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terça-feira, 30 de junho de 2020
Novo ministro da Educação, Decotelli entrega carta de demissão; Planalto prepara anúncio da saída
Novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli se enrola após mentir sobre o seu currículo, assim como fez a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Regina Alves |
Por Valdo Cruz
O ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, entregou na tarde desta terça-feira (30) a carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro.
O ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, entregou na tarde desta terça-feira (30) a carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro.
Até a última atualização desta reportagem, não havia a confirmação de que Bolsonaro aceitou o pedido. A expectativa do governo é encontrar um novo nome para o posto ainda nesta terça.
Após a polêmica sobre títulos que diz possuir, desmentidos pelas instituições de ensino, a própria equipe do presidente aconselhou Decotelli a deixar o cargo.
Embora tenha publicado uma mensagem em rede social elogiando a capacidade do ministro, desde a noite desta segunda, o presidente já dava como insustentável a situação dele.
Bolsonaro fez a publicação depois de ter se reunido com Decotelli e ouvido explicações.
- denúncia de plágio na dissertação de mestrado da Fundação Getúlio Vargas (FGV);
- declaração de um título de doutorado na Argentina, que não teria obtido;
- e pós-doutorado na Alemanha, não realizado.
Na última quinta-feira, Bolsonaro anunciou e o "Diário Oficial da União" publicou a nomeação do ministro. Mas no fim de semana, após se tornarem públicas inconsistências em seu currículo, nem chegou a tomar posse.
Fonte: G1
Maia diz que custo de não prorrogar auxílio é maior que o de prorrogar
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia |
R$
600 mensais estão no fim
Bolsonaro
quer valor menor
Por
CAIO
SPECHOTO
“O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na tarde desta
3ª feira (23.jun.2o20) que o custo de não renovar o auxílio
emergencial de R$ 600 é maior do que o de renovar.
O
deputado defende que sejam pagas ao menos mais duas parcelas da
ajuda. O presidente da República, Jair Bolsonaro, diz que as contas
do país não aguentam mais 2 meses de auxílio a R$ 600. O custo
mensal desse programa é de cerca de R$ 50 bilhões. Bolsonaro quer 1
valor mais baixo.
“A
gente sabe que tem 1 custo, mas custo maior é não renovar. A gente
sempre faz a pergunta de quanto custa renovar. A gente tem que fazer
outra pergunta. ‘Quanto custa não renovar para milhões de
brasileiros que da noite para o dia ficaram sem renda e continuarão
sem renda nos próximos meses?'”, declarou
Maia em entrevista a jornalistas.
O
auxílio emergencial é uma forma de prover alguma renda a
trabalhadores vulneráveis afetados pela pandemia. As medidas de
isolamento social, apontadas por especialistas como melhor forma de
conter o coronavírus, fazem a economia desacelerar.
Quando
o programa foi formulado, o governo queria que as parcelas fossem de
R$ 200. O valor foi
elevado a R$ 600 pelos deputados.
Junho é o último dos 3 meses com a ajuda a trabalhadores.
Caso
o governo queira prorrogar o auxílio com valor diferente de R$ 600,
precisará enviar projeto ao Congresso. Lá, a matéria estará
sujeita a alterações. Se quiser prorrogar com o mesmo valor, pode.
A lei que instituiu o auxílio dá essa prerrogativa
ao governo.
O
auxílio emergencial também fez ganhar corpo em Brasília a
discussão de uma renda básica permanente. Rodrigo Maia defende que
o assunto seja debatido.
“Acho
que nós deveríamos, em conjunto com o Poder Executivo, já
organizar o debate do que seria uma renda mínima permanente, olhando
todos os programas que existem”,
afirmou o deputado.”
