“Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los.”.
Isaac Asimov
No primeiro dia de janeiro de 2004, uma tragédia inimaginável chocou o mundo
inteiro. Um terremoto de grande magnitude provocou um gigantesco tsunami
que atingiu várias partes do planeta. O evento provocou a morte estimada de 230 mil pessoas em 14 países, não respeitando fronteiras, credos e nacionalidades.
Um dos países mais afetados foi a Tailândia. Em praticamente todas as praias
do país foram registradas vítimas fatais. Exceto na praia de Maikhao. Tilly
Smith, uma inglesa com dez anos na época que estava na praia com os pais, assistiu ao repentino recuo das águas do mar e lembrou-se de uma aula de geografia que havia assistido semanas antes – que esse recuo é sinal de que um tsunami atingiria a costa em breve. Graças à menina, que saiu gritando correndo pela areia, o hotel promoveu a retirada dos hóspedes a tempo de evitar vítimas fatais.
O ato de Tilly salvou a vida de mais de 100 pessoas que estavam na praia.
E isto aconteceu porque ela estava atenta. Atenta à aula de Geografia, atenta
ao que lhe foi ensinado, atenta ao mundo à sua volta.
Lembrei-me da fantástica história de Tilly graças à outra história que tomei
conhecimento na semana passada. Em 23 de outubro de 2021, Nadia
Poppovic, uma estudante de Medicina nos Estados Unidos, foi assistir a uma
partida de hóquei no gelo do time pelo qual torce, o Seattle Kraken. Nadia
sentou-se em um local bem próximo ao banco do time adversário, o Vancouver
Canucks. E seus olhos atentos perceberam uma verruga na nuca de Brian
Hamilton, treinador do Canucks. Impossibilitada de falar com Hamilton devido
à barreira que separa torcida dos jogadores, Nadia escreveu uma mensagem em seu celular e o colocou à vista de Hamilton, aconselhando-o a procurar um
médico o mais rápido possível pois a verruga poderia ser um câncer.
Dois dias depois, o técnico foi ao médico e constatou-se que a verruga era
um melanoma que demandava intervenção cirúrgica imediata. A ação de
Nadia salvou a vida do treinador, que agradecido, promoveu uma busca
pela sua então anônima salvadora para agradecer-lhe pelo gesto de empatia
e compaixão. As redes sociais ajudaram, e em 2 de janeiro de 2022, Nadia
e Brian se encontraram pessoalmente, sem nenhuma barreira física a
separá-los e um vínculo inquebrantável de conectá-los.
Os casos de Nadia e de Tilly me emocionaram e me emocionam sempre
que eu os leio e releio. Primeiro, porque esses casos são uma prova,
para mim poderosa e incontestável, do poder do conhecimento e da
importância que a educação tem para promover os potenciais que todo ser
humano possui.
E também porque são uma pequena grande amostra do poder que o
conhecimento traz para nós, seres humanos, que temos a capacidade
maravilhosa de transmitir o que aprendemos para as futuras gerações.
O Conhecimento nos permite ler o grande livro do Universo. E isto nos
concede capacidade de atuação. Permite-nos sermos proativos, tomarmos
iniciativas, buscarmos o protagonismo das ações.
Apesar de tão importante e essencial para nossa evolução, a humanidade
ainda não aprendeu a se relacionar com o Conhecimento. Porque uma das
consequências para quem morde o fruto do Conhecimento é o incremento
da capacidade de fazer escolhas. E isto traz um peso enorme, uma carga
de responsabilidade que nem todos estão preparados para assumir. Por isto
que a frase “a ignorância é uma bênção” é dita com mais frequência do que
realmente deveria ser pronunciada.
A própria sociedade não está preparada para aceitar a capacidade de escolha.
Afinal, a decisão do indivíduo pode confrontar a cultura já estabelecida, o
“senso comum” no qual tantos encontram apoio para suportar o peso das
escolhas. Além disso, para aqueles cujo motivador é ter poder absoluto sobre
as pessoas, quem controla o Conhecimento também controla as pessoas. Há
inúmeros casos de cientistas, sábios, bibliotecas e escolas que foram
atacadas e destruídas no decorrer da História da humanidade. Por exemplo,
a biblioteca de Alexandria, fundada em 331 a.C. por Alexandre, o Grande,
funcionou durante 600 anos até ser destruída por motivos religiosos.
E assim, apesar de seus visíveis benefícios, o Conhecimento ainda é
considerado “perigoso”. Mas não precisamos imaginar qual seria o nosso
destino caso não tivéssemos mordido a maçã do Conhecimento, o fruto da
árvore do Bem e do Mal, como mostra uma das passagens que mais gosto
da Bíblia. Basta olharmos os seres à nossa volta, aqueles que estão presos
aos instintos e às rotinas sem profundidade. Justamente por não terem
mordido o fruto, não podem reconhecer plenamente a beleza da Existência
em sua totalidade. Não conseguem enxergar a beleza, entender a importância
do sacrifício ou da realização, não podem abraçar de forma consciente a
Vida. Estão além do Bem e do Mal justamente por estarem abraçados à
ignorância.
O preço do Conhecimento é a inquietude, o incômodo, a consciência
de que podemos fazer escolhas ainda que limitadas por nós mesmos.
É ter a percepção de nossa grandeza e do caminho árduo que
precisamos fazer para alcançar esta plenitude. Mas é o oposto daquilo
que queremos? Apenas reagir ao que o mundo natural nos coloca?
Seres medianos, conformados com a prisão da mera existência?
O Conhecimento é necessário para alcançarmos nossas potencialidades,
nossa plenitude. É por meio do Conhecimento que podemos exercer
plena e sabiamente o que nos permite concretizar sonhos que trazem
impacto positivo no mundo: a Assertividade.
Maurício Luz |
1º Belmiro Siqueira de Administração – em 1996, na categoria monografia, com o tema “O Cliente em Primeiro Lugar”.
E o 2ºBelmiro Siqueira em 2008, com o tema “Desenvolvimento Sustentável: Desafios e Oportunidades Para a Ciência da Administração”..
Ex-integrante da Comissão de Desenvolvimento Sustentável do Conselho de Administração RJ.
Com experiência em empresas como SmithKline Beecham (atual Glaxo SmithKline), Lojas Americanas e Petrobras Distribuidora, ocupando cargos de liderança de equipes voltadas ao atendimento ao cliente.
Maurício Luz é empresário, palestrante e Professor. Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1997).
Mestre em Administração de Empresas pelo Ibmec (2005). Formação em Liderança por Condor Blanco Internacional (2012).
Formação em Coach pela IFICCoach (2018). Certificado como Conscious Business Change Agent pelo Conscious Business Innerprise (2019).
Atualmente em processo de certificação em consultor de Negócios Conscientes por Conscious Business Journey.
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