sábado, 31 de agosto de 2019

"Após proibição, governo passa a permitir queimadas em novas áreas"

Vista aérea de queimada em área desmatada de Boca do Acre (AM) - 24/08/2019 (Lula Sampaio/AFP)






Por Leonardo Lellis – VEJA.com

Dois dias depois de proibir queimadas durante 60 dias em todo o país, o presidente Jair Bolsonaro editou um novo decreto para abrandar este veto e ampliar as hipóteses de exceção em que a prática segue permitida. Publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) neste sábado, 31, o texto permite o uso de fogo para práticas agrícolas fora da Amazônia Legal, desde que imprescindíveis à colheita e autorizadas pelo órgão ambiental estadual, conforme as regras do Código Florestal.

Veja cobertura especial sobre o desmatamento e as queimadas na Amazônia.

O veto temporário a queimadas foi publicado na última quinta-feira, em meio à pressão internacional para que o governo controle incêndios florestais, sobretudo na região da Amazônia. O decreto já previa o uso de fogo em vegetações em três hipóteses: para controle fitossanitário (preservação ou defesa dos vegetais), prática de prevenção e combate a incêndios ou agricultura de subsistência executada por populações tradicionais e indígenas.

Pelos dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), desde janeiro foram registrados 83.329 focos de incêndios florestal no Brasil, o que representa um aumento de 77% em relação ao mesmo período de 2018. A suspeição pública por parte do presidente Bolsonaro de que os dados do instituto contenham erros e a demissão de Ricardo Galvão da presidência da entidade foram alguns dos fatores que geraram críticas às políticas ambientais do governo no primeiro semestre.

Nas últimas semanas outros episódios intensificaram o quadro, como as decisões dos governos da Noruega e Alemanha de suspenderem doações ao Fundo Amazônia – que patrocina projetos ambientais na região – por entenderem que o Brasil não está seguindo políticas pertinentes para impedir o aumento do desmatamento. Bolsonaro reagiu e chegou a dizer que a verba poderia ser utilizada para “reflorestar” o território alemão, além de associar o governo norueguês à matança de baleias.

Após tarde recente em que o céu da cidade de São Paulo escureceu  – e especialistas indicaram a presença no ar de fumaça de queimadas florestais como uma das causas do fenômeno -, uma crescente pressão internacional denunciou a ocorrência de queimadas na Amazônia, levando o assunto à cúpula do G7 por sugestão do presidente francês Emmanuel Macron.

Bolsonaro e outras autoridades do governo acusaram o chefe de Estado europeude agir em interesse do setor agropecuário de seu país e desrespeitar a soberania brasileira. Uma doação de 20 milhões de dólares (cerca de 83 milhões de reais) do G7 para o combate de incêndios chegou a ser recusada pelo Planalto, mas nos últimos dias diversas medidas foram tomadas para sinalizar o esforço na preservação das florestas, incluindo o uso da Força Nacional no combate de queimadas.”

Fonte: Veja.com  

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Glenn Greenwald no Entre Vistas, hoje 29 às 22h


Fonte: TVT

"Glenn Greenwald nasceu em Nova Iorque, em 1967. É jornalista, advogado constitucionalista e escritor. Radicado no Brasil desde 2005, vive no Rio de Janeiro.

É casado com o deputado federal pelo PSOL David Miranda, com quem adotou João e Jonathan.

É um dos fundadores do The Intercept, uma agência de notícias que, desde junho de 2019, vem publicando uma série de matérias sobre os diálogos secretos da operação Lava Jato.

Antes de fundar o The Intercept, Glenn trabalhou por uma década na área do direito, lançou um blog e escrevia para o portal Salon e para o jornal britânico The Guardian, onde publicou o vazamento de documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos sobre espionagem, corrupção e crimes de guerra."

Glenn Greenwald anuncia vazamentos envolvendo Jornal Nacional da Rede Globo


Fonte: TVT

Vamos ser patriotas! Petrobras é dos brasileiros!





