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Novo ministro da Educação, Decotelli entrega carta de demissão; Planalto prepara anúncio da saída

Governo adia posse de no ministro da Educação; ala militar que o ...
Novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli se enrola após mentir sobre o seu currículo, assim como fez a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Regina Alves

Por Valdo Cruz
O ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, entregou na tarde desta terça-feira (30) a carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro.
Até a última atualização desta reportagem, não havia a confirmação de que Bolsonaro aceitou o pedido. A expectativa do governo é encontrar um novo nome para o posto ainda nesta terça.
Após a polêmica sobre títulos que diz possuir, desmentidos pelas instituições de ensino, a própria equipe do presidente aconselhou Decotelli a deixar o cargo.
Embora tenha publicado uma mensagem em rede social elogiando a capacidade do ministro, desde a noite desta segunda, o presidente já dava como insustentável a situação dele.
Bolsonaro fez a publicação depois de ter se reunido com Decotelli e ouvido explicações.
São três os pontos questionados no currículo de Decotelli:
  • denúncia de plágio na dissertação de mestrado da Fundação Getúlio Vargas (FGV);
  • declaração de um título de doutorado na Argentina, que não teria obtido;
  • e pós-doutorado na Alemanha, não realizado.
Na última quinta-feira, Bolsonaro anunciou e o "Diário Oficial da União" publicou a nomeação do ministro. Mas no fim de semana, após se tornarem públicas inconsistências em seu currículo, nem chegou a tomar posse.


Fonte: G1

Maia diz que custo de não prorrogar auxílio é maior que o de prorrogar

Governo afasta investidores e atrasa reformas, diz Rodrigo Maia
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia 

R$ 600 mensais estão no fim
Bolsonaro quer valor menor

Por CAIO SPECHOTO
“O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na tarde desta 3ª feira (23.jun.2o20) que o custo de não renovar o auxílio emergencial de R$ 600 é maior do que o de renovar.
O deputado defende que sejam pagas ao menos mais duas parcelas da ajuda. O presidente da República, Jair Bolsonaro, diz que as contas do país não aguentam mais 2 meses de auxílio a R$ 600. O custo mensal desse programa é de cerca de R$ 50 bilhões. Bolsonaro quer 1 valor mais baixo.
A gente sabe que tem 1 custo, mas custo maior é não renovar. A gente sempre faz a pergunta de quanto custa renovar. A gente tem que fazer outra pergunta. ‘Quanto custa não renovar para milhões de brasileiros que da noite para o dia ficaram sem renda e continuarão sem renda nos próximos meses?'”, declarou Maia em entrevista a jornalistas.
O auxílio emergencial é uma forma de prover alguma renda a trabalhadores vulneráveis afetados pela pandemia. As medidas de isolamento social, apontadas por especialistas como melhor forma de conter o coronavírus, fazem a economia desacelerar.
Quando o programa foi formulado, o governo queria que as parcelas fossem de R$ 200. O valor foi elevado a R$ 600 pelos deputados. Junho é o último dos 3 meses com a ajuda a trabalhadores.
Caso o governo queira prorrogar o auxílio com valor diferente de R$ 600, precisará enviar projeto ao Congresso. Lá, a matéria estará sujeita a alterações. Se quiser prorrogar com o mesmo valor, pode. A lei que instituiu o auxílio dá essa prerrogativa ao governo.
O auxílio emergencial também fez ganhar corpo em Brasília a discussão de uma renda básica permanente. Rodrigo Maia defende que o assunto seja debatido.
Acho que nós deveríamos, em conjunto com o Poder Executivo, já organizar o debate do que seria uma renda mínima permanente, olhando todos os programas que existem”, afirmou o deputado.”

Fonte: Poder 360     

"Paulo e Pedro, dois apóstolos profetas"

