Por Daniel Carvalho e Carla Araújo
“Empresas
mineradoras doaram ao menos R$ 6,6 milhões às campanhas de
deputados federais que tratam diretamente do novo Código de
Mineração e aos parlamentares da comissão externa da Câmara
criada para monitorar os efeitos do rompimento das barragens da
Samarco no município de Mariana, em Minas. Nesta segunda-feira, 16,
eles estarão em visita à região do desastre. As doações
declaradas à Justiça Eleitoral foram feitas aos comitês dos
candidatos ou aos diretórios dos partidos.
Na
recém-criada comissão especial para discutir o Código de
Mineração, 11 dos 20 parlamentares já indicados receberam R$ 3,39
milhões. O valor pode aumentar, uma vez que ainda faltam sete
indicações para o colegiado. Dos 18 deputados do grupo que viajará
a Mariana, 13 foram financiados por mineradoras, no total de R$ 2,5
milhões.
A
Vale, controladora da Samarco com a BHP, doou R$ 4,2 milhões a
deputados, segundo o Estadão
Dados.
A reportagem só contabilizou empresas que trabalham com mineração
em seus grupos.
Membro
da comissão externa, o deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG) foi o
que recebeu no grupo o maior volume de doações diretas ou
indiretas, feitas via direção nacional de seu partido. Foram R$
801,1 mil. Castro não atendeu às ligações nem respondeu a
mensagens até as 20h50 deste domingo, 15.
Campeão
O
líder de doações é justamente o relator do texto que propõe
novas regras para o setor, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG). Ele
recebeu R$ 1,4 milhão em doações diretas e indiretas. É também o
maior beneficiário das mineradoras quando analisados os 18 deputados
da comissão criada no início do ano que receberam doações do
setor.
Quintão
diz que o “apoio” que recebe das mineradoras não interfere em
seu trabalho. “Não cedi a lobby de mineradora. Recebo apoio
financeiro, como tenho sido acusado pelos ambientalistas, legalmente
do setor. Mas o projeto não tem nada de minha parte que isente
mineradora. Ao contrário, estou aumentando (as
cobranças às empresas)”,
afirma.
A
Câmara manteve em funcionamento uma comissão especial que, por sete
meses, discutiu o Código de Mineração, mas foi encerrada sem votar
o relatório de Quintão. Agora, um novo colegiado será constituído.
Coordenador
da Frente Parlamentar Mista da Agropecuária, a chamada bancada
ruralista, o deputado Marcos Montes (PSD-MG) recebeu R$ 788,7 mil de
mineradoras. Integrante das duas comissões, a encerrada e a
recém-criada, ele diz acreditar “ser extremamente normal” a
situação.
“Não
é o fato lamentável do acidente que vai tirar o mérito das
mineradoras”, diz. “Já fui ajudado por muitas empresas, porque
acho que confiam em mim e sabem que posso fazer a defesa de setores
que prestam serviço ao País.”"
Fonte: MSN - notícias / Estadão
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