"A Petrobras está sendo privatizada. Estamos vendendo a preço de banana a maior empresa do Brasil para empresários estrangeiros. 

Ao invés de vender a empresa de uma vez, como fizeram com a Vale, os últimos e o governo atual, estão fatiando a empresa e a vendendo em partes. Junto a isso, favorecem as importadoras estrangeiras, impondo preços altos aos combustíveis no Brasil. A consequência é o aumento do preço do gás de cozinha, da gasolina e do óleo diesel, o que gera mais gastos para o povo mais pobre e para a classe média, além de aumento da inflação, encarecendo todos os produtos consumidos pelo povo brasileiro. Ela, que já foi um motivo de orgulho para os brasileiros, está sendo sabotada para beneficiar as petrolíferas estrangeiras. 

A política de "desinvestimento" da Petrobrás, começada pelos últimos presidentes da Petrobras e aprofundada na gestão Bolsonaro, inclui: a venda de poços de petróleo bilionários por migalhas; venda para o capital estrangeiro de infraestruturas como dutos e terminais construídos ao longo de décadas pelo Estado e pela Petrobrás; entrega da BR Distribuidora e possibilidade de venda de outras empresas subsidiárias da Petrobras, como a Transpetro e a Liquigás; venda de 8 das 13 refinarias da Petrobras; retirada de direitos e empregos de centenas de milhares de trabalhadores diretos
e indiretos gerando impacto no comércio,
fornecedores e serviços em geral; diminuição da produção de combustíveis nas refinarias brasileiras em benefício da importação de combustíveis produzidos fora do Brasil por petrolíferas estrangeiras; Redução drástica do investimento em energia renovável; entre outros absurdos. Precisamos parar já esse desmonte. 

Só a Petrobrás estatal pode garantir a transição para energias mais limpas e solidez da economia para que deixemos de ser uma mera colônia exportadora de matéria prima, que não têm educação, tecnologia e empregos qualificados. Sem soberania energética não podemos pensar em um futuro para o nosso país, não teremos dinheiro para investir na educação do nosso povo, na melhoria dos serviços públicos e nem geração de empregos para combater a enorme taxa de desemprego do povo brasileiro."

Fonte: autor desconhecido

Palestras gratuitas

O 1º FÓRUM NACIONAL AUTO TRATAMENTO ENERGÉTICO ESTÁ CHEGANDO! O FONATEN!


Fonaten - Palestras gratuitas

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Saúde: Quem deve tomar a vacina contra o sarampo até o final do mês de agosto


Fonte: Drauzio Varella

História do Brasil: "Em 1979, a Lei da Anistia era aprovada em sessão tensa"


Tv Senado


Hoje, 28 de agosto 2019 completa 40 anos da Lei de Anistia Geral e Irrestrita neste país chamado Brasil


O Brasil foi o último país da America Latina a criar uma uma Lei de Anistia. Enquanto o Chile e Argentina para citar dois exemplos, logo após o término da Ditadura Militar fizeram suas leis da Anistia.

Por Ricardo Westin
Colaborou: Arquivo do Senado
"A Lei da Anistia completa 40 anos hoje,quando foi assinada em 28 de agosto de 1979, o presidente João Baptista Figueiredo concedeu o perdão aos perseguidos políticos (que a ditadura militar chamava de subversivos) e, dessa forma, pavimentou o caminho para a redemocratização do Brasil.

Foram anistiados tanto os que haviam pegado em armas contra o regime quanto os que simplesmente haviam feito críticas públicas aos militares. Graças à lei, exilados e banidos voltaram para o Brasil, clandestinos deixaram de se esconder da polícia, réus tiveram os processos nos tribunais militares anulados, presos foram libertados de presídios e delegacias.

O projeto que deu origem à Lei da Anistia foi redigido pela equipe do general Figueiredo. O Congresso Nacional o discutiu e aprovou em apenas três semanas.
João Figueiredo assina, em 28 de agosto de 1979, a Lei da Anistia (foto: Orlando Brito)


















Documentos de 1979 sob a guarda do Arquivo do Senado, em Brasília, mostram que os senadores e deputados da Arena (partido governista) ficaram satisfeitos com a anistia aprovada. O Congresso fez modificações na proposta original, mas nada que chegasse a descaracterizá-la.