Santos Apóstolos Pedro e Paulo, colunas da Igreja. Divulgação / vaticannews.va















Por Frei Gilvander Luís Moreira - Articulista, escreve às terças-feiras
29 de junho é dia da festa dos apóstolos Paulo e Pedro, dois grandes pilares e bússolas do cristianismo e também tempo propício para refletir sobre o legado espiritual-profético que eles nos deixaram. Os dois se identificaram totalmente com o projeto do evangelho de Jesus Cristo, seguindo o mestre radicalmente, orientados pela Boa Notícia que o Galileu anunciava aos pobres. Pedro e Paulo terminaram a missão martirizados, segundo a tradição da Igreja. No movimento de Jesus após a ressurreição, estavam acontecendo tensões que poderiam levar a separações. Uns diziam: “Eu sou de Paulo”; ou “eu sou de Apolo”;  ou “eu sou de Pedro”; ou ainda “Eu sou de Cristo” (I Coríntios 1,12). Na Bíblia, no livro de Atos dos Apóstolos, é possível descobrirmos uma paulinização de Pedro e uma petrinização de Paulo. Ou seja, para o evangelista Lucas, autor também do livro Atos dos Apóstolos, não é bom que aconteça divisão e nem cisma entre as várias tendências de evangelização. A unidade verdadeira pressupõe a diversidade e não a anula. Para Lucas, Pedro e Paulo são apóstolos dos judeus e dos gentios.
Segundo Atos dos Apóstolos, foi Pedro quem fez o primeiro discurso após o primeiro Pentecostes (At 2,1-13), um discurso profético e corajoso (Cf. At 2,14-36), no qual Pedro denuncia de forma altaneira: “Vocês, autoridades, mataram Jesus, mas Deus o ressuscitou!” (At 2,23-24). Pedro teve a grandeza de sair de Jerusalém – a Igreja mãe – e ir conviver com comunidades consideradas impuras, heréticas, no meio dos excluídos (Cf. At 9,32-43). A convivência com os pobres se tornou a base do processo de conversão de Pedro, que o habilitou a experimentar o Espírito do Deus da vida atuando no meio dos gentios, tal como acontecia entre os cristãos (Cf. At 10,1-11,18). Memorável também foi a participação do apóstolo Pedro no Concílio de Jerusalém, por volta dos anos 49/50 do primeiro século da era cristã, em que, ao lado de Barnabé e Paulo, lutou pela abolição da lei da circuncisão, que tinha se transformado em um insuportável fardo para os cristãos oriundos do meio dos estrangeiros.
Em At 20,17-38 está um discurso do Apóstolo Paulo aos presbíteros, ou seja, aos “anciãos” que eram os coordenadores das primeiras comunidades cristãs. "Presbíteros" eram apóstolos? Profetas? Mestres? Ou ...? Essas são questões que nos levam a discutir a diversidade de dons nas primeiras comunidades cristãs. Em At 20,28 os presbíteros da comunidade cristã de Éfeso são chamados de “epíscopos”, cuja função pastoral é a de vigiar e conduzir a comunidade. Epíscopo é um título grego que significa “supervisor”; aquele que tem a responsabilidade de acompanhar o desenvolvimento da comunidade para cuidar do seu vínculo com o espírito original e da sua sintonia com os critérios de continuidade. Ainda não há aqui a noção de sucessão apostólica, pois o apóstolo Paulo não os apresenta como os seus sucessores, mas como pessoas encarregadas pelo Espírito Santo de manter as comunidades no bom caminho.
No tempo de Paulo não existia a diferença entre clero e leigos. Havia, sim, uma variedade, não orgânica de carismas, como apóstolos, profetas e mestres (At 13,1), evangelistas (Filipe: At 21,8), profetisas (as filhas de Filipe: At 21,9) etc. Os presbíteros são simplesmente os animadores de comunidades; nunca são chamados de "sacerdotes" no Segundo Testamento. Nas cartas paulinas constatamos que no seio das comunidades há uma diversidade de dons que deve ser articulada pelo cimento que é a solidariedade. Isso é ótimo, pois o Espírito não se deixa encurralar e não aceita ser engaiolado; sopra aonde quer, para onde quer, é livre, liberta e tem sede de liberdade. Paulo reitera diversas vezes: "Não percam a liberdade cristã!" (2 Cor 3,17). "Não entristeçam o Espírito Santo!" (Efésios 4,30). O apóstolo Paulo percebeu que existia nas comunidades uma dificuldade de conviver de modo sadio com a diversidade de dons. Paulo pontua bem esta multiplicidade de dons recordando que existe uma ordem de importância. A comunidade cristã não pode cair no subjetivismo e nem no relativismo de "tudo é igual a tudo", ou no "devemos respeitar tudo".
