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sexta-feira, 14 de maio de 2021

"Qual o mundo que queremos?" É nesta sexta-feira, 14 de maio às 18h30

 

"Nós, mulheres brasileiras, reiterando o Manifesto das Mulheres, do 8 de Março de 2021 e reafirmando a importância da coalização de grupos e entidades que o subscreveram, mais uma vez lançamos nosso grito feminista de fúria pelas nossas vidas, pela vida de nosso povo, pela vida de nossas florestas e cidades, pelo nosso país!


 Ampliando a voz de nossas pioneiras ao longo dos séculos, os movimentos feministas têm sido protagonistas dos avanços civilizatórios, lutando por um Brasil que respeite e garanta direitos das mulheres e de grupos e pessoas discriminadas, o direito de nossos povos tradicionais à terra e ao respeito às suas tradições e o combate vigoroso contra o racismo institucional e cotidiano.


Desde nossas lutas pela redemocratização do país, sempre ao lado das pessoas perseguidas, oprimidas, esquecidas, apontamos a opressão de classe, gênero e raça intrínseca ao capitalismo


Denunciamos a invisibilidade da exploração do trabalho doméstico das mulheres, não contabilizado pelos economistas da ordem patriarcal, que perpetua a dupla jornada. E gritamos: NÃO À DUPLA JORNADA


Exigimos políticas públicas mitigadoras da dupla jornada nos organizando, por exemplo, no Movimento de Luta por Creches nos bairros periféricos e nos locais de trabalho. 


Além da dupla jornada, denunciamos também a escandalosa disparidade da remuneração do trabalho das mulheres em relação ao dos homens e   gritamos: SALÁRIO IGUAL PARA TRABALHO IGUAL.


 Jogamos luz na opressão secular sobre o corpo da mulher e sobre o que significam nossos direitos sexuais e reprodutivos e gritamos: NOSSO CORPO É SÓ NOSSO!


 Denunciamos a violência de gênero, orientação sexual, classe e raça sobre esses corpos e, a partir de nossas lutas, têm sido criadas em nosso país leis e instituições de garantia da dignidade da Pessoa Humana- Sujeito de Direito.  


Construímos com todo campo progressista e consonante à luta das trabalhadoras e trabalhadores da Saúde, um dos maiores patrimônios de nosso povo, o SUS -Sistema Único de Saúde, marcando a necessidade de um olhar específico para a Saúde da Mulher, para os Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. Assim, tivemos garantias legais de provimento em relação a:

  • cuidados específicos para prevenção de gravidez indesejada e vigência de direitos obstétricos, com acesso a meios de prevenção à gravidez;

  • aborto legal em 3 situações: quando a gravidez põe em risco a vida da mãe, quando é fruto de estupro e quando o feto é anencéfalo.

Diante do distópico quadro de destruição da natureza provocada pela exploração capitalista, alinhamo-nos  a todxs que lutam pela preservação da vida no Planeta.


Denunciamos, juntamente como os povos originários (indígenas) e os tradicionais (quilombolas) de nosso país, a devastação de nossos rios e florestas e da diversidade da fauna e flora neles contidas.  E gritamos junto: NÃO  MINERAÇÃO PREDATÓRIA! NÃO À DESTRUIÇÃO DE NOSSAS FLORESTAS, MATAS E RIOS!


Existe no Brasil, portanto, uma tradição de luta que forjou ao longo de décadas uma cultura feminista arraigada e disseminada em nossa sociedade.


É justamente contra essa cultura, assim como contra todas que visam a emancipação da humanidade, que as forças retrógradas ora no poder investem contra.


Impõem a supressão da democracia em nosso país, ora de forma velada, ora escandalosamente como cortina de fumaça para outros malfeitos. Fazem emergir anacronismos da cultura patriarcal machista que, longe ainda de ter sido suprimida, vinha sofrendo recuo conforme nossa pauta se colocava em foco.