Repetidas vezes afirmou o presidente Figueiredo: “Lugar de brasileiro é no Brasil”. Com a anistia, aquela sentença deixou de ser uma frase para se transformar numa realidade palpitante — comemorou o senador Henrique de la Rocque (Arena-MA). — Maridos, pais, filhos, irmãos, noivos e entes queridos que se encontravam apartados do convívio familiar passaram a ter a oportunidade de retornar aos seus lares e reinaugurar as suas vidas, sem lugar para ódio e desejo de vindita [vingança]. A anistia é o bálsamo que cicatriza feridas.

Com suas mãos estendidas no sentido da pacificação, o presidente da República demonstrou a sua formação cívica e espiritual e praticou um gesto de grandeza e coragem. Ninguém em sã consciência poderá negar que a autoridade principal do país agiu com obstinação para atender aos anseios da população brasileira — discursou o senador Milton Brandão (Arena-PI).
Em mensagem ao Congresso, Figueiredo defende projeto de anistia (imagem: Arquivo do Senado)

Os mesmos papéis históricos do Arquivo do Senado indicam, contudo, que a Lei da Anistia não foi tão benevolente quanto os congressistas da Arena quiseram fazer crer. Na avaliação dos perseguidos políticos, de organizações civis e religiosas e dos parlamentares do MDB (único partido de oposição), o projeto aprovado tinha dois problemas graves.

O primeiro era que a anistia era restritiva. A lei negava o perdão aos “terroristas” que tivessem sido condenados de forma definitiva. Eles não poderiam sair da cadeia. Eram qualificados como terroristas os que, em ataque ao regime, haviam sido condenados por crimes como homicídio e sequestro. Contraditoriamente, aqueles que respondessem a processos iguais, mas ainda com possibilidade de apelar a tribunais superiores, ganhariam a anistia.

Durante as discussões do projeto no Congresso, os parlamentares do MDB apresentaram inúmeras emendas para derrubar essa exclusão e garantir uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, conforme o slogan que se popularizou na época.

Trata-se de uma discriminação odiosa e injustificada, uma aberração jurídica — criticou o deputado Alceu Collares (MDB-RS). — Quem enfrentou a justiça excepcional, foi condenado à prisão de 20, 30, 40 ou mais anos e encontra-se cumprindo a sua pena não é anistiado, enquanto quem conseguiu escapar do processo, tendo praticado o mesmo delito, será contemplado com os benefícios da anistia. É uma injustiça para os condenados.

Anistia é esquecimento, olvido perpétuo. É medida de oportunidade política para começar, com os espíritos desarmados, uma nova marcha para o futuro. Para isso, é preciso a reintegração de todos na vida pública, sem exceção — acrescentou o deputado Marcos Freire (MDB-PE).

Não há razão para excluir os condenados por terrorismo. Tiradentes era terrorista e subversivo. Hoje, é herói — comparou o deputado José Frejat (MDB-RJ). Um grupo de deputados do MDB, tentando retirar a exclusão, apelou aos sentimentos familiares do general Figueiredo. Na justificativa de uma emenda coletiva, lembraram que o pai dele, após lutar na Revolução Constitucionalista de 1932, foi anistiado pelo presidente Getúlio Vargas em 1934.


Cartaz pede anistia sem restrições (imagem: reprodução)

Figueiredo apresentou sua razão para não perdoar os terroristas condenados. Segundo o presidente, o crime deles não era “estritamente político”, mas sim “contra a humanidade, repelido pela comunidade universal”. Quanto aos terroristas ainda apenas processados, que teriam direito ao perdão, ele escreveu numa mensagem remetida ao Congresso: "O projeto paralisa os processos em curso até dos que, a rigor, não estão a merecer o benefício. Ao fazê-lo, o governo tem em vista evitar que se prolonguem processos que, com certeza e por muito tempo, vão traumatizar a sociedade com o conhecimento de eventos que devem ser sepultados em nome da paz”.