Fonte:
Poder 360
"Paulo e Pedro, dois apóstolos profetas"
Santos Apóstolos Pedro e Paulo, colunas da Igreja. Divulgação / vaticannews.va
|
Por Frei Gilvander
Luís Moreira - Articulista, escreve às terças-feiras
29
de junho é dia da festa dos apóstolos Paulo e Pedro, dois grandes
pilares e bússolas do cristianismo e também tempo propício para
refletir sobre o legado espiritual-profético que eles nos deixaram.
Os dois se identificaram totalmente com o projeto do evangelho de
Jesus Cristo, seguindo o mestre radicalmente, orientados pela Boa
Notícia que o Galileu anunciava aos pobres. Pedro e Paulo terminaram
a missão martirizados, segundo a tradição da Igreja. No movimento
de Jesus após a ressurreição, estavam acontecendo tensões que
poderiam levar a separações. Uns diziam: “Eu sou de Paulo”; ou
“eu sou de Apolo”; ou “eu sou de Pedro”; ou ainda “Eu
sou de Cristo” (I Coríntios 1,12). Na Bíblia, no livro de Atos
dos Apóstolos, é possível descobrirmos uma paulinização de Pedro
e uma petrinização de Paulo. Ou seja, para o evangelista Lucas,
autor também do livro Atos dos Apóstolos, não é bom que aconteça
divisão e nem cisma entre as várias tendências de evangelização.
A unidade verdadeira pressupõe a diversidade e não a anula. Para
Lucas, Pedro e Paulo são apóstolos dos judeus e dos gentios.
Segundo
Atos dos Apóstolos, foi Pedro quem fez o primeiro discurso após o
primeiro Pentecostes (At 2,1-13), um discurso profético e corajoso
(Cf. At 2,14-36), no qual Pedro denuncia de forma altaneira: “Vocês,
autoridades, mataram Jesus, mas Deus o ressuscitou!” (At
2,23-24). Pedro teve a grandeza de sair de Jerusalém – a Igreja
mãe – e ir conviver com comunidades consideradas impuras,
heréticas, no meio dos excluídos (Cf. At 9,32-43). A convivência
com os pobres se tornou a base do processo de conversão de Pedro,
que o habilitou a experimentar o Espírito do Deus da vida atuando no
meio dos gentios, tal como acontecia entre os cristãos (Cf. At
10,1-11,18). Memorável também foi a participação do apóstolo
Pedro no Concílio de Jerusalém, por volta dos anos 49/50 do
primeiro século da era cristã, em que, ao lado de Barnabé e Paulo,
lutou pela abolição da lei da circuncisão, que tinha se
transformado em um insuportável fardo para os cristãos oriundos do
meio dos estrangeiros.
Em
At 20,17-38 está um discurso do Apóstolo Paulo aos presbíteros, ou
seja, aos “anciãos” que eram os coordenadores das primeiras
comunidades cristãs. "Presbíteros" eram apóstolos?
Profetas? Mestres? Ou ...? Essas são questões que nos levam
a discutir a diversidade de dons nas primeiras comunidades
cristãs. Em At 20,28 os presbíteros da comunidade cristã de Éfeso
são chamados de “epíscopos”, cuja função
pastoral é a de vigiar e conduzir a
comunidade. Epíscopo é um título grego que
significa “supervisor”; aquele que tem a responsabilidade de
acompanhar o desenvolvimento da comunidade para cuidar do seu vínculo
com o espírito original e da sua sintonia com os critérios de
continuidade. Ainda não há aqui a noção de sucessão apostólica,
pois o apóstolo Paulo não os apresenta como os seus sucessores, mas
como pessoas encarregadas pelo Espírito Santo de manter as
comunidades no bom caminho.