No capítulo doze da I Carta aos Coríntios, Paulo trata da diversidade de dons. Ele pontua que em primeiro lugar estão os apóstolos, e o termo deve ser entendido no seu sentido original e etimológico: apóstolo/a é aquele/a que é enviado/a por Deus, é um/a missionário/a, um porta voz de uma mensagem do Deus solidário e libertador. Na época descrita por Atos dos Apóstolos, época das primeiras igrejas, antes do processo de institucionalização (hierarquização), o termo "apóstolo" não significa um título que dá status, só adquirindo esta conotação mais tarde, depois do processo de hierarquização das igrejas, o que amordaçou a vitalidade do dinamismo profético inicial.
Em segundo lugar estão os profetas. A palavra "profeta" vem do verbo pro-ferir, que significa falar por antecipação. Etimologicamente a palavra "profeta" significa "aquele que profere uma mensagem em nome de Deus". O profeta escuta o Oráculo de Deus. A palavra "oráculo", em hebraico, significa "sussurro, cochicho, de Deus no ouvido do profeta ou da profetisa". Para entender um cochicho, um sussurro, é preciso fazer silêncio, prestar muita atenção, estar em sintonia, ter proximidade, ser amigo etc. Portanto, Deus não falava claramente aos profetas, como nós, muitas vezes pensamos que falava. Do mesmo modo que falava aos profetas e profetisas Deus fala hoje a nós. Deus cochicha (sussurra) em nossos ouvidos a partir da realidade dos empobrecidos e superexplorados. Precisamos colocar nossos ouvidos e nosso coração pertinho do coração dos pisados para que possamos escutar Deus. Mais do que fazer cursos de oratória, precisamos de cursos de escutatória. Para ouvir os clamores mais profundos dos violentados é necessário conviver com eles.
Em terceiro lugar vêm os mestres, aqueles que devem ensinar a verdadeira mensagem de Jesus. Ensinar pelo testemunho e, de preferência, por meio da pedagogia da maiêutica: conversando, dialogando e assim ajudando os outros a parir ideias e práxis libertadoras. Lá no final da escala vem o dom das línguas (cf. I Cor 12,28).
Em I Cor 13,1-13, Paulo faz um elogio do amor para nos mostrar que relações de amor é que devem ser a coluna mestra da vida das comunidades e Igrejas. Paulo nos alerta: "Desejem os dons do Espírito, principalmente a profecia, pois quem profetiza fala às pessoas, é entendido, edifica, exorta e consola a comunidade. Aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em línguas. Quem fala em línguas edifica somente a si mesmo, fala só a Deus” (cf. I Cor 14,1-6). Em I Cor 14,19 o apóstolo Paulo afirma: “Numa assembléia, prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência para instruir também os outros, a dizer dez mil palavras em línguas”.
Paulo e seus companheiros fundam e desenvolvem comunidades proféticas a partir da ação do Espírito. Quase todas as vezes que na Bíblia fala que "desceu o Espírito de Deus sobre..." diz também que os atingidos pelo Espírito de Deus começam a profetizar (cf. Nm 11,29; At 19,4-6). A profecia é uma consequência direta da ação do Espírito. Logo, um bom critério para saber se estamos vivendo uma verdadeira experiência no Espírito de Deus é nos perguntar: “Estamos nos tornando mais profetas ou profetizas?” Se a maioria das pessoas que diz falar em línguas fossem também profetas e profetizas, teríamos um maior número de mártires e talvez o Brasil já estaria transfigurado por causa de tanta profecia. Mas como há um exagero de “falar em línguas” e de propostas religiosas intimistas, dualistas, moralistas e fundamentalistas, a profecia cristã está em baixa e, por isso, os fascistas e os exploradores nos mundos da política, da economia e da religião estão reproduzindo uma necropolítica que mata de mil formas.
Enfim, Pedro e Paulo foram apóstolos profetas, não apenas divulgaram o ensinamento de Jesus Cristo, mas testemunharam até o martírio boas notícias aos empobrecidos, que são péssimas notícias para os opressores.
Fonte: frei Gilvander Luís Moreira