A anistia não foi uma decisão espontânea da ditadura. Organizações da sociedade civil vinham fazendo pressão. Em 1975, mães, mulheres e filhas de presos e desaparecidos criaram o Movimento Feminino pela Anistia. Em 1978, surgiu uma organização maior, o Comitê Brasileiro pela Anistia, com representações em diversos estados e até em Paris, onde viviam muitos dos exilados.

No velório de João Goulart, em 1976, o caixão do presidente derrubado pelo golpe militar de 1964 permaneceu envolto numa bandeira com a palavra “anistia”. Em jogos de futebol, torcedores erguiam faixas com a frase “anistia geral, ampla e irrestrita” para serem captadas pelas câmeras de TV e pelos fotógrafos dos jornais.

O movimento logo ganhou o apoio de entidades influentes, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).


Ato pela anistia na Praça da Sé, em São Paulo (foto: Ennco Beanns/Arquivo Público do Estado de São Paulo) Fonte: Agência Senado
A anistia começou a ser gestada pelo antecessor de Figueiredo. Diante da pressão social e dos sinais de que a ditadura, desgastada, não se sustentaria por muito tempo, o general Ernesto Geisel anunciou em 1974 que daria início a uma “lenta, gradativa e segura distensão”, com medidas que permitiriam a redemocratização no futuro. A anistia estava entre essas medidas.

Figueiredo seguiu o plano. O último presidente da ditadura tomou posse em março de 1979 e apresentou o projeto da Lei da Anistia já em junho. Como o Congresso recebeu o texto às vésperas do recesso parlamentar e o presidente da República não autorizou sessões extraordinárias em julho, as discussões legislativas só puderam começar no início de agosto. A aprovação viria a toque de caixa.

Assim que o projeto de lei se tornou público, sem prever a anistia ampla, geral e irrestrita, presos políticos deram início a uma greve de fome em diversos presídios do Brasil, pressionando pela retirada do artigo que os excluía do perdão. Eles ganharam o apoio dos parlamentares do MDB. Um grupo liderado pelo senador Teotônio Vilela (MDB-AL) percorreu várias penitenciárias e se encontrou com os condenados, dando voz ao protesto silencioso que eles faziam.

A paisagem humana que vi é indescritível — discursou Teotônio após visitar 14 presos políticos do Presídio Frei Caneca, no Rio de Janeiro. — Devo dizer que, com a minha sensibilidade de criatura humana, [fiquei estarrecido] ao tomar conhecimento da debilidade total daqueles presos, em pleno estado de ruína, sacrificados em nome de um ideal, porque ninguém se submete a esse tipo de sacrifício se dentro de si próprio não possuir uma estruturação espiritual superior. São jovens envelhecidos nas grades, alguns com 11 anos de cadeia, e um deles preso aos 16 anos de idade, por conduzir debaixo do braço livros de ideologias políticas. Não é possível que aqueles rapazes morram num deserto, castigados pela inclemência e insensibilidade do poder.

Manifesto assinado por artistas como Eva Wilma, Glória Menezes e Antônio Fagundes (imagem: Arquivo do Senado)

O segundo problema grave que havia na Lei da Anistia, e que os parlamentares do MDB também tentaram derrubar, era o perdão aos militares que cometeram abusos em nome do Estado desde o golpe de 1964, incluindo a tortura e a execução de adversários da ditadura. A lei lhes deu a segurança de que jamais seriam punidos e, mais do que isso, nunca sequer se sentariam no banco dos réus.

Nesse ponto, a lei era propositalmente obscura. Sem citar os militares, dizia que seriam anistiados todos que tivessem cometido “crimes conexos”, isto é, “crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política”. Os agentes da repressão, assim, estariam amparados sob o amplo guarda-chuva dos crimes conexos.

