Com
informações da Clínia Mayo
"Quando
um paciente recebe um diagnóstico indicando que sua doença não tem
cura, ele e sua família entram em um processo de mudanças radicais
em suas vidas.
Isso
inclui o controle da dor e outros sintomas, bem como a resolução de
problemas psicológicos, sociais e espirituais, um trabalho que deve
ser feito por uma equipe multidisciplinar de profissionais.
Nesta
entrevista, o Dr. Robert Shannon, da Clínica Mayo (EUA) responde
perguntas sobre esse modelo de tratamento e as diferenças com os
métodos tradicionais de cura.
O
que é tratamento paliativo?
A
Organização Mundial de Saúde o define como "o tratamento
completo e ativo de pacientes, cujas doenças não mais respondem a
tratamentos curativos; portanto, o objetivo principal é conseguir
controlar a dor e outros sintomas, bem como problemas psicológicos,
sociais e espirituais".
Como
esse tratamento pode ser descrito?
Ele
não se relaciona a temas como "a boa morte" ou "como
morrer"; em vez disso, se relaciona com "viver bem",
mesmo no caso de uma doença incurável.
Como
o tratamento paliativo é aplicado na prática?
A
Organização Nacional de Assistência a Pacientes Terminais e
Tratamento Paliativo (National
Hospice and Palliative Care Organization)
dos Estados Unidos define o tratamento
paliativo de
forma simples e eloquente: "Avaliar, antever e aliviar o
sofrimento".
Essa
é uma abordagem, muito ampla, que reafirma a vida e considera a vida
e a morte como processos naturais. Esse tratamento nunca acelera a
morte do paciente, nem a retarda; o foco é tratar os sintomas do
paciente, que são tão importantes como a própria doença.
Há
um ditado [atribuído a Hipócrates] que resume essa ideia: "Cure
algumas vezes, alivie frequentemente, conforte sempre".
O
tratamento paliativo aborda outras questões além das que são
especificamente médicas ou clínicas?
O
tratamento paliativo alivia sintomas que causam sofrimento ao
paciente, integra os aspectos
psicológicos e espirituais do tratamento e
oferece um sistema de apoio para ajudá-lo a viver tão ativamente
quanto possível até sua morte. Ele também dá apoio à família,
para que aprenda a lidar com a doença e, finalmente, com a perda de
um ente querido.
O
tratamento médico tradicional também é necessário?
Sim,
a quimioterapia, a radioterapia e mesmo a cirurgia exercem papéis
relevantes, quando os benefícios sintomáticos são maiores que as
complicações que podem trazer.
Então,
quais são as principais diferenças entre os métodos tradicionais e
o método paliativo?
São
várias. Em primeiro lugar, o propósito do modelo tradicional é
curar o paciente, enquanto o do método paliativo é aliviar o
sofrimento. O método tradicional tenta analisar a doença. O
paliativo, em vez disso, se foca em todos os aspectos do sofrimento. É
uma abordagem existencial.
Outro
aspecto é o de que, enquanto o modelo tradicional reflete um
conflito entre o corpo e a mente, no método paliativo, os sintomas
que causam a dor são considerados como entidades e a unidade do
tratamento inclui a família.
Enquanto
para o método tradicional de cura a morte representa uma falha no
tratamento, para o método paliativo a morte é uma parte inevitável
da vida.
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Por
essa razão, o método tradicional propõe o tratamento a qualquer
custo, seja para conseguir a erradicação da doença ou apenas uma
melhora, mesmo que lenta.
Sob
a perspectiva do método paliativo, por outro lado, o tratamento será
bem-sucedido se a pessoa passar a viver bem apesar da doença, mesmo
que venha a morrer a qualquer momento.
Além
disso, o tratamento precisa ser consistente com os valores, crenças
e interesses do paciente e de sua família.
Quais
são suas recomendações?
Para
os pacientes e suas famílias: Digam ao médico ou à equipe de
tratamento quais são suas esperanças e o que é mais importante
nessa situação. O paciente deve pensar no que lhe dá alegria,
prazer e maior significado a sua vida. Todo o tratamento paliativo é
dedicado a atender os objetivos de vida do paciente, mesmo que ele
esteja enfrentando uma doença incurável. Aliás, esse não deveria
ser o objetivo de todo o mundo, a qualquer tempo?”
Fonte:
Diário da Saúde
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