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domingo, 24 de março de 2024

"Irmãos Brazão infiltraram miliciano em reunião do PSOL para espionar Marielle, diz Lessa em delação"

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Por Gabriel de Sousa , Estadão

BRASÍLIA - O ex-policial militar Ronnie Lessa, executor da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL), afirmou em delação premiada que o deputado federal Chiquinho Brazão (U"nião-RJ) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão infiltraram um miliciano de Rio das Pedras (RJ), uma comunidade pobre da Barra da Tijuca, para monitorar a parlamentar em uma reunião do PSOL.

Vereadora Marielle Franco

De acordo com o relatório do ministro, divulgado neste domingo, 24, Chiquinho e Domingos Brazão colocaram o miliciano Laerte Silva de Lima para levantar informações sobre a atuação de Marielle contra a expansão imobiliária da milícia na Zona Oeste do Rio.

Durante o encontro do PSOL, Marielle pediu para a população cariosa não aderisse a novos loteamentos situados em áreas de milícia. O relatório estabeleceu que o motivo da execução da vereadora foi a sua oposição a um projeto de Chiquinho Brazão, na época vereador, que visava a regularização de condomínios irregulares em regiões dominadas por grupos paramilitares.

O relatório do magistrado cita também uma reunião que os irmãos Brazão tiveram com Lessa e Robson Calixto Fonseca, mais conhecido como “Peixe”, que é assessor do TCE-RJ. No encontro, foi apresentada uma exigência do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, que seria a de não assassinar a vereadora se ele estivesse saindo da Câmara Municipal do Rio.

“Dessa primeira reunião, extraem-se três pontos: os Irmãos Brazão infiltraram o nacional Laerte Silva de Lima nas fileiras do PSOL para levantamento interno de informações, o que resultou na indicação de que Marielle pediu para a população não aderir a novos loteamentos situados em áreas de milícia. Foi apresentada aos sicários a proposta de recompensa pelo crime e estabelecida a única exigência, qual seja, a execução não poderia se originar da Câmara dos Vereadores”, diz o trecho da decisão de Moraes.

Neste domingo, 24, Chiquinho e Domingos foram presos pela PF por serem considerados os mandantes da execução. Rinaldo Barbosa também foi preso por obstruir as investigações e participar do planejamento do crime. Já Robson Calixto Fonseca foi alvo de busca e apreensão e foi afastado das funções públicas por Moraes.

O advogado Ubiratan Guedes, que representa Domingos, e o advogado Alexandre Dumans, que representa Barbosa, negam a participação deles no assassinato da vereadora. A defesa de Chiquinho Brazão foi procurada neste domingo, mas não se manifestou. No último dia 20, em nota, ele se disse “surpreendido por especulações que buscam envolver no crime”." 

"Suspeitos de mandar matar Marielle, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa chegam a Brasília e vão para presídio federal

Os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa ficarão celas individuais       

As prisões integram a Operação Murder Inc, que também vasculhou 12 endereços do Rio de Janeiro, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A decisão dele passará por votação da Primeira Turma da Corte em sessão virtual que será realizada entre a 0h e 23h59m de segunda-feira, 25. Moraes também retirou o sigilo da decisão, do parecer da PGR e do relatório final da PF. Os documentos foram disponibilizados pela PF.

Motivo

Segundo o ex-policial militar Ronnie Lessa, autor das mortes e delator, Marielle estava "atrapalhando os interesses dos irmãos, em especial, sua atuação junto a comunidades em Jacarepaguá, em sua maioria dominadas por milícias, onde se concentra relevante parcela da base eleitoral" da família Brazão. A vereadora teria pedido para a população não aderir a novos loteamentos situados em áreas de milícia.

"Os elementos apresentados pelo discurso do colaborador podem ser sintetizados em duas questões primordiais: a suposta animosidade dos Brazão com integrantes do PSOL, apontada por conta de levantamentos de políticos da legenda que teriam sido solicitados no interesse dos Irmãos, e a atuação de Marielle Franco junto a moradores de comunidades dominadas por milícias, notadamente no tocante à exploração da terra e aos loteamentos ilegais", diz a Polícia Federal.

Fonte: Estadão Conteúdo         

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