Pretende-se que as mortes, os choques elétricos, as lesões corporais, as mais variadas torturas sejam esquecidas. Elas foram compreendidas à sorrelfa [sorrateiramente] pelo projeto de anistia, graças ao recurso de termos ambíguos através dos quais se iludiria a nação — denunciou o deputado Pacheco Chaves (MDB-SP).

Que moral tem o governo que exclui uns sob a alegação de terrorismo, mas que nem sequer submete os torturadores a processo? Estes, sim, jamais serão merecedores da piedade humana, porque, como se sabe, não atuam por valores relevantes, mas sim por servilismo ou para satisfazer instintos — atacou o senador Leite Chaves (MDB-PR).

Manifestantes pressionam Congresso (foto: Arquivo Público do Estado de São Paulo)


No esforço de convencer os colegas parlamentares de que anistiar torturadores seria um absurdo, o senador Lázaro Barbosa (MDB-GO) narrou um episódio que ele testemunhara anos antes:
Eu próprio, estudante na Universidade Católica de Goiás, em certa noite, vi duas moças e um rapaz descendo a Avenida Universitária, os três de braços dados. Ele, quartanista de medicina. As duas, irmãs e acadêmicas do curso de direito. Dois carros os cercaram, e homens armados os empurraram para dentro de um dos veículos, que disparou em altíssima velocidade. Decorridos dois ou três meses, apareceu o acadêmico de medicina. Estivera preso nos órgãos de repressão, mas contra ele nada foi apurado. Um ano e meio depois, as irmãs foram localizadas presas em Minas Gerais e em estado lastimável. As duas foram violentadas, torturadas. Uma delas sofreu torturas de tal monta, inclusive choques elétricos nos órgãos genitais internos, que se tornou o espectro de si mesma. Em julgamento, foram as duas absolvidas.
Barbosa concluiu:
A meu juízo, esses torturadores não podem receber a anistia, pois dela não são dignos. É imprescindível que tais carrascos tomem assento no banco dos réus e respondam pelas monstruosidades cometidas. Não foram crimes políticos. Foram, isso sim, crimes contra a humanidade.


Durante debates sobre anistia, presos políticos enviaram ao Congresso descrição das torturas que haviam sofrido (imagem: Arquivo do Senado)
O projeto teve como relator o deputado Ernani Satyro (Arena-PB). No governo do marechal Costa e Silva, ele havia sido ministro do Superior Tribunal Militar, corte que dava a palavra final sobre o destino dos acusados de crimes políticos. Satyro jogou um balde de água fria nas pretensões do MDB. Ele rejeitou todas as emendas que buscavam incluir na anistia os condenados por terrorismo.  
–Os princípios gerais do projeto do governo estão de pé. A anistia será ampla e geral, mas não irrestrita.

O relator também enterrou as tentativas oposicionistas de retirar do alcance do perdão os militares que cometeram abusos contra os perseguidos políticos. Para ele, isso seria contraditório:

Querem o perdão, mas não perdoam. Gritam pela anistia para os seus, mas apregoam, ao mesmo tempo e incoerentemente, a ideia de uma investigação sobre torturas e violências. Advogam a impunidade dos crimes de seus partidários para que, mais fortes, possam punir a revolução [de 1964]. Dando outra estocada na oposição, Satyro concluiu: 
— O doloroso, para muitos, é saber que a anistia virá, mas virá pelas mãos do governo, por iniciativa do presidente João Baptista Figueiredo. Será atendida, assim, a autêntica voz do povo, que aspira à paz e à conciliação. Isso, para os oposicionistas, importa uma grande frustração, como frustrados se encontram pela abertura que está sendo feita pelo governo da revolução.

Em 22 de agosto, os senadores e deputados se reuniram na Câmara para votar o projeto. As galerias estavam repletas de familiares dos perseguidos políticos, que vaiavam os políticos da Arena e aplaudiam os do MDB. A sessão foi tão tensa que quase houve agressão física entre parlamentares.

