Angela Merkel em discurso no Parlamento: defesa de um desfecho rápido para acordo de livre-comércio |
Só lembrando, que no mês de junho deste ano foi constatado, cerca de 90% de desmatamento na Amazônia, comparado a junho do ano passado.
E que a Alemanha e Noruega investem cerca de 3500 bilhões de reais na preservação da Amazônia ("recursos do Fundo Amazônia, o programa de financiamento à proteção da maior floresta tropical do mundo".) E que estão dispostos a não investir mais se o atual governo brasileiro não se prontificar a cumprir o "Acordo de Paris", no qual 195 países, dentre eles o Brasil é um dos signatários, se comprometeram a acabar com gases que causam o efeito estufa no planeta. "Os Planos do ministro do Meio Ambiente de alterar normas ameaçam afastar doadores".
E o Presidente Jair Bolsonaro ainda os convida para um "voo panorâmico" de Manaus à Boa Vista (onde estão os maiores desmatamentos da Amazônia) para que de acordo com ele, verem como o Brasil preserva o meio ambiente, em especial a Amazônia.
Especialistas dizem que o desmamento na Amazônia pode piorar
Fonte: G1.com
Especialistas dizem que o desmamento na Amazônia pode piorar
Fonte: G1.com
Por DW
"Chanceler
federal alemã diz ver com preocupação questão dos direitos
humanos e proteção ao meio ambiente no Brasil, mas defende que
abrir mão de um acordo entre União Europeia e Mercosul não é a
resposta."
“A
chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, disse na última quarta-feira (26/06) ver com "grande preocupação" a
situação no Brasil, a qual descreveu como "dramática"
sob o governo do presidente Jair Bolsonaro nas questões ambientais e
de direitos humanos.
A
declaração da chefe de governo alemã foi dada em sessão no
Parlamento em Berlim, em resposta ao questionamento da deputada do
Partido Verde Anja Hajduk.
A
parlamentar colocou em questão se o governo alemão deveria seguir
investindo nas negociações de livre-comércio entre União Europeia
e Mercosul, no momento em
que ambientalistas, cientistas e defensores
dos direitos humanos denunciam
uma deterioração nessas frentes no Brasil.
Para
a deputada, a União Europeia deveria usar seu peso econômico como
instrumento de pressão para que direitos humanos e a defesa do meio
ambiente sejam observados em outras partes do mundo, como a América
do Sul.
Em
resposta, Merkel reiterou seu apoio a um desfecho rápido para as
negociações de livre-comércio e disse que, em sua visão, a
resposta para a situação no Brasil hoje não está em abrir mão de
um acordo com o Mercosul.
"Eu,
assim como você, vejo com grande preocupação a questão da
atuação do novo presidente brasileiro. E a oportunidade será
utilizada, durante a cúpula do G20, para falar diretamente sobre o
tema, porque eu vejo como dramático o que está acontecendo no
Brasil”, afirmou Merkel.
"Eu
não acho que não levar adiante um acordo com o Mercosul vá fazer
com que um hectare a menos de floresta seja derrubado no Brasil. Pelo
contrário", completou a chanceler federal alemã. "Eu vou
fazer o que for possível, dentro das minhas forças, para que o que
acontece no Brasil não aconteça mais, sem superestimar as
possibilidades que tenho. Mas não buscar o acordo de livre-comércio,
certamente, não é a resposta para essa questão."
Não
é a primeira vez que
Merkel aborda a questão das negociações com o Mercosul. Em
dezembro, ela havia admitido que o governo Jair Bolsonaro, quando
tomasse posse, poderia dificultar as conversas. "O
tempo para um acordo entre a UE e Mercosul está se esgotando. O
acordo deve acontecer muito rapidamente, pois, do contrário, não
será tão fácil alcançá-lo com o novo governo do Brasil",
afirmou então.
A
política de Bolsonaro para o meio ambiente é alvo constante de
críticas na Europa. Em abril, mais
de 600 cientistas europeus e cerca de 300 indígenas pediram
que a União Europeia vincule as importações oriundas do Brasil à
proteção do meio ambiente e dos direitos humanos. O pedido foi
feito numa carta publicada na revista científica Science.
No
início de junho, Alemanha
e Noruega manifestaram
contrariedade à proposta do governo Bolsonaro de alterar a estrutura
de governança e o destino dos recursos do Fundo Amazônia, programa
de financiamento à proteção da maior floresta tropical do mundo.
Os europeus também rejeitaram as insinuações do governo brasileiro
de que há indícios de irregularidades em contratos do fundo.
Em
entrevista recente à DW, o
eurodeputado alemão Martin Häusling, do Partido Verde,
disse que presidente brasileiro não compartilha os mesmos valores
democráticos da União Europeia e que por isso não haveria base
para negociar um acordo com o Mercosul.
Negociações
Um
desfecho das negociações entre UE e Mercosul, que se arrastam há
mais de duas décadas, é dado como próximo por ambas as
partes.
No
último dia 13 de junho, a comissária da UE para o Comércio,
Cecilia Malmström, afirmou
que a conclusão das negociações é
sua "prioridade número um" e que pretende fechar o pacto
antes do término do atual mandato da Comissão Europeia, em 31
de dezembro.
Segundo
a comissária, a UE estaria "pronta para fazer concessões" e
"espera o mesmo" dos países do Mercosul, bloco
formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Dias
antes, durante visita ao presidente argentino, Mauricio Macri, em
Buenos Aires, Bolsonaro havia
afirmado estar
"prestes a chegar a um acordo" com a UE.
Em
2004, os dois blocos chegaram a trocar propostas, mas a iniciativa
fracassou diante da discordância sobre a natureza dos produtos e
serviços que seriam englobados no acordo. Os sul-americanos queriam
mais acesso ao controlado mercado agrícola europeu. Já a UE
desejava avançar no setor de serviços e comunicações dos países
do Mercosul.
Nos
últimos três anos, as negociações tiveram um progresso mais
significativo, mas ainda esbarram em várias divergências envolvendo
a indústria automobilística e a circulação de produtos como
carne bovina. Várias associações de produtores europeus temem a
concorrência dos brasileiros, já que estes não ficaram satisfeitos
com o sistema de cotas oferecido pelos europeus.
Pressão
verde
A
pressão do Partido Verde sobre Merkel acontece num momento em que o
tema meio ambiente ganhou novo impulso na Europa, na esteira
dos protestos
semanais de adolescentes por
políticas climáticas mais incisivas.
O
Partido Verde é atualmente a maior força política da Alemanha,
segundo uma pesquisa divulgada recentemente. Se as eleições fossem
hoje, a legenda ambientalista teria 27% dos votos dos alemães, à
frente do bloco conservador liderado por Merkel.
A
pesquisa do instituto Forsa confirmou uma tendência já mostrada
nas eleições ao Parlamento Europeu, no mês passado, quando o
Partido Verde obteve o maior resultado de sua história numa votação
nacional, 20,5%.
Os
grandes partidos no poder na Alemanha, a conservadora CDU, de Merkel,
e o social-democrata SPD, vivem um momento de declínio. Há temores
de que a coalizão atualmente no governo desmorone, o que
precipitaria novas eleições na Alemanha. E, nesse cenário, a
julgar pelas pesquisas mais recentes, é uma possibilidade real que
o próximo chanceler federal da Alemanha possa ser do Partido Verde,
em parceria com outra legenda.”
RPR/ots
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Fonte: DW - Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz
jornalismo independente em 30 idiomas
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