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terça-feira, 3 de abril de 2012

Exigência de diploma de Jornalismo já é lei...


Exigência de diploma já é lei em Ponta Grossa no Paraná

No dia 12 de março a Câmara de Vereadores de Ponta Grossa (PR) derrubou, por unanimidade, o veto do prefeito Pedro Wosgrau (PSDB) à Lei Nº 10.858, que exige a obrigatoriedade de diploma de curso superior em Jornalismo para as funções de jornalista e assessor de imprensa em órgãos públicos locais. A votação foi acompanhada por uma platéia de aproximadamente 70 pessoas, entre estudantes, professores e profissionais de comunicação.


A autora da Lei, vereadora Alina de Almeida Cesar (PMDB), salientou que o projeto foi pensado para resguardar o direito das pessoas que se esforçaram para ter uma formação superior específica na área. “Espero que a Lei contemple àqueles que passaram anos de suas vidas para ter uma formação sólida e para desenvolver um trabalho sério no Jornalismo”


Fonte: FENAJ - Federação Nacional de Jornalistas.





Para o diretor de Defesa Corporativa da Delegacia do Sindijor na Região dos Campos Gerais, Ismael de Freitas, a votação foi um sucesso e aponta para um futuro onde a exigência do diploma será um consenso. “Já temos decisão parcial do Senado restabelecendo a exigência através da PEC 33. Ponta Grossa agora dá um passo na mesma direção, ou seja, do respeito aos profissionais de Comunicação”, disse.






Diploma de jornalista: uma questão


de ressarcimento


Luís Tôrres

"Escrever com raiva é uma das piores coisas que pode acontecer aquele que se propõe a redigir. O coração travado de indignação emperra a fluência criativa. Produz impropérios, não argumentos.

É assim que me sinto ao falar sobre o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício jornalístico e a forma jocosa, desrespeitosa e sarcástica com que o STF o decretou.
Dizer que a prática do jornalista é dada a qualquer um que domine duas ou três regras da gramática é o mesmo que dizer a alguém que basta engolir a Constituição Federal pra se tornar um advogado constitucionalista.
Executo um mantra mental pra poder me despir da indignação e comentar o tema. Faço-o pela perspectiva de votação da PEC 033 na  e na tentativa de sensibilizar nossos senadores.
Caros, a maior violência cometida pelo fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício jornalístico não está na desvalorização salarial ou na questão de selecionar bons profissionais.
A maior violência está na retirada do futuro profissional do jornalismo da obrigatoriedade de frequentar uma Faculdade de Comunicação Social. E não porque ele será mais ou menos ético, porque ética é índole e não se aprende na faculdade.
Mas é preciso registrar que as universidades nada mais são do que ambientes que reúnem pessoas afinadas num determinado tema para que, diante da convivência diária, elas possam contribuir com a evolução do assunto em questão.
É assim na medicina, no direito, na física, na biologia, na pedagogia, filosofia, artes, enfim, em tudo. A pesquisa individual ganha corpo quando compartilhada.
O STF tirou a obrigação de que pessoas inclinadas, apaixonadas ou talentosas no fazer jornalístico troquem experiências, permitindo a evolução do tal exercício.
Temos exemplos de colegas talentosos na “arte” de fazer jornalismo que nunca passaram por uma faculdade. Imagine que contribuição eles não teriam dado pra própria evolução da profissão se tivessem compartilhado seus dons e experiências na universidade?
Foi isso que o STF roubou do jornalismo. Não o diploma. Mas a capacidade de evolução por meio do estudo e da prática compartilhada sob a orientação de mestres, professores e especialistas no assunto.
Imagine quantos talentos jornalísticos deixarão de contribuir para o avanço da profissão e formação de novos profissionais pelo simples fato de que o STF decidiu que para ser jornalista o cidadão basta saber escrever ou falar.
Isso é furto.
A quem interessa um jornalismo ignorante, que não evolui ao passar dos anos?
Será que são as mesmas pessoas que não querem um povo instruído, letrado e formalmente educado?
É contra isso que lutamos. Contra a estagnação do estudo e da prática compartilhada sobre o fazer jornalístico. Contra a tese fraticidada do cada um por si numa profissião tão perigosa pra quem faz e pra quem a consome.
Chegou a hora do Congresso Nacional se impor, ao menos um pouquinho, diante do Supremo Tribunal Federal, acusado de legislar por pura falta de segurança ( e inspiração) de nossos legisladores, e recuperar esse objeto roubado do jornalismo."
É uma questão de ressarcimento.
PS: O senador Cássio Cunha Lima está consultando jornalistas sobre a PEC 033. "Ele mais do que ninguém sabe o que ter um diploma roubado."

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