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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Saúde: "Prevenir pandemias é mais barato do que lutar contra elas"

Existe também uma preocupação de que vírus e outros patógenos possam escapar de laboratórios onde são estudados. [Imagem: Galveston National Laboratory]
 

Com informações da Agência Fapesp


Risco de novas pandemias

"Os custos de prevenção de pandemias como a de covid-19 podem ser cem vezes menores do que os impactos econômicos causados por problemas de saúde pública mundial dessa magnitude.

A estimativa faz parte de um relatório sobre biodiversidade e pandemias publicado pela Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês).

Os especialistas apontam que responder aos impactos de pandemias, com a implementação de medidas de saúde pública e o desenvolvimento de soluções tecnológicas, como vacinas e tratamentos, é um "caminho lento e incerto".  Até julho, os impactos econômicos globais da covid-19 foram estimados entre US$ 8 trilhões e US$ 16 trilhões. O real impacto econômico da pandemia, contudo, só poderá ser avaliado com precisão quando as vacinas em desenvolvimento estiverem totalmente disponíveis para a população mundial e a transmissão do novo coronavírus for contida, ressalvam os autores.  

"Temos capacidade cada vez maior de prevenir pandemias, mas a maneira como as estamos enfrentando agora ignora amplamente essa possibilidade," disse Peter Daszak, presidente da EcoHealth Alliance 

Pandemias mais frequentes  

O relatório aponta que o risco de pandemias está aumentando rapidamente, com mais de cinco novas doenças surgindo a cada ano - como ebola, zika e encefalite Nipah -, com potencial para se espalhar por todo o planeta. A covid-19, por exemplo, é a sexta pandemia desde a Gripe espanhola, em 1918. 

A maioria dessas doenças (70%) e quase todas as epidemias conhecidas são zoonoses - causadas por vírus transportados por animais selvagens e que transbordam para os humanos devido ao contato com animais domésticos, gado e pessoas. 

Estima-se que em mamíferos e pássaros existam 1,7 milhão de vírus não descobertos, dos quais entre 540 mil e 850 mil poderiam ter capacidade de infectar humanos, estimam os pesquisadores.  

Desta forma, sem uma abordagem global para lidar com doenças infecciosas e implementar estratégias preventivas, as pandemias se tornarão mais frequentes, se espalharão mais rapidamente, causarão mais danos à economia mundial e matarão mais pessoas do que a covid-19, alertam os pesquisadores.

Como evitar pandemias?

Os autores apontam a perturbação ecológica causada por atividades humanas - como o desmatamento e o comércio e consumo de animais selvagens - como a principal causa do aumento no risco de pandemias.

Essas atividades estariam colocando a vida selvagem, animais de criação e pessoas em contato mais próximo, permitindo que vírus existentes em animais infectem pessoas e tenham potencial de causar surtos e, mais raramente, pandemias, que se espalham por redes rodoviárias, marítimas e aéreas, centros urbanos e rotas comerciais, afirmam os autores.

O relatório também indica opções de políticas que contribuam para reduzir e abordar o risco. Entre eles estão a criação de um conselho intergovernamental de alto nível sobre prevenção de pandemias para fornecer aos tomadores de decisão a melhor ciência e evidências sobre doenças emergentes; prever áreas de alto risco; avaliar o impacto econômico de pandemias em potencial e destacar lacunas na pesquisa. Esse conselho também poderia coordenar o desenho de uma estrutura de monitoramento global.

Outras medidas indicadas pelo relatório são garantir que o custo econômico das pandemias seja considerado no consumo, na produção e nas políticas e orçamentos governamentais e possibilitar mudanças para reduzir a expansão agrícola globalizada e o comércio que ofereçam risco de disseminação de vírus por meio do aumento de impostos de produtos como carne, entre outras."

Fonte: Diário da Saúde  

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