Grupo passa a ser réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas
"O
juiz federal Sérgio Moro aceitou denúncia nesta quinta-feira (9)
contra Cláudia Cordeiro Cruz, mulher do presidente
afastado da Câmara Eduardo Cunha, o empresário português Idalécio
de Castro Rodrigues de Oliveira, o lobista João Augusto Rezende
Henriques, e o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge
Luiz Zelada, em um processo oriundo da Operação Lava Jato. Com
isto, o grupo se torna réu, por crimes de corrupção passiva,
lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
A decisão de
Moro foi publicada no sistema da Justiça Federal. O juiz também
expediu um novo mandado de prisão preventiva contra João Henriques,
que já está detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região
Metropolitana de Curitiba. A denúncia do MPF recebida por Moro é um
desmembramento do processo contra Eduardo Cunha noSupremo Tribunal
Federal.
Moro
aceitou denúncia contra a mulher de Eduardo Cunha, Claudia Cruz
O despacho
da Polícia Federal do Paraná, assinado por Moro nesta quinta-feira,
informa que o contrato de aquisição pela Petrobras dos
direitos de participação na exploração de campo de
petróleo na República do Benin, país africano, da Compagnie
Beninoise des Hydrocarbures Sarl - CBH, teria envolvido o pagamento
de propinas a Eduardo Cunha de cerca de 1.311.700,00 francos
suíços, correspondentes a cerca de USD 1,5 milhão.
A
propina teria sido paga por Idalécio de Castro Rodrigues de
Oliveira, proprietário da empresa vendedora, e acertada com
o Diretor da Área Internacional da Petrobrás Jorge Luiz
Zelada. Teria sido intermediada pelo operador João Augusto
Rezende Henriques e paga mediante transferências em contas
secretas no exterior. Parte da propina teria sido destinada a
contas no exterior em nome de off-shores ou trusts que
alimentavam cartões de crédito internacional utilizados por Cláudia
Cordeiro Cruz, e foram utilizados para aquisição de bens e para
despesas pessoais dela.
"A
acusada Cláudia Cordeiro Cruz, esposa do parlamentar, teria se
beneficiado de parcela do produto do crime, utilizando ainda
expedientes para ocultar o seu recebimento e a sua fruição",
informa o despacho de Moro.
O
MPF encaminhou a Sérgio Moro diversos documentos para amparar as
alegações, como extratos de cartão de crédito de Claúdia
Cruz. O MPF imputa a esposa de Cunha o crime de lavagem de dinheiro,
pela ocultação dos recursos de propina em conta secreta no
exterior, da qual era beneficiária final, e a utilização desses
recursos para a realização de pagamentos e gastos de luxo.
"Não
cabe nessa fase processual exame aprofundado da denúncia, o que deve
ser reservado ao julgamento, após contraditório e
instrução. Basta apenas, em cognição sumária, verificar
adequação formal e se há justa causa para a denúncia",
diz a Justiça do Paraná.
Outro
trecho do despacho atesta que a alegação de que as contas e valores
era titularizados por trusts ou off-shore é "bastante
questionável", e que a justificativa de Eduardo Cunha de que o
valor recebido da Acona seria a devolução de um empréstimo "não
se encontra, em princípio, acompanhada de qualquer prova
documental".
Moro
pede ainda manifestação do MPF sobre a situação de Idalécio
de Castro Rodrigues de Oliveira, que mora em Portugal, e sobre
Danielle Ditz Cunha, já que não houve promoção de
arquivamento.
"Minha
esposa possuía contas dentro das normas da legislação"
Eduardo
Cunha publicou nota por meio das redes sociais, frisando que as
contas de Cláudia Cruz no exterior estavam dentro da
legalidade. "Minha esposa possuía contas no exterior
dentro das normas da legislação brasileira, declaradas às
autoridades competentes no momento obrigatório, e a origem dos
recursos nela depositados em nada tem a ver com quaisquer recursos
ilícitos ou recebimento de vantagem indevida."
O
presidente afastado da Câmara dos Deputados também ressaltou que a
defesa já pediu para que o processo da mulher tramite junto com o
dele. "O desmembramento da denúncia foi alvo de recursos e
reclamação ainda não julgados pelo STF que, se providos, farão
retornar esse processo do STF. Independente do aguardo do julgamento
do STF, será oferecida a defesa após a notificação, com certeza
de que os argumentos da defesa serão acolhidos."
Fonte:
Jornal do Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é sempre bem-vinda!