Vemos serem sequestrados espaços políticos e sociais, por nós duramente conquistados dentro do precário marco democrático de uma sociedade de classes com brutais desigualdades. Vemos entidades de representação  da sociedade civil organizada (como Conselhos) e de trabalhadores (como os sindicatos) submetidas a cortes orçamentários e ao esvaziamento.

Vemos a perversa transmutação de leis feitas para a correção de injustiças serem manipuladas, de forma a surtir efeito inverso à demanda social que a originou (como a Lei de alienação Parental).

Vemos nossas parlamentares serem assediadas com grosserias machistas em pleno exercício de suas funções, na vã tentativa de intimidá-las.


Na área da Educação investem de maneira especialmente agressiva em toda sua estrutura do ensino básico ao superior, assim como em órgãos de pesquisa científica. No ensino básico e médio, por exemplo, a agenda civilizatória, democraticamente pactuada para a aceitação da diversidade de vivências, própria de uma sociedade cosmopolita do século XXI, vem sendo atacada sob o incabível argumento de proteção à infância, contra o que eles chamam de “ideologia de Gênero” (sic).


Ainda no campo do insólito, vemos o negacionismo tentando obliterar a realidade, perseguindo reitores e cientistas e tentando impor o uso de cloroquina para tratamento da COVID-19. 


Vimos também sendo menosprezadas imagens via satélite (como as do Pantanal em chamas em 2019)  e o diretor do INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, demitido. Assim, o desmatamento da Amazônia corresponde a níveis alarmantes, e o Ministro do Meio Ambiente nega o fato, em defesa dos madeireiros.


Este negacionismo se exacerbou com o advento da pandemia, menosprezando a periculosidade da COVID-19 e desencorajando a população a seguir as medidas protocolares de defesa sanitária estabelecidas pela OMS.

Num cenário de pesadelo tais forças têm se valido da pandemia como aliada para o incremento de  sua estratégia de necropolítica.


O Brasil, graças a uma política de Estado de descaso premeditado quanto à proteção de sua população, exibe o triste número de mais de 430.000 mortes . Nenhum plano de combate, nenhum protocolo, nenhum empenho para a obtenção de vacinas antes da explosão pandêmica! Nenhuma coordenação nacional foi estabelecida para o enfrentamento da pandemia. E ainda há uma tentativa de penalizar os poucos governadores que pregam o lockdown.

Por isso, denunciamos o descaso e exigimos: Vacina gratuita para toda a população!

A pandemia expôs chagas de nossa sociedade, recorrentemente veladas pelos habituais formadores de opinião. Exemplificando, mapeamentos do índice de contágio e morbidade, como o elaborado pelo  LabHab da FAU-USP,  assim como o realizado pelo Instituto Polis() sobre distribuição e aplicação da vacina, em São Paulo -  a cidade mais rica do país  - evidenciam agora  um fato antigo: a segregação social  tem território, raça, cor e gênero.


A desestruturação do mundo do trabalho produzida pelo neoliberalismo vem há anos provocando efeitos deletérios como precarização dos contratos, supressão de postos de trabalho e desemprego em massa (14.000.000 de desempregados, fora os desalentados). Porém, desde o golpe político de 2016, um Congresso conivente com o governo ilegítimo, aprovou reforma que suprimiu direitos trabalhistas consolidados, prevendo-se   cada vez menos proteção a trabalhadores e trabalhadoras.


Com o advento da pandemia, uma situação de calamidade se instaura. O auxilio emergencial de no mínimo R$ 600,00 duramente negociado pela oposição, significou o limite entre a vida e a morte de populações que já viviam de maneira precária E agora, agora sendo retirado ou minimizado, milhões se encontram em total desamparo e o Brasil voltou ao mapa da fome. E o governo assim realiza,  juntamente com o vírus, seu propósito necropolítico.

Por isso gritamos:

VACINA GRATUITA PARA TODA A POPULAÇÃO!

AUXÍLIO EMERGENCIAL DE NO MÍNIMO R$ 600,00 – ATÉ O FINAL DA PANDEMIA!

FORA BOLSONARO! ELE NÃO!

Fonte: Observatório da Mulher

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