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Alice Arnoldi - Bebê
"Com o avanço da variante ômicron, conhecida por sua alta transmissibilidade, o estado de São Paulo tem apresentado dados preocupantes em relação ao público infantil que, mesmo não sendo fisiologicamente mais suscetível à cepa do coronavírus, acaba sendo afetada devido ao efeito dominó do atraso da vacinação em crianças menores de 12 anos.
Os dados da Secretaria Estadual da Saúde exemplificam isso. Enquanto que entre 26 de fevereiro a 31 de dezembro de 2020, 2.130 crianças de zero a 12 anos foram internadas nos hospitais do estado paulista, este número saltou para 3.425 em 2021.
Com a chegada de 2022, o cenário continua preocupante, apesar da queda de óbito em toda a população brasileira: os números de até 5 de fevereiro mostram que 669 integrantes do público infantil precisaram ser hospitalizados por causa da Covid-19. Com isso, percebe-se que houve um aumento de 172% na média diária de internações infantis deste ano quando comparada a de 2020, em todo o estado.
Dezembro já começava a desenhar este cenário
Com o início das férias combinado com as festas de fim de ano - e ainda sem a vacinação infantil, na época - , o último mês de 2021 já começava a demonstrar que o próximo ano poderia ser iniciado com altos índices em relação ao contágio pelo coronavírus, inclusive entre as crianças. Com dados recebidos pelo Bebê.com.br, os hospitais infantis particulares de São Paulo demonstraram isso com um número elevado de testes positivos para a doença e que, com a chegada de janeiro, cresceram ainda mais.
No Sabará Hospital Infantil, por exemplo, enquanto 27 crianças foram atendidas no pronto-socorro em novembro devido a Covid-19, o número aumentou para 75 em dezembro de 2021. Já no primeiro mês de 2022, os casos explodiram, chegando a 534 pacientes do público infantil procurando pelo pronto-atendimento.
A mesma crescente foi observada nas hospitalizações, que somavam apenas seis crianças internadas na instituição durante o último mês de 2021 e aumentou para 75 em janeiro de 2022.
No Hospital Sírio-Libanês, o levantamento feito pela sua Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, evidenciou que, em dezembro de 2021, 80 testes feitos em crianças acusaram positivo para a doença, com apenas uma internação após o diagnóstico. Já em janeiro deste ano, 260 exames confirmaram a infecção infantil por coronavírus, levando à hospitalização de 20 pacientes pediátricos.
Já o Hospital Santa Catarina Paulista apresentou apenas os dados de hospitalizações, indicando que cinco crianças foram internadas em dezembro do último ano, enquanto que, em janeiro de 2022, o número o número saltou para 42. “No entanto, desde o início da pandemia, não registramos óbitos por Covid-19 entre as crianças internadas. Implantamos uma série de protocolos, alinhados às recomendações do Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde, para reforçar a segurança de pacientes e profissionais, que continuam em vigor”, diz o hospital.
Mais vacinas, menos internações!
Com o avanço da imunização dos pequenos, é comum que pais se perguntem então o porquê das hospitalizações infantis estarem aumentando. A resposta não é simples, mas uma combinação de razões que começa com o fato de que a ômicron é mais transmissível, logo, o vírus se espalhou mais rapidamente entre os adultos e, consequentemente, nas crianças.
Além disso, a vacinação ainda está em andamento. Até o dia 5 fevereiro, período em que a média móvel de internações infantis mostrava-se a maior da pandemia, o país caminhava apenas para a terceira semana de imunização dos menores, ou seja, o cenário ainda era de um público pediátrico que não estava completamente vacinado porque não tinha a idade que a campanha estava cobrindo ou tinha apenas uma dose na carteirinha.
Natural, então, que fiquem mais expostos à nova cepa agressiva e, em casos mais severos, precisem ser internados com mais frequência do que antes. Inclusive, aqueles que têm menos de quatro anos e ainda não podem ser vacinados contra o coronavírus apresentam números piores de internações, sendo 189% maiores do que aquelas vistas entre o público de cinco a 12 anos, de acordo com o levantamento da TV Globo.
"Essa população [por não estar imunizada] passa a ser a mais vulnerável e, com isso, é esperado um aumento do número de crianças nessa faixa etária com o diagnóstico de Covid-19", reforça Thales Araújo de Oliveira, gerente médico do Pronto-Socorro e Centro de Excelência do Sabará Hospital Infantil.
Assim, o alerta que fica é que, ainda que o estado de São Paulo já contabilize 65% do público infantil com a primeira aplicação dos imunizantes pediátricos, é necessário completar o esquema vacinal para que ele esteja protegido contra o vírus e os números de hospitalizações reduzam significativamente."
Fonte: Bebê
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