No
tempo de Paulo não existia a diferença entre clero e leigos. Havia,
sim, uma variedade, não orgânica de carismas, como apóstolos,
profetas e mestres (At 13,1), evangelistas (Filipe: At 21,8),
profetisas (as filhas de Filipe: At 21,9) etc. Os presbíteros são
simplesmente os animadores de comunidades; nunca são chamados de
"sacerdotes" no Segundo Testamento. Nas cartas paulinas
constatamos que no seio das comunidades há uma diversidade de dons
que deve ser articulada pelo cimento que é a solidariedade. Isso é
ótimo, pois o Espírito não se deixa encurralar e não aceita ser
engaiolado; sopra aonde quer, para onde quer, é livre, liberta e tem
sede de liberdade. Paulo reitera diversas vezes: "Não
percam a liberdade cristã!" (2 Cor 3,17). "Não
entristeçam o Espírito Santo!" (Efésios 4,30). O apóstolo
Paulo percebeu que existia nas comunidades uma dificuldade de
conviver de modo sadio com a diversidade de dons. Paulo pontua bem
esta multiplicidade de dons recordando que existe uma ordem de
importância. A comunidade cristã não pode cair no subjetivismo e
nem no relativismo de "tudo é igual a tudo", ou no
"devemos respeitar tudo".
No
capítulo doze da I Carta aos Coríntios, Paulo trata da diversidade
de dons. Ele pontua que em primeiro lugar estão
os apóstolos, e o termo deve ser entendido no seu
sentido original e etimológico: apóstolo/a é aquele/a que
é enviado/a por Deus, é um/a missionário/a, um porta
voz de uma mensagem do Deus solidário e libertador. Na época
descrita por Atos dos Apóstolos, época das primeiras igrejas, antes
do processo de institucionalização (hierarquização), o termo
"apóstolo" não significa um título que dá status, só
adquirindo esta conotação mais tarde, depois do processo de
hierarquização das igrejas, o que amordaçou a vitalidade do
dinamismo profético inicial.
Em
segundo lugar estão os profetas. A palavra
"profeta" vem do verbo pro-ferir, que significa falar por
antecipação. Etimologicamente a palavra "profeta"
significa "aquele que profere uma mensagem em nome de Deus".
O profeta escuta o Oráculo de Deus. A palavra "oráculo",
em hebraico, significa "sussurro, cochicho, de Deus no ouvido do
profeta ou da profetisa". Para entender um cochicho, um
sussurro, é preciso fazer silêncio, prestar muita atenção, estar
em sintonia, ter proximidade, ser amigo etc. Portanto, Deus não
falava claramente aos profetas, como nós, muitas vezes pensamos que
falava. Do mesmo modo que falava aos profetas e profetisas Deus fala
hoje a nós. Deus cochicha (sussurra) em nossos ouvidos a partir da
realidade dos empobrecidos e superexplorados. Precisamos colocar
nossos ouvidos e nosso coração pertinho do coração dos pisados
para que possamos escutar Deus. Mais do que fazer cursos de oratória,
precisamos de cursos de escutatória. Para ouvir os clamores mais
profundos dos violentados é necessário conviver com eles.
Em
terceiro lugar vêm os mestres, aqueles que
devem ensinar a verdadeira mensagem de Jesus. Ensinar pelo testemunho
e, de preferência, por meio da pedagogia da maiêutica: conversando,
dialogando e assim ajudando os outros a parir ideias e práxis
libertadoras. Lá no final da escala vem o dom das línguas (cf. I
Cor 12,28).
Em
I Cor 13,1-13, Paulo faz um elogio do amor para nos mostrar que
relações de amor é que devem ser a coluna mestra da vida das
comunidades e Igrejas. Paulo nos alerta: "Desejem os dons do
Espírito, principalmente a profecia, pois quem profetiza
fala às pessoas, é entendido, edifica, exorta e consola a
comunidade. Aquele que profetiza é maior do que aquele que fala
em línguas. Quem fala em línguas edifica somente a si mesmo, fala
só a Deus” (cf. I Cor 14,1-6). Em I Cor 14,19 o apóstolo Paulo
afirma: “Numa assembléia, prefiro dizer cinco palavras com a minha
inteligência para instruir também os outros, a dizer dez mil
palavras em línguas”.