Frei Gilvander Moreira 




Frei Givander Moreira é articulista deste jornal on-line. E escreve às Terças-feiras.

Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. 

Auxilio emergencial vai diminuir, se os deputados federais e senadores, representantes do povo nada fizerem

Calendário da 3ª parcela do auxílio emergencial divulgado! Veja as ...







"Nessa 2ª feira (29.jun.2020), o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse que a prorrogação do auxílio emergencial terá 1 custo extra de pelo menos R$ 100 bilhões.


“A renovação de auxílio emergencial pode levar déficit primário a 11,5% do Produto Interno Bruto (PIB), com um déficit nominal de 15% do PIB, no nível dos Estados Unidos”, disse o secretário."

Fonte: Poder 360


Por Ana Lúcia Dias

país tem no FMI, 370 bilhões de dólares, que convertidos em reais seriam cerca de 5 trilhões de reais.  O que daria para o governo Bolsonaro e seu "superministro", o Guedes pagarem a vacina, investir na ciência brasileira e liberar até mais dinheiro, nossos impostos, para que os brasileiros ficassem em casa, diante da pandemia. 

Os brasileiros não têm culpa da pandemia, aliás, tem culpa quem permite o desmatamento da Amazônia e não acredita no efeito estufa e nas transformações que estamos tendo no planeta terra há alguns anos, principalmente esse governo genocida que temos no Brasil. 

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Boletim Epidemiológico atualizado: 29 de junho, em Poços de Caldas, MG

Boletim explicativo da secretária de saúde de Poços de Caldas, MG

De acordo com o Informe Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, 43.864 são casos confirmados; 17.792 em acompanhamento; 25.154 recuperados e 918 óbitos por Covid-19 confirmados.

sábado, 27 de junho de 2020

Russia desenvolve medicamento para o tratamento da covid19

Médico da UTI no Centro Clínico Federal de Alta Tecnologia Médica, hospital especializado para pacientes de COVID-19, pertencente à Agência Federal Médica e Biológica da Rússia

"Novo medicamento desenvolvido na Rússia elimina o novo coronavírus em uma semana em animais, e recebeu aprovação para ser utilizado em pacientes em ambiente hospitalar.

O medicamento Areplivir, produzido pela empresa farmacêutica russa Promomed, foi aprovado pelo Ministério da Saúde da Rússia para o tratamento da COVID-19, de acordo com os dados do registro estatal de medicamentos.
"O nome comercial do medicamento é Areplivir. O nome internacional não patenteado do grupo de medicamentos ou denominação química é favipiravir", diz o registro.
O medicamento é lançado em forma de comprimidos e só pode ser usado em ambiente hospitalar. Após testes em animais, foi determinado que elimina o vírus em cinco, seis dias. O medicamento também se mostrou eficaz contra diferentes tipos de vírus RNA, incluindo o ebola e o vírus do Nilo Ocidental.
O medicamento foi desenvolvido pela empresa farmacêutica russa Biokhimik com base na molécula do favipiravir, que foi desenvolvida no Japão para o tratamento da gripe."
Fonte: sputinik Brasil

Boletim Epidemiológico atualizado: 27 de junho, em Poços de Caldas, MG



Boletim explicativo da Secretaria de Saúde de Poços de Caldas, MG

Fonte: prefeitura de Poços de Caldas, MG


Como se pode ver os casos confirmados estão aumentando, em isolamento domiciliar  61 pessoas. Mais um óbito, agora são seis. 

De acordo com o secretário de Saúde do Estado de Minas, Carlos Eduardo Amaral o Pico da covid19 em Minas está começando agora no mês de Julho até meados de agosto. 

SE PUDER, FIQUE EM CASA! 

Hotéis querem voltar a funcionar em Poços de Caldas, MG

Hotel Lisboa - Poços de Caldas - MG
Justamente no pico da pandemia. O secretário de saúde do Estado Minas, Carlos Eduardo Amaral afirmou que 
o pico da pandemia estava sendo esperado para meados de junho, agora será em julho até meados de agosto".



Hotéis querem voltar a funcionar em Poços de Caldas, MG


Fonte: EPTV 2ª Edição

Foto de Hotel Estalagem Do Café em Poços de Caldas/MG: Mesas ao ar ...

Saneamento básico - Enfim o marco regulatório, mas não é bem assim.

Rio Sena em Paris.
Rio Sena em Paris.NATHAN ALLIARD/PHOTONONSTOP/CORBIS





POr Maria Martins


Não é uma palavra fácil de pronunciar e ainda menos de implementar, mas a remunicipalização da água é considerada uma tendência mundial. Em 15 anos, 235 cidades e cerca de 106 milhões de habitantes retomaram a gestão do tratamento e fornecimento de água das mãos de empresas privadas.

