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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Vírus da febre amarela fica no corpo quase um mês após a infecção


Redação do Diário da Saúde


Contágio duradouro
O período em que uma pessoa com febre amarela pode transmitir a doença é bem maior do que os cientistas e médicos pensavam.

Pesquisadores detectaram a presença do vírus da febre amarela em amostras de urina e de sêmen de um paciente que sobreviveu à doença quase um mês após ele ter sido infectado.

"Essa detecção é bastante preocupante porque sugere, primeiramente, que o período de transmissibilidade [contágio] do vírus da febre amarela pode ser mais extenso do que o esperado em uma infecção aguda [com duração de, no máximo, 10 dias]," disse o professor Paolo Zanotto, da USP. A pesquisa inclui pesquisadores dos institutos Butantan e Emília Ribas e da PUC-SP.

Segundo o saber científico atual, o período de transmissibilidade da febre amarela iniciaria entre 24 e 48 horas antes do aparecimento dos primeiros sintomas e iria de três a sete dias após o início da manifestação da doença. Na maioria dos casos, os sintomas desaparecem após três ou quatro dias.

Um baixo percentual de pessoas infectadas entra em uma segunda fase mais tóxica no espaço de 24 horas após a recuperação dos sintomas iniciais, e metade delas morre em um período de sete a 10 dias.

Ou seja, a presença do vírus no corpo do paciente quase um mês após a manifestação da doença era totalmente inesperada com base nessas pesquisas anteriores.

Vírus persistente
Os pesquisadores acompanharam um paciente de 65 anos natural de São Paulo e que não entrou na fase tóxica da doença. Foi detectada a presença de RNA (material genético) do vírus em quantidade significativa em amostras de urina e sêmen entre 15 e 25 dias após o surgimento dos sintomas iniciais da febre amarela.

Os pesquisadores ainda não sabem quais podem ser as implicações da presença do vírus da febre amarela em amostras de urina e sêmen, além de com que frequência e por quanto tempo ele persiste nesses materiais biológicos, uma vez que analisaram um único paciente.
No caso do zika, estudos conduzidos pela mesma equipe mostraram que o vírus permanece no sêmen dos pacientes durante meses e, depois, começa a decair lentamente. Além disso, também se confirmou que o vírus pode ser transmitido sexualmente, e esse tipo de estudo agora terá que ser realizado com a febre amarela.

Febre amarela sem sintomas
Mais de 50% dos infectados pelo vírus da febre amarela não apresentam sintomas da doença, como febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça e muscular, além de náuseas e vômitos.

"As pessoas que têm sido hospitalizadas são as que apresentam os sintomas da doença. Esses casos graves representam apenas a ponta do iceberg do problema da infecção por febre amarela no país, uma vez que grande parte dos infectados é assintomática," disse Zanotto.

Eventualmente, essa descoberta permitirá a detecção do vírus em amostras de urina nesses pacientes assintomáticos, principalmente em locais onde foram registradas mortes por febre amarela, ampliando o conhecimento sobre o verdadeiro alcance da doença.”

Fonte: Diário da Saúde 

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