Paulo
e seus companheiros fundam e desenvolvem comunidades proféticas a
partir da ação do Espírito. Quase todas as vezes que na Bíblia
fala que "desceu o Espírito de Deus sobre..." diz
também que os atingidos pelo Espírito de Deus começam a profetizar
(cf. Nm 11,29; At 19,4-6). A profecia é uma consequência direta da
ação do Espírito. Logo, um bom critério para saber se estamos
vivendo uma verdadeira experiência no Espírito de Deus é nos
perguntar: “Estamos nos tornando mais profetas ou profetizas?” Se
a maioria das pessoas que diz falar em línguas fossem também
profetas e profetizas, teríamos um maior número de mártires e
talvez o Brasil já estaria transfigurado por causa de tanta
profecia. Mas como há um exagero de “falar em línguas” e de
propostas religiosas intimistas, dualistas, moralistas e
fundamentalistas, a profecia cristã está em baixa e, por isso, os
fascistas e os exploradores nos mundos da política, da economia e da
religião estão reproduzindo uma necropolítica que mata de mil
formas.
Enfim,
Pedro e Paulo foram apóstolos profetas, não apenas divulgaram o
ensinamento de Jesus Cristo, mas testemunharam até o martírio boas
notícias aos empobrecidos, que são péssimas notícias para os
opressores.
Fonte: frei Gilvander Luís Moreira
Frei Gilvander Moreira |
Frei Givander Moreira é articulista deste jornal on-line. E escreve às Terças-feiras.
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG.
Auxilio emergencial vai diminuir, se os deputados federais e senadores, representantes do povo nada fizerem
"Nessa 2ª feira (29.jun.2020), o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse que a prorrogação do auxílio emergencial terá 1 custo extra de pelo menos R$ 100 bilhões.
“A renovação de auxílio emergencial pode levar déficit primário a 11,5% do Produto Interno Bruto (PIB), com um déficit nominal de 15% do PIB, no nível dos Estados Unidos”, disse o secretário."
Fonte: Poder 360
Por Ana Lúcia Dias
O país tem no FMI, 370 bilhões de dólares, que convertidos em reais seriam cerca de 5 trilhões de reais. O que daria para o governo Bolsonaro e seu "superministro", o Guedes pagarem a vacina, investir na ciência brasileira e liberar até mais dinheiro, nossos impostos, para que os brasileiros ficassem em casa, diante da pandemia.
Os brasileiros não têm culpa da pandemia, aliás, tem culpa quem permite o desmatamento da Amazônia e não acredita no efeito estufa e nas transformações que estamos tendo no planeta terra há alguns anos, principalmente esse governo genocida que temos no Brasil.
segunda-feira, 29 de junho de 2020
Boletim Epidemiológico atualizado: 29 de junho, em Poços de Caldas, MG
Boletim explicativo da secretária de saúde de Poços de Caldas, MG
De acordo com o Informe Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, 43.864 são casos confirmados; 17.792 em acompanhamento; 25.154 recuperados e 918 óbitos por Covid-19 confirmados.
De acordo com o Informe Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, 43.864 são casos confirmados; 17.792 em acompanhamento; 25.154 recuperados e 918 óbitos por Covid-19 confirmados.
domingo, 28 de junho de 2020
sábado, 27 de junho de 2020
URGENTE AO VIVO: Calendário oficial das terceiras, segundas e primeiras ...
Fonte: Deputado Federal, André Janones
Russia desenvolve medicamento para o tratamento da covid19
"Novo medicamento desenvolvido na Rússia elimina o novo coronavírus em uma semana em animais, e recebeu aprovação para ser utilizado em pacientes em ambiente hospitalar.
O medicamento Areplivir, produzido pela empresa farmacêutica russa Promomed, foi aprovado pelo Ministério da Saúde da Rússia para o tratamento da COVID-19, de acordo com os dados do registro estatal de medicamentos.
