Presidente do Brasil Jair Bolsonaro |
Por FolhaPress
“DANIEL
CARVALHO E ANGELA BOLDRINI - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) -
Integrantes da oposição e aliados de Jair Bolsonaro (PSL) reagiram
nesta quarta-feira (6) às publicações obscenas feitas pelo
presidente em uma rede social.
Opositores
defenderam a necessidade de "intervenção psíquica" e
disseram que vão representar criminalmente por "crime de
divulgação, sem o consentimento da vítima, de cena de sexo, nudez
ou pornografia".
Aliado
de Bolsonaro, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) afirmou que a
publicação é "incompatível com a postura de um presidente,
ainda mais de direita", e a classificou como "bola fora".
"Há
muitas boas razões para criticar o Carnaval, não faltam problemas
que poderiam ser evidenciados e evitados. Isso não justifica mostrar
uma obscenidade para milhões de famílias por meio de uma rede
social sob o pretexto de criticar a festa. Isso não é postura de
conservador", escreveu o parlamentar.
Um
dia depois de ter compartilhado em sua conta oficial do Twitter um
vídeo em que um homem aparece dançando após introduzir o dedo no
próprio ânus e um outro rapaz surge urinando na cabeça do que
dançava, Bolsonaro publicou na manhã desta Quarta-Feira de Cinzas
uma pergunta: "O que é golden shower?"
"Acho
que tem mais praticante do que pessoas que conhecem a terminologia",
afirmou aos risos o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP),
sobre o fetiche de urinar na frente de um parceiro ou sobre ele.
O
senador disse acreditar que a intenção de Bolsonaro era chamar a
atenção "para essas coisas sem limites".
"O
objetivo dele foi dizer que parcela da população perdeu seus
limites morais, de cidadania. Vai muito no estilo Jair Bolsonaro de
comunicação. Ele simplesmente vem mantendo o estilo de comunicação
direta", afirmou Olímpio, para quem não houve quebra de decoro
e as publicações não são uma cortina de fumaça para as críticas
de que Bolsonaro foi alvo durante o Carnaval em várias cidades.
Filipe
Garcia Martins, assessor especial internacional do Palácio do
Planalto, evocou o ex-presidente americano Theodore Roosevelt para
argumentar que Bolsonaro recorreu ao "bully pulpit"
(púlpito intimidador, em tradução livre) para postar o vídeo nas
redes. O termo se refere a um palanque de destaque para se manifestar
e ser ouvido, no caso a rede social em que o presidente tem 3,47
milhões de seguidores.
"Theodore
Roosevelt dizia que a Presidência da República é um 'bully
pulpit', uma posição pública que permite falar com clareza e com
força sobre qualquer problema. Foi o que o Presidente @jairbolsonaro
fez ao expor o estado de degeneração que tomou nossas ruas nos
últimos dias", escreveu Martins.
"Se
uma mulher se ajoelhasse para um homem heterossexual e este fizesse
xixi na cabeça dela, as feminazis diriam que se trata de subjugar a
mulher. Sendo um gay, pode?? Pois é, o problema não está no
delito, mas Presidente ter compartilhado... Sei....", escreveu a
deputada Carla Zambelli (PSL-SP) em sua conta no Twitter.
Políticos
petistas disseram que vão acionar Bolsonaro judicialmente.
"Vamos
representar Jair Bolsonaro pelo vídeo que postou. A lei 13.718,
recentemente aprovada, tipifica o crime de divulgação, sem o
consentimento da vítima, de cena de sexo, nudez ou pornografia",
escreveu no Twitter o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Nas
regras do Twitter, que incluem a política de privacidade e os termos
de serviço que os usuários têm que respeitar para usar a
plataforma, há uma série de diretrizes sobre conteúdo adulto.
O que o presidente do Brasil colocou no seu twiter
O que o presidente do Brasil colocou no seu twiter
"Consideramos
conteúdo adulto qualquer mídia que seja pornográfica ou destinada
a causar excitação sexual. Alguns exemplos incluem, mas não estão
limitados a representações de: nudez total ou parcial, incluindo
closes dos órgãos genitais, nádegas ou seios; simulação de ato
sexual; ou relação sexual ou qualquer outro ato sexual envolvendo
seres humanos, representações de animais com características
humanas, desenhos, hentai ou animes", dizem as regras do
Twitter.
Mídias
com conteúdo adulto devem ser marcadas como mídia sensível, o que
não foi feito inicialmente no vídeo de Bolsonaro. Dessa forma, a
depender do rigor da análise do Twitter, o presidente pode sofrer
alguma punição, que pode variar desde a retirada do conteúdo do ar
até a suspensão da conta, caso seja entendido que ele cometeu grave
infração.
Cerca
de duas horas após a publicação do vídeo foi colocada a marcação
de mídia sensível, que funciona como um filtro prévio que requer
que o usuário confirme que deseja ver o conteúdo.
A
lei 1.079 da Constituição Federal, que dispõe sobre os crimes de
responsabilidade, inclui entre os crimes contra a probidade na
administração "proceder de modo incompatível com a dignidade,
a honra e o decoro do cargo".
Líder
da minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que, apesar
da indecência das publicações, não acredita que isto seja
suficiente para um processo de impeachment.
"Claramente
ele infringiu a lei 1.079. Mas, por mais indecente, de todos os
pontos de vista da indecência, que seja o presidente da República,
esta publicação ainda não é o bastante para afastar alguém que
teve 56 milhões de votos. Mas ele passou de todos os limites do
razoável", afirmou o senador, que também disse não ser
possível solicitar exame de sanidade mental de Bolsonaro.
"Se
fosse nos Estados Unidos, caberia ao Congresso pedir um exame de
sanidade do presidente. Como não há este instituto no direito
brasileiro, não cabe. Toda pessoa sabe que existem limites. A
representação exige a postura para o exercício da função. Esse
caso é de desrespeito à instituição Presidência da República. E
também desrespeito ao país, à cultura nacional. O presidente da
República, visivelmente, precisa de intervenção psíquica",
disse Randolfe.
Apesar
disso, uma hashtag pedindo o impeachment de Bolsonaro era a mais
comentada do Twitter na manhã desta quarta-feira.
O
deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), criticou o presidente na mesma
linha.
"Estamos
diante de um quadro psiquiátrico grave e, politicamente,
desastroso", afirmou.”
Fonte:
Política ao minuto
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