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sábado, 15 de agosto de 2020

Sentimento de solidariedade e indignação pela ação da PM no Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, Sul de Minas

Despejo criminal pode deixar famílias de trabalhadores rurais sem ...
Produção do Quilombo Campo Grande, que abastece a região e outras cidades de MG

 

Por Ana Paula Ferreira

Pensamos que conseguiríamos chegar antes da polícia furar a barreira humana feita pelos integrantes do MST.

Não conseguimos.

Deixamos o carro bem pra trás da onde estavam os militantes porque barraram o acesso com uma árvore no meio da estrada.

Quando eu, Tiago, Diney e Juninho chegamos víamos ao longe o campo devastado pelo fogo.

O que foi construído por mais de 20 anos o Estado tentava deixar sob cinzas. 

O carro da polícia estava próximo das casas dos trabalhadores rurais. 

Na descida era possível ver o batalhão enfileirado e as diversas viaturas.

Alguns poucos companheiros estavam próximos, sentados no chão olhando a ação da polícia de longe, com ar de revolta.

Mas não havia campo apenas pra esse sentimento.

Nessa mesma hora acontecia a assembleia  próxima a uma das casas que não foi invadida pela PM.

Ao redor do líder Tiãozinho dezenas de sem terra aplaudiam.

Ele ressaltava a força da resistência de terem ficado 3 dias em vigília  sob sol quente, falava de uma luta de permanência de 20 anos, falava do quanto conseguiram repercussão nas redes sociais, desestabilizando o governo. 

Sim. Há 4 companheiros presos.

Sim. Era de umedecer os olhos quando eu vi a mulher desalojada chorar pelos seus móveis que eram jogados como tralhas dentro do caminhão.

Mas não havia desistência nem apatia.

O discurso era de que o mundo tinha visto a atrocidade e, portanto, isso aumentaria o apoio na luta de classes.

Vi gente de BH, Passos, Alfenas, Varginha... muitos com o mesmo sentimento de empatia.

Acho que esse é um começo...

De mostrarmos o que a direita é capaz... sua defesa de lucro superando a vida; de discurso de propriedade privada quando essa propriedade é do rico, pois quando é de pobre esses bens são tacados sem cerimônia; de valorização de um discurso de que fazendeiro pode ter vários hectares improdutivos enquanto famílias são despejadas.

É hora de mostrar o quanto muitos policiais são tão cruéis ao ponto de gravarem live se vangloriando de queimarem, atacarem bombas e espantarem trabalhadores rurais. 

Bombeiros  que são funcionários públicos e não socorreram homens que passavam mal sob o efeito do gás. 

Isso que a direita defende! E o MST está a frente pra combate e isso.

Quando me sinto próxima de pessoas que também lutam por justiça social e ficam indignadas com a crueldade sinto que embora haja cinza, há terra, por cima da qual nos manteremos na luta.” 


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