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domingo, 14 de abril de 2024

História do Brasil: "Quem é Essa Mulher"

 

Fonte: @AlbertoNogueiraMPB

PARA NÃO ESQUECER – 14 DE ABRIL DE 1976

ASSASSINATO DE ZUZU ANGEL

Por Ernesto Germano Parés    

"Zuzu Angel, ou Zuleika de Souza Netto foi estilista brasileira, talvez uma das primeiras com grande expressão na moda internacional. Mas, talvez, tenha entrado para a nossa história por outra razão.

Zuzu Angel foi uma das primeiras pessoas a ter coragem de enfrentar a ditadura militar e denunciar no exterior o que ocorria no Brasil porque procurava incessantemente pelo seu filho, militante, assassinado pelo governo e transformado em desaparecido político. 

Já conhecida no exterior como grande estilista, e com trânsito entre autoridades internacionais, começou a apresentar documentos e depoimentos sobre o que acontecia nos porões da ditadura no Brasil. (O que Zuzu Angel não sabia é que os EUA estava intrinsecamente envolvido à Ditadura Militar no Brasil desde 1962). Declarações de companheiros que viram seu filho nas celas e sendo torturado.
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Sua procura desesperada pelos culpados pelo desaparecimento do corpo do filho só terminou com sua morte, ocorrida na madrugada de 14 de abril de 1976, num estranho “acidente” de carro na Estrada da Gávea, à saída do Túnel Dois Irmãos (Estrada Lagoa-Barra), Rio de Janeiro. Hoje o túnel tem o seu nome – “Túnel Zuzu Angel”

Segundo a versão oficial da época, seu carro, Karmann Ghia TC, derrapou na saída do túnel e saiu da pista, chocou-se contra a mureta de proteção, capotando e caindo na estrada abaixo, matando-a instantaneamente. Seu corpo está no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.

Uma semana antes do acidente, Zuzu deixara na casa de Chico Buarque de Holanda um documento que deveria ser publicado caso algo lhe acontecesse. No documento estava escrito: "Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho".

Em 1998, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos investigou a morte de Zuzu Angel. Em seu relatório final publicado em 2007, a Comissão inseriu depoimentos de duas testemunhas oculares do acidente, sendo um deles prestado indiretamente, que afirmaram ter visto o carro de Zuzu ter sido fechado por outro e jogado fora da pista, caindo de uma altura de cerca de cinco metros.

Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade recebeu de Cláudio Antônio Guerra, ex-agente da repressão que operou como delegado do Departamento de Ordem Política e Social do Espírito Santo (DOPS), a confirmação da participação dos agentes da repressão na morte de Angel, como o torturador militar Freddie Perdigão que aparece na foto vestido de civil (circulado de vermelho)


Foto liga militar a "acidente" de Zuzu Angel, diz Comissão da Verdade - 25/07/2014


Em 2019, sua filha Hildegard Angel se dirigiu ao 8.º cartório do Registro Civil da Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro, com um mandado judicial, e conseguiu finalmente emitir as certidões de óbito de sua mãe, Zuleika, e de seu irmão, Stuart. As causas das mortes foram atestadas como "morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistêmica e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985".

Filme Zuzu  Angel 2006 é uma produção da Globo Filmes
Fonte: Arquivo LuizGCAM

Stuart Angel Jones, filho de Zuzu, era estudante de economia, passou a integrar as organizações de esquerda que combatiam a ditadura militar no Brasil, instaurada em 1964, filiando-se ao MR-8, grupo guerrilheiro de ideologia socialista do Rio de Janeiro. Preso em 14 de junho de 1971, Stuart foi barbaramente torturado e morto pelo Centro de Informações da Aeronáutica (CISA) no aeroporto do Galeão e dado como desaparecido pelas autoridades.
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Em homenagem a Zuzu Angel, Chico Buarque fez a música “Angélica”. 
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PS do autor. "Quem me conhece bem e sabe minhas histórias, vai entender como foi difícil para mim escrever sobre isso" "

Fonte: texto - WhatsApp 

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