Entre elas pequenos municípios de países pobres, mas também grandes capitais como Berlim, Paris ou Buenos Aires. França, berço da Suez e da Veolia, duas poderosas multinacionais que dominam o mercado da água no mundo, é hoje o reino das remunicipalizações, com 94 casos desde o ano 2000. Embora no Brasil essa tendência seja observada de longe, Itu, o município no interior de São Paulo que sofreu drásticos cortes de água e protestos violentos no ano passado, anunciou nesta quinta-feira a intervenção da concessionária, Águas de Itu. A intervenção do município de 155.000 habitantes ameaça a continuidade de um contrato que só acabaria em 2037 e abre as portas para que a remunicipalização do serviço possa acontecer no futuro. ]
 
O caso da capital do rio Sena é o mais emblemático para descrever o fenômeno, mas foi um processo complicado que foi proposto pela primeira vez em 2011 pelo então candidato a prefeito Bertrand Delanoë. Em 2010, Eau de Paris começou a atender os 2,2 milhões de habitantes da região metropolitana e assumiu os contratos de fornecimento de água, nas mãos da Veolia e da Suez desde 1985. Foi um desafio, pois era a primeira vez que o poder público recuperava um sistema dessa magnitude. Eau de Paris economizou, no primeiro ano, 35 milhões de euros, graças a internalização dos dividendos antes destinados aos acionistas, e reduziu as tarifas em 8% em relação a 2009.

Ainda é cedo para avaliar o sucesso total da operação, mas a cidade enterrou um sistema de gestão opaco e questionado, pois, no decorrer dos anos, Paris havia perdido o controle do que era feito nas entranhas subterrâneas do município.

Em 1987, havia se privatizado parcialmente o órgão responsável de fiscalizar as duas empresas. Criou-se a Société Anonyme de Gestion des Eaux de Paris (Sagep), uma sociedade de controle cujo capital vinha em um 70% da cidade, 28% de Veolia e Suez e 2% de um banco nacional público de investimentos. "As ações que as companhias privadas tinham na Sagep criaram um claro conflito de interesse, pois o órgão devia supervisionar a concessão, situação que, conforme foi dito em uma auditoria da cidade de 2003, criava um papel paradoxal e relações de associação que não são favoráveis a um exercício de controle", relata no livro Remunicipalização: O retorno da água a mãos públicas, Martin Pigeon, especialista em serviços públicos do Corporate Europe Observatory.

A Prefeitura também não tinha acesso a informação financeira fiável, nem dados sobre o estado da rede. Três auditorias questionaram desde 2001 a opacidade da gestão. Durante o domínio das companhias sobre o sistema as perdas da rede se reduziram de 22% em 1985 a 17% em 2003, e caíram até 3,5% em 2009 [em São Paulo beiram 30%]. Em compensação, as tarifas aumentaram 265% entre 1985 e 2009, enquanto o custo de vida aumentava 70,5%, segundo os dados recolhidos no livro Remunicipalização. Paris está hoje entre as 60 cidades que mais caro cobra pela sua água (14,5 reais por cada mil litros), segundo o estudo de 2014 realizado pela revista especializada Global Water Intelligence.

As dificuldades para que a remunicipalização seja também tendência no Brasil são, principalmente, um marco regulatório novo e uma infraestrutura carente. No país, apenas 304 municípios, 5% do total, têm algum tipo de concessão ou parceria com o setor privado para abastecer seus habitantes e eles mantêm concessões relativamente recentes considerando a duração deste tipo de acordos. Para se ter uma ideia, a primeira concessão privada, com prazo de 44 anos, foi assinada em 1995 no município de Limeira, em São Paulo, segundo o anuário da Associação Brasileira de Concessionárias (Abcon)

O país, subdesenvolvido nas questões de saneamento (quase 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso à rede de água) também precisa de dinheiro para levar água e esgoto a toda a população, segundo os especialistas consultados. "Aqui a necessidade de recursos para universalizar o acesso à água, construir infraestrutura e melhorar a gestão é tão grande que só os recursos públicos não são suficientes", lamenta Newton Azevedo, governador do Conselho Mundial da Água. "No caso do Brasil, a solução para enfrentar as questões de saneamento é a complementaridade dos recursos públicos e privados. O próprio Governo Dilma, com o lançamento de um pacote de 200 bilhões de reais em concessões, reconhece sua limitação financeira e a necessidade do setor privado para o desenvolvimento do país. Cada país tem sua realidade", completa Azevedo.

Itu, que ameaça suspender o contrato com sua concessionária se achar irregularidades, pode se tornar, se não achar um substituto, uma exceção no país. O município afirma que ainda não tem condições de assumir o serviço, mas não descarta a possibilidade no caso de não achar uma concessionária.”

Fonte: El Pais - Brasil