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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Zumbido no ouvido

Zumbido no ouvido

Estudo realizado pela Faculdade de Medicina (FM) da USP, coordenado pela otorrinolaringologista Tanit Ganz Sanchez, mostra que 34,7% dos pacientes atendidos no grupo têm a exposição a ruídos como uma das causas do zumbido. Segundo a especialista, esta exposição pode ser por trauma acústico (exposição rápida a som forte) ou por exposição prolongada a sons não tão fortes, mas potencialmente lesivos.
O levantamento foi realizado em novembro de 2007, com base no banco de dados dos pacientes matriculados no Grupo de Pesquisa em Zumbido. No total, 897 pacientes com zumbido foram incluídos na análise, com idades variando entre 5 e 87 anos. Segundo a pesquisa, a procura por tratamento pelos jovens (menores de 25 anos) aumentou cerca de 20% entre os anos de 2005 e 2007. "A incidência vem aumentando gradativamente em crianças e adolescentes, antecipando a faixa etária acometida por esses problemas", explica Tanit Sanchez.
Uso excessivo dos fones de ouvido
Os dados preliminares sugerem que o aumento do problema entre os jovens pode estar vinculado ao uso excessivo de fones de ouvido, além de aparelhos eletrônicos, como ipods, MP3, telefones celulares e brinquedos sonoros, que representam um hábito mais recente entre os brasileiros. "Se a exposição ao som for inadequada e contínua, pode comprometer a saúde auditiva de crianças e adolescentes", ressalta. Os fones de ouvido são considerados pelos médicos os mais prejudiciais porque carregam sons de até 120 decibéis diretamente para o tímpano, colaborando com o aparecimento de zumbido, antes mesmo de provocar alguma perda auditiva perceptível.
Barulho excessivo em brinquedos
Portanto, presentear uma criança ou um adolescente com aparelhos eletrônicos exige cuidados redobrados. Brinquedos eletrônicos à disposição no comércio chegam a emitir ruídos de 82 a 130 decibéis - intensidades maiores do que aquelas preconizadas para um trabalhador adulto, como alerta a médica.
Os abusos constantes de sons altos, aliados a crescente poluição sonora, têm causado ainda irritabilidade, insônia, falta de concentração, agitação, taquicardia e ansiedade, entre outros sintomas.
Sintomas da perda auditiva
Um dos primeiros sintomas da perda auditiva é o zumbido. Ele é gerado por fatores ambientais (estresse e má alimentação, por exemplo), além de genéticos. A perda auditiva gera problemas de comunicação e o zumbido, quando em escalas intensas, produz dificuldades para a pessoa se concentrar e dormir.
"Em geral, muita atenção é dada à perda auditiva, enquanto o zumbido e a hipersensibilidade a sons, sintomas que podem aparecer antes de danos maiores à via auditiva, ficam em segundo plano", enfatiza Tanit Sanchez.
Causas do zumbido no ouvido
A pesquisadora aponta que o zumbido é um mal que afeta cerca de 28 milhões de brasileiros. Trata-se de um som intermitente ou contínuo, fraco ou bastante pertubador e que muitas vezes pode ser ouvido 24 horas por dia. "O zumbido pode parecer um som de apitos, chiados, cigarras, panelas de pressão, cachoeira ou escape de ar, entre os mais comuns", ressalta Tanit.
"O problema pode estar associado a perdas auditivas, infecções de ouvido, vertigens, exposição prolongada a ambientes muito ruidosos, estresse, depressão e ansiedade", explica, advertindo que, apenas os que se envolvem com o sofrimento dos pacientes, conseguem ter uma dimensão mais correta do prejuízo causado na qualidade de vida. "Por esta razão, recomenda-se limitar o uso de fones de ouvido, evitar escape do som pelo fone, não ultrapassar o volume médio de cada aparelho e nem duas horas de uso consecutivo desses equipamentos e ainda reduzir o consumo de doces e gorduras."

Por que e como ouvir som alto prejudica a audição?
Redação do Diário da Saúde

Os ruídos muito elevados têm um efeito mecânico sobre o revestimento de mielina das células nervosas, danificando a transmissão dos sinais elétricos do ouvido até o cérebro.
Desgaste do ouvido?
Fones de ouvido com volume alto demais podem não apenas comprometer a saúde auditiva, como também afetar a memória e a aprendizagem.
Medições em laboratório indicam que alguns aparelhos tocadores de MP3 conseguem jogar nos ouvidos um ruído semelhante ao de uma turbina de avião em pleno funcionamento.
Mas por que, e sobretudo como, ouvir som alto danifica o ouvido?
Esta é uma resposta que só agora os cientistas começam a elaborar com precisão. E a resposta veio acompanhada de uma boa notícia.
Danos na mielina
Ruídos acima de 110 decibéis causam problemas sérios de audição, incluindo surdez temporária e zumbido nos ouvidos, mas esta é a primeira vez que os cientistas conseguiram identificar o dano celular que causa esses efeitos.
As células nervosas que levam os sinais elétricos - correspondentes aos sons - até o cérebro, têm um revestimento chamado mielina.
Os ruídos muito elevados têm um efeito mecânico sobre esse revestimento, podendo destruir ou até arrancar as células da mielina, atrapalhando o tráfego dos sinais elétricos.
Uma exposição prolongada a esses ruídos danifica cada vez mais a camada de mielina, o que significa que os nervos terão uma eficiência cada vez menor na transmissão das informações auditivas até o cérebro.
E, assim, a pessoa vai perdendo a audição aos poucos.
Os danos ao revestimento das células nervosas também as torna mais suscetíveis a "interferências", eventualmente gerando o tão incômodo zumbido nos ouvidos.
Reversão da perda auditiva
A boa notícia é que pode ser possível ajudar a recuperação das células danificadas, eventualmente restaurando a audição.
O organismo faz isso sozinho, nos casos da perda temporária de audição, embora o processo leve até três meses.
"Nós agora entendemos porque a perda de audição pode ser revertida em alguns casos," disse a Dra Martine Hamann, da Universidade de Leicester, no Reino Unido.

"A pesquisa nos permitiu compreender o percurso da exposição aos ruídos altos até a perda auditiva. Além de ajudar na prevenção, o trabalho poderá ajudar a encontrar curas para a progressão da perda auditiva," conclui ela.

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