E que a Alemanha e Noruega investem cerca de 3500 bilhões de reais na preservação da Amazônia ("recursos do Fundo Amazônia, o programa de financiamento à proteção da maior floresta tropical do mundo".) E que estão dispostos a não investir mais se o atual governo brasileiro não se prontificar a cumprir o "Acordo de Paris", no qual 195 países, dentre eles o Brasil é um dos signatários, se comprometeram a acabar com gases que causam o efeito estufa no planeta. "Os Planos do ministro do Meio Ambiente de alterar normas ameaçam afastar doadores".
Por DW
"Chanceler
federal alemã diz ver com preocupação questão dos direitos
humanos e proteção ao meio ambiente no Brasil, mas defende que
abrir mão de um acordo entre União Europeia e Mercosul não é a
resposta."
“A
chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, disse na última quarta-feira (26/06) ver com "grande preocupação" a
situação no Brasil, a qual descreveu como "dramática"
sob o governo do presidente Jair Bolsonaro nas questões ambientais e
de direitos humanos.
A
declaração da chefe de governo alemã foi dada em sessão no
Parlamento em Berlim, em resposta ao questionamento da deputada do
Partido Verde Anja Hajduk.
Para
a deputada, a União Europeia deveria usar seu peso econômico como
instrumento de pressão para que direitos humanos e a defesa do meio
ambiente sejam observados em outras partes do mundo, como a América
do Sul.
Em
resposta, Merkel reiterou seu apoio a um desfecho rápido para as
negociações de livre-comércio e disse que, em sua visão, a
resposta para a situação no Brasil hoje não está em abrir mão de
um acordo com o Mercosul.
"Eu,
assim como você, vejo com grande preocupação a questão da
atuação do novo presidente brasileiro. E a oportunidade será
utilizada, durante a cúpula do G20, para falar diretamente sobre o
tema, porque eu vejo como dramático o que está acontecendo no
Brasil”, afirmou Merkel.
"Eu
não acho que não levar adiante um acordo com o Mercosul vá fazer
com que um hectare a menos de floresta seja derrubado no Brasil. Pelo
contrário", completou a chanceler federal alemã. "Eu vou
fazer o que for possível, dentro das minhas forças, para que o que
acontece no Brasil não aconteça mais, sem superestimar as
possibilidades que tenho. Mas não buscar o acordo de livre-comércio,
certamente, não é a resposta para essa questão."
Não
é a primeira vez que
Merkel aborda a questão das negociações com o Mercosul. Em
dezembro, ela havia admitido que o governo Jair Bolsonaro, quando
tomasse posse, poderia dificultar as conversas. "O
tempo para um acordo entre a UE e Mercosul está se esgotando. O
acordo deve acontecer muito rapidamente, pois, do contrário, não
será tão fácil alcançá-lo com o novo governo do Brasil",
afirmou então.
A
política de Bolsonaro para o meio ambiente é alvo constante de
críticas na Europa. Em abril, mais
de 600 cientistas europeus e cerca de 300 indígenas pediram
que a União Europeia vincule as importações oriundas do Brasil à
proteção do meio ambiente e dos direitos humanos. O pedido foi
feito numa carta publicada na revista científica Science.
No
início de junho, Alemanha
e Noruega manifestaram
contrariedade à proposta do governo Bolsonaro de alterar a estrutura
de governança e o destino dos recursos do Fundo Amazônia, programa
de financiamento à proteção da maior floresta tropical do mundo.
Os europeus também rejeitaram as insinuações do governo brasileiro
de que há indícios de irregularidades em contratos do fundo.
Negociações
Um
desfecho das negociações entre UE e Mercosul, que se arrastam há
mais de duas décadas, é dado como próximo por ambas as
partes.
No
último dia 13 de junho, a comissária da UE para o Comércio,
Cecilia Malmström, afirmou
que a conclusão das negociações é
sua "prioridade número um" e que pretende fechar o pacto
antes do término do atual mandato da Comissão Europeia, em 31
de dezembro.
Segundo
a comissária, a UE estaria "pronta para fazer concessões" e
"espera o mesmo" dos países do Mercosul, bloco
formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Dias
antes, durante visita ao presidente argentino, Mauricio Macri, em
Buenos Aires, Bolsonaro havia
afirmado estar
"prestes a chegar a um acordo" com a UE.
Em
2004, os dois blocos chegaram a trocar propostas, mas a iniciativa
fracassou diante da discordância sobre a natureza dos produtos e
serviços que seriam englobados no acordo. Os sul-americanos queriam
mais acesso ao controlado mercado agrícola europeu. Já a UE
desejava avançar no setor de serviços e comunicações dos países
do Mercosul.
Nos
últimos três anos, as negociações tiveram um progresso mais
significativo, mas ainda esbarram em várias divergências envolvendo
a indústria automobilística e a circulação de produtos como
carne bovina. Várias associações de produtores europeus temem a
concorrência dos brasileiros, já que estes não ficaram satisfeitos
com o sistema de cotas oferecido pelos europeus.
Pressão
verde
A
pressão do Partido Verde sobre Merkel acontece num momento em que o
tema meio ambiente ganhou novo impulso na Europa, na esteira
dos protestos
semanais de adolescentes por
políticas climáticas mais incisivas.
A
pesquisa do instituto Forsa confirmou uma tendência já mostrada
nas eleições ao Parlamento Europeu, no mês passado, quando o
Partido Verde obteve o maior resultado de sua história numa votação
nacional, 20,5%.
Os
grandes partidos no poder na Alemanha, a conservadora CDU, de Merkel,
e o social-democrata SPD, vivem um momento de declínio. Há temores
de que a coalizão atualmente no governo desmorone, o que
precipitaria novas eleições na Alemanha. E, nesse cenário, a
julgar pelas pesquisas mais recentes, é uma possibilidade real que
o próximo chanceler federal da Alemanha possa ser do Partido Verde,
em parceria com outra legenda.”
RPR/ots
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Fonte: DW - Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz
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