A pressão popular, porém, não surtiu efeito. No fim, em votação simbólica (sem contagem de votos), a Lei da Anistia foi aprovada do jeito que o governo queria. A Arena, afinal, tinha a maioria dos parlamentares, incluindo os chamados senadores biônicos (escolhidos de forma indireta, não pelo voto dos cidadãos, para evitar a hegemonia do MDB no Senado).

Do lado governista, o senador Jarbas Passarinho (Arena-PA) festejou:
–A anistia marca o fim de um ciclo da Revolução de 64, o fim do ciclo punitivo da Revolução de 64. Do lado oposicionista, o senador Humberto Lucena (MDB-PB) leu trechos de um artigo de jornal do pensador Tristão de Athayde para protestar:
–Desejávamos uma nova Lei Áurea que anunciasse uma aurora. Deram-nos um ato sem generosidade, sem horizontes abertos. Eu preferiria a temeridade da princesa Isabel. É bem certo que há muita diferença entre 15 anos de arbítrio e 300 de cativeiro. Ora, não existe apenas diferença, e sim um abismo, entre a grandeza da lei de 13 de maio, que fulgirá sempre como um marco luminoso em nossa história pátria, e a estátua pigmeia da Lei da Anistia.

Na votação simbólica final, grande parte do MDB acabou também apoiando o projeto da ditadura. Vanessa Dorneles Schinke, professora de direito da Universidade Federal do Pampa e autora do livro Anistia e Esquecimento (Editora Lumen Juris), explica:
A oposição concluiu que seria melhor ficar com a anistia do governo do que não ter anistia nenhuma. Aquela não era a anistia ideal, mas a possível. Considerando o contexto político de então, a lei de 1979 não deixou de ser uma vitória para a oposição.



Nos meses seguintes, a própria ditadura libertaria os presos que não haviam sido beneficiados pela Lei da Anistia. Enquanto uns ganharam o indulto do presidente Figueiredo, outros tiveram seus processos revisados pelos tribunais militares.

Se logo em seguida os beneficiaria, por que o governo brigou tanto no Congresso para manter o artigo que excluía os terroristas condenados? Para o historiador Carlos Fico, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autor do livro Além do Golpe (Editora Record), a exclusão deles foi apenas uma cortina de fumaça: — Não há evidências empíricas definitivas, mas eu, após anos de pesquisas e entrevistas, cheguei à conclusão de que a ditadura pôs essa interdição para encobrir aquilo que realmente desejava, que era a autoanistia. Enquanto todo mundo ficou tentando de todas as formas incluir os condenados pelos “crimes de sangue” na anistia, o perdão aos torturadores ficou em segundo plano e foi aprovado com facilidade.

Seis dias depois da votação no Congresso, Figueiredo sancionou a lei. Nas semanas que se seguiram, inúmeras figuras até então perseguidas desembarcaram no Brasil, entre as quais Leonel Brizola, Miguel Arraes, Luís Carlos Prestes, Francisco Julião, Betinho, Fernando Gabeira, Vladimir Palmeira, Carlos Minc, Darcy Ribeiro e Paulo Freire.
Após anos de exílio na União Soviética, Luís Carlos Prestes é recebido com festa na volta ao Brasil em 1979 (foto: Sueli Tomazini/Arquivo Público do Estado de São Paulo)




A volta dos exilados também foi considerada parte de uma estratégia. O governo sabia que muitos desses líderes criariam seus próprios partidos, o que acabaria por pulverizar e enfraquecer a oposição. Por isso, logo depois, ainda em 1979, a ditadura extinguiu a Arena e o MDB e restabeleceu a liberdade partidária. Brizola, por exemplo, fundou o PDT.

A divisão dos adversários permitiu que os militares mantivessem total controle sobre a abertura política. Figueiredo devolveria o poder aos civis em 1985."