"O nome comercial do medicamento é Areplivir. O nome internacional não patenteado do grupo de medicamentos ou denominação química é favipiravir", diz o registro.
O medicamento é lançado em forma de comprimidos e só pode ser usado em ambiente hospitalar. Após testes em animais, foi determinado que elimina o vírus em cinco, seis dias. O medicamento também se mostrou eficaz contra diferentes tipos de vírus RNA, incluindo o ebola e o vírus do Nilo Ocidental.
O medicamento foi desenvolvido pela empresa farmacêutica russa Biokhimik com base na molécula do favipiravir, que foi desenvolvida no Japão para o tratamento da gripe."
Fonte: sputinik Brasil
Boletim Epidemiológico atualizado: 27 de junho, em Poços de Caldas, MG
Boletim explicativo da Secretaria de Saúde de Poços de Caldas, MG
Fonte: prefeitura de Poços de Caldas, MG
Fonte: prefeitura de Poços de Caldas, MG
Como se pode ver os casos confirmados estão aumentando, em isolamento domiciliar 61 pessoas. Mais um óbito, agora são seis.
De acordo com o secretário de Saúde do Estado de Minas, Carlos Eduardo Amaral o Pico da covid19 em Minas está começando agora no mês de Julho até meados de agosto.
SE PUDER, FIQUE EM CASA!
SE PUDER, FIQUE EM CASA!
sexta-feira, 26 de junho de 2020
Hotéis querem voltar a funcionar em Poços de Caldas, MG
Justamente no pico da pandemia. O secretário de saúde do Estado Minas, Carlos Eduardo Amaral afirmou que
o pico da pandemia estava sendo esperado para meados de junho, agora será em julho até meados de agosto".
Hotéis querem voltar a funcionar em Poços de Caldas, MG
Fonte: EPTV 2ª Edição
Pesquisa do Instituto Federal do Sul de Minas, campus Poços de Calças mostra avanço da covid19 em cidades menores da região
Instituto Federal - Sul de Minas - Campus Poços de Caldas |
Pesquisa do IF sul de Minas - campus Poços de Caldas mostra avanço da covid19 em cidades menores da região
Fonte: EPTV 2ª Edição
Saneamento básico - Enfim o marco regulatório, mas não é bem assim.
Rio Sena em Paris.NATHAN ALLIARD/PHOTONONSTOP/CORBIS POr Maria Martins
“Não
é uma palavra fácil de pronunciar e ainda menos de implementar, mas
a remunicipalização da água é considerada uma tendência mundial.
Em 15 anos, 235 cidades e cerca de 106 milhões de habitantes
retomaram a gestão do tratamento e fornecimento de água das mãos
de empresas privadas.
Entre
elas pequenos municípios de países pobres, mas também grandes
capitais como Berlim, Paris ou
Buenos Aires. França, berço da Suez e da Veolia, duas
poderosas multinacionais que
dominam o mercado da água no mundo, é hoje o reino das
remunicipalizações, com 94 casos desde o ano 2000. Embora no Brasil
essa tendência seja observada de longe, Itu, o município no
interior de São Paulo que sofreu drásticos cortes de água e
protestos violentos no ano passado, anunciou nesta quinta-feira a
intervenção da concessionária, Águas de Itu. A intervenção do
município de 155.000 habitantes ameaça a continuidade de um
contrato que só acabaria em 2037 e abre as portas para que a
remunicipalização do serviço possa acontecer no futuro. ]
O
caso da capital do rio Sena é
o mais emblemático para descrever o fenômeno, mas foi um processo
complicado que foi proposto pela primeira vez em 2011 pelo então
candidato a prefeito Bertrand Delanoë. Em 2010, Eau de Paris começou
a atender os 2,2 milhões de habitantes da região metropolitana e
assumiu os contratos de fornecimento de água, nas mãos da Veolia e
da Suez desde 1985. Foi um desafio, pois era a primeira vez que o
poder público recuperava um sistema dessa magnitude. Eau de Paris
economizou, no primeiro ano, 35 milhões de euros, graças a
internalização dos dividendos antes destinados aos acionistas, e
reduziu as tarifas em 8% em relação a 2009.
