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| Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário da segurança pública do DF Anderson Torres - Foto: Getty Images |
"Preso, ele é investigado por omissão na contenção aos atos golpistas de 8 de janeiro. Torres disse que houve 'falha grave' na execução do plano de segurança contra ataques."
Por Pedro Borges, Wellington Hanna e Pedro Alves Neto, TV Globo e g1 DF
"O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres, prestou depoimento à Polícia Federal por cerca de 10 horas, na quinta-feira (3). Ele é investigado por suspeita de omissão durante os atos golpistas cometidos por bolsonaristas radicais em Brasília, no dia 8 de janeiro. Torres nega as acusações.
Preso desde 14 de janeiro, o ex-secretário disse que não viu mensagens enviadas por setores de inteligência, antes dos ataques, indicando possível invasão a prédios públicos.
No entanto, confirmou que a possibilidade já estava prevista no Protocolo de Ações Integradas (PAI) da pasta. E alegou que houve falha na execução do plano e que, mesmo em férias, fez o possível para articular o combate aos atos terroristas.
O ex-ministro também disse que não combinou a viagem a Orlando, nos Estados Unidos, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os dois estavam na região no início de janeiro. Sobre não estar com o próprio celular ao ser preso, no Aeroporto de Brasília, ele alegou que perdeu o aparelho.
E afirmou que a minuta de decreto golpista que previa instauração de estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para alterar o resultado das eleições, encontrada na casa dele pela PF, é "descartável" e "sem viabilidade jurídica". Torres diz que não colocou o documento na própria estante, e acredita que uma funcionária tenha feito isso.
Minuta golpista:
A minuta de decreto golpista foi encontrada durante uma operação de busca e apreensão feita pela PF na casa de Torres. Aos policiais federais, o ex-ministro disse que o documento não tem "fundamento legal" e que não "tem ideia de quem" o elaborou.
"Deixa ressaltado que tecnicamente o documento é muito ruim, com erros de português, sem fundamento legal, divorciado da capacidade dos assistentes do Ministério da Justiça em produzir o documento; que não sabe e não tem ideia de quem elaborou esse documento", diz o registro do depoimento.
Torres afirmou que não foi ele quem colocou a pasta com o decreto na estante e que acredita que possa ter sido sua funcionária ao arrumar a casa. "Que não é por ser encontrado na estante que teria importância; que, na verdade, já era para ter sido descartado", disse.
Atuação nos atos golpistas:
Anderson Torres disse à PF que, nos dias anteriores aos atos golpistas, não recebeu informações sobre possíveis atos violentos. Ele alegou que tentou fazer operações para desmobilizar o acampamento de bolsonaristas radicais em frente ao Quartel-General, o que não ocorreu.
Torres também afirmou que "embora aparentemente pacifico, considera que aquele movimento [de bolsonaristas], a partir do dia 12/12, com os atos criminosos ocorridos no centro de Brasilia, perdeu a legitimidade". Na data, vândalos tentaram invadir o prédio da PF e depredaram a capital.
O ex-secretário afirmou que deixou um plano de ação preparado para os atos previstos, e que "certamente pode concluir que houve uma falha grave na execução operacional do plano, o que não é da alçada do secretário de Segurança Pública".
Segundo Torres, "se tivessem cumprido o plano assinado, esses fatos jamais teriam acontecido". O ex-secretário também disse que conhecia a segurança do Palácio do Planalto e alegou que "estranhou" a facilidade dos golpistas para invadir o prédio.
Que deixa registrado ter frequentado o Palácio do Planalto por cerca de dois anos e conhecer a estrutura de segurança do local, que considera um dos prédios mais protegidos de Brasilia; que estranha a facilidade com que os manifestantes invadiram e depredaram o Palácio do Planalto."
Viagem aos EUA:
Sobre estar de férias, em viagem aos Estados Unidos, no dia dos ataques golpistas, o ex-ministro disse que não imaginava a possibilidade dos ataques terroristas e a viagem tinha sido planejada.
"QUE se a realidade daquele momento indicasse a existência de probabilidade de atos extremistas, como os que ocorreram, não seria viajado, QUE mesmo com o conhecimento da viagem, nenhuma das autoridades de segurança o recomendou a não viajar ou o alertaram sobre qualquer risco", alegou.
"QUE essa viagem estava sendo planejada, em princípio para julho de 2022, mas em razão da sobrecarga de trabalho precisou remarcar com a família para as férias escolares de janeiro de 2023, QUE comprou as passagens aéreas sua e de sua família no dia 21 de novembro, época em que nem se cogitava a existência dessa manifestação", continuou.
Também alegou que não sabia que o ex-presidente Jair Bolsonaro também estaria na região na mesma época. "QUE não combinou com ele [Bolsonaro] e que quando da emissão das passagens, sequer tinha conhecimento que o presidente Bolsonaro iria para os Estados Unidos: QUE um não sabia da viagem do outro e não se encontraram", disse.
Fonte: g1/DF
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