passado, tive conversas com Marina Silva. Mais recentemente, tive conversas, troca de impressões, com a direção do PSB”, disse.

Mas nada de concreto em termos de oferta de legenda para candidatura, mesmo porque eu não sei se eu decidiria dar essse passo, eu hesito”, disse Barbosa, deixando no ar a dúvida quanto a se candidatar.

Tempestade. O comentário de Barbosa veio em meio a uma série de críticas sobre o meio político, com foco no Executivo e no Legislativo. “Passamos por um momento tempestuoso da vida política nacional, um momento tempestuoso da vida política nacional, em que visivelmente os dois Poderes que representam a soberania popular, nossos representantes eleitos, não cumprem bem a sua missão constitucional”, afirmou Barbosa.

Cabe a esta Corte (STF), como órgão de calibragem e moderação, ter uma vigilância redobrada sobretudo no que se passa no País. Isso é natural, sempre foi assim, mas não custa reafirmar”, afirmou o ministro, explicando uma frase que deu em seu pronunciamento na solenidade. Ele havia encerrado discurso dizendo que “esta Corte não falhará”.

O tema da “presidenciabilidade” foi introduzido durante a agenda pelo ministro Luís Roberto Barroso, a quem coube fazer o discurso em homenagem ao ex-colega de Corte. Barroso destacou as especulações e pesquisas que apontam Barbosa como possível presidenciável.

Barroso disse que, independentemente disso, Barbosa ajudou a quebrar um paradigma “de que pessoas de bem-estar na vida jamais seriam presas”, por meio da condução da Ação Penal 470, o mensalão.

Eleição direta. Barbosa afirmou que “a falta de liderança política e de pessoas com desapego, pessoas realmente vinculadas ao interesse público, faz que o País vá se desintegrando”. Nesse contexto, Barbosa defendeu eleição direta em caso de vacância da Presidência da República. “Veja bem, a Constituição brasileira prevê eleição indireta. Mas eu não vejo tabu de modificar Constituição em situação emergencial como esta para se dar a palavra ao povo. Em democracia, isso é que é feito.”
Joaquim Barbosa

Eu acho que o momento é muito grave. Caso ocorra a vacância da Presidência da República, a decisão correta é essa: convocar o povo”, disse o ex-ministro do Supremo.

Barbosa afirmou que deveria ter havido eleição direta após o impeachment de Dilma Rousseff. “Deveria ter sido tomada essa decisão há mais de um ano, mas os interesses partidários e o jogo econômico é muito forte e não permite que essa decisão seja tomada. Ou seja, quem tomou o poder não quer largar. Os interesses maiores do País são deixados em segundo plano”, disse.”

Fonte: Estadão

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