Ainda
é cedo para avaliar o sucesso total da operação, mas a cidade
enterrou um sistema de gestão opaco e questionado, pois, no decorrer
dos anos, Paris havia perdido o controle do que era feito nas
entranhas subterrâneas do município.
Em
1987, havia se privatizado parcialmente o órgão responsável de
fiscalizar as duas empresas. Criou-se a Société Anonyme de Gestion
des Eaux de Paris (Sagep), uma sociedade de controle cujo capital
vinha em um 70% da cidade, 28% de Veolia e Suez e 2% de um banco
nacional público de investimentos. "As ações que as
companhias privadas tinham na Sagep criaram um claro conflito de
interesse, pois o órgão devia supervisionar a concessão, situação
que, conforme foi dito em uma auditoria da cidade de 2003, criava um
papel paradoxal e relações de associação que não são favoráveis
a um exercício de controle", relata no livro Remunicipalização:
O retorno da água a mãos públicas,
Martin Pigeon, especialista em serviços públicos do Corporate
Europe Observatory.
A
Prefeitura também não tinha acesso a informação financeira
fiável, nem dados sobre o estado da rede. Três auditorias
questionaram desde 2001 a opacidade da gestão. Durante o domínio
das companhias sobre o sistema as perdas da rede se reduziram de 22%
em 1985 a 17% em 2003, e caíram até 3,5% em 2009 [em São Paulo
beiram 30%]. Em compensação, as
tarifas aumentaram 265%
entre 1985 e 2009, enquanto o custo de vida aumentava 70,5%, segundo
os dados recolhidos no livro Remunicipalização. Paris
está hoje entre as 60 cidades que mais caro cobra pela sua água
(14,5 reais por cada mil litros), segundo o estudo de 2014 realizado
pela revista especializada Global
Water Intelligence.
As
dificuldades para que a remunicipalização seja também tendência
no Brasil são, principalmente, um marco regulatório novo e uma
infraestrutura carente. No país, apenas 304 municípios, 5% do
total, têm algum tipo de concessão ou parceria com o setor privado
para abastecer seus habitantes e eles mantêm concessões
relativamente recentes considerando a duração deste tipo de
acordos. Para se ter uma ideia, a primeira concessão privada, com
prazo de 44 anos, foi assinada em 1995 no município de Limeira, em
São Paulo, segundo o anuário da Associação
Brasileira de Concessionárias (Abcon)
O
país, subdesenvolvido nas questões de saneamento (quase 35 milhões
de pessoas ainda não têm acesso à rede de água) também precisa
de dinheiro para levar água e esgoto a toda a população, segundo
os especialistas consultados. "Aqui a necessidade de recursos
para universalizar o acesso à água, construir infraestrutura e
melhorar a gestão é tão grande que só os recursos públicos não
são suficientes", lamenta Newton Azevedo, governador do
Conselho Mundial da Água. "No caso do Brasil, a solução para
enfrentar as questões de saneamento é a complementaridade dos
recursos públicos e privados. O próprio Governo Dilma, com o
lançamento de um pacote de 200 bilhões de reais em concessões,
reconhece sua limitação financeira e a necessidade do setor privado
para o desenvolvimento do país. Cada país tem sua realidade",
completa Azevedo.
Itu,
que ameaça suspender o contrato com sua concessionária se achar
irregularidades, pode se tornar, se não achar um substituto, uma
exceção no país. O município afirma que ainda não tem condições
de assumir o serviço, mas não descarta a possibilidade no caso de
não achar uma concessionária.”
Fonte: El Pais - Brasil
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