O MINISTRO DO MEIO AMBIENTE, RICARDO SALLES, E O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, JAIR BOLSONARO. (FOTO: MARCOS CORRÊA/PR) |
"Pressão
pública do presidente e do ministro reduziu fiscalização
ambiental"
"O
presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo
Salles, agiram para enfraquecer a fiscalização do Ibama. É o que
indicam dois ex-servidores do órgão em depoimento ao Ministério
Público Federal na ação que investiga o ministro por improbidade
administrativa.
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também:
Rene
Luiz de Oliveira comandava a Coordenação Geral de Fiscalização
Ambiental do Ibama e confirma a interferência de Bolsonaro nas
fiscalizações.
Segundo
o ex-servidor, a gestão Salles nomeou pessoas sem perfil de
fiscalização para atuar nas divisões técnico-ambientais das
superintendências estaduais do Ibama e deixou cargos em aberto,
apenas com nomes interinos, o que foi sucateando a atividade ao longo
do ano de 2019.
No
depoimento de 13 páginas, Rene cita o caso em que o presidente
gravou um vídeo criticando a destruição de máquinas apreendidas
em desmatamento ilegal. Segundo Bolsonaro à época, a orientação
do governo não era destruir maquinário.
Essa
afirmação fez com que os fiscais do Ibama deixassem de destruir os
maquinários apreendidos, fortalecendo o desmatamento. “Não há
nenhum documento formal nesse sentido, mas ele (supervisor) colocava
isso pra gente, isso é verdade”, conta Rene.
“De
fato, de abril até agosto de 2019, houve uma redução enorme. Os
colegas não tinham nem coragem de pedir autorização para
destruição, que tinham medo de retaliação. Uma retaliação que
vinha de fora pra dentro”, afirmou.
Outro
servidor ouvido foi Hugo Loss, que era subordinado a Rene. Ele
conta em seu depoimento que estavam realizando em abril deste ano uma
ação de combate ao desmatamento nas terras indígenas Ituna-Itatá,
Apyterewa e Trincheira Bacajá, localizadas no Pará, quando houve
movimentação de personagens investigados por envolvimento nesse
desmatamento junto à Presidência da República e teve início uma
pressão contrária à ação.
"A
GENTE PERCEBEU, PELA IMPRENSA, UMA MOVIMENTAÇÃO MUITO GRANDE DOS
ENVOLVIDOS NOS ILÍCITOS QUE A GENTE ESTAVA INVESTIGANDO JUNTO AO
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. A GENTE
NÃO SABIA SE ESSA MOVIMENTAÇÃO ERA PELA NOSSA SAÍDA, PELA
PARALISAÇÃO DAS OPERAÇÕES. NÃO SABÍAMOS. MAS ISSO ATRAPALHOU
BASTANTE. COMEÇAMOS A FICAR RECEOSOS E TIVEMOS QUE BLINDAR AS
OPERAÇÕES”, CONTOU LOSS.
Com Bolsonaro, desmatamento na Amazônia cresce 34%
Esse
enfraquecimento do Ibama é sentida nos números. Segundo um
levantamento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), a Amazônia teve um desmatamento 34% maior
entre agosto de 2018 e julho de 2019.
A
área desmatada foi superior a 10 mil km², a pior taxa desde
2008. “A taxa consolidada de desmatamento tem um valor
3,76% acima da taxa estimada em novembro de 2019, que foi de 9.762
quilômetros quadrados”, disse o Inpe em comunicado.”
Fonte:
Carta Capital
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