Reportagem e edição: Ricardo Westin
Pesquisa histórica: Arquivo do Senado
Edição de multimídia: Bernardo Ururahy
Edição de fotografia: Pillar Pedreira
Pesquisa fotográfica: Ana Volpe e Pillar Pedreira
Foto da Capa: Orlando Brito/Arquivo Público do Estado de São Paulo
Fonte: Agência Senado

domingo, 25 de agosto de 2019

Como identificar se uma mensagem é falsa?

Notícias locais: boa notícia para quem usa o transporte coletivo em Poços de Caldas

Terminal central de ônibus em Poços de Caldas, MG 
Transporte coletivo em Poços terá redução no preço das tarifas






"Segundo decisão de juiz da 3ª Vara Cível, redução de R$ 0,31 deve acontecer até o dia 1º de setembro."


Por EPTV 1 — Poços de Caldas, MG

O juiz da 3º Vara Cível de Poços de Caldas (MG), Edmundo Lavinas, determinou que a empresa Auto Omnibus Circullare, responsável pelo transporte público da cidade, de R$ 4,00 reduza o preço da passagem em R$ 0,31.

A decisão informa que o prazo para a mudança no valor vai até o dia 1º de setembro. O desconto deve ser concedido por 145 dias.

Segundo o juiz, a redução foi um pedido do promotor de justiça Sidnei Boccia, que encontrou irregularidades no aumento concedido pela prefeitura à empresa entre junho e dezembro de 2011.

Em contato com a produção da EPTV, afiliada à Rede Globo, a assessoria da empresa Circullare informou que o juiz não havia determinado a redução do preço da passagem e, sim, o uso da diferença para melhorias do transporte coletivo, o que não foi feito em alguns bairros da zona sul.

Já a Prefeitura de Poços de Caldas informou que já soube da decisão do juiz e que vai se reunir com a empresa nos próximos dias para tratar do assunto."
Fonte: G1 / Sul de Minas/ EPTV  

Amazônia: G7 pode intervir ou aplicar sanções econômicas contra o Brasil?


Fonte: BBC News

Em Lisboa ontem, 24 - vigília pela Amazônia




Fonte: whatsapp

Fogo na Amazônia: o Brasil no centro de uma crise ambiental


Fonte:O Globo

sábado, 24 de agosto de 2019

"NUNCA MAIS EU VOU DORMIR"


Fonte: Greg News - HDO- Brasil

Conhecendo a Amazônia


Fonte: whatsapp

Fogo na Amazônia: Macron convoca G7. Mídia alemã quer sanção econômica e...


Fonte: Bob Fernandes

Ecologia: manifestações nas principais capitais do país em defesa da Amazônia

Manifestação em defesa da Amazônia e contra o governo Bolsonaro na avenida Paulista, em São Paulo - Bruno Santos/Folhapress











Por Heloísa Cristaldo, Bruno Bocchini e Léo Rodrigues - Repórteres da Agência Brasil

Organizações não governamentais (ONGs) realizam hoje (23), em várias cidades brasileiras, atos em defesa da Amazônia. Segundo o Greenpeace, uma das organizações que promovem os protestos, também estão previstas mobilizações para o fim de semana.

Em Brasília

Brasília

Na capital federal, o protesto reuniu ativistas, estudantes e ambientalistas. O ato começou em frente ao Ministério do Meio Ambiente, onde houve projeção de frases com pedido de socorro à floresta e imagens de incêndios e queimadas.
Durante a manifestação, a principal via da Esplanada dos Ministérios teve cinco de suas seis faixas bloqueadas. Para diminuir o impacto no trânsito da capital federal, servidores públicos foram dispensados do trabalho por volta das 16h.
Manifestação em defesa da Amazônia no centro da capital paulista - Reuters/Nacho Doce/Direitos reservados 

São Paulo

O protesto contra as queimadas na Floresta Amazônica começou por volta das 18h no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. Por volta das 19h, as oito faixas de rolamento da avenida estavam tomadas pelos manifestantes.

Parte das pessoas presentes usava máscaras cirúrgicas em referência à poluição causada pelas queimadas. Nos cartazes que carregavam, havia o pedido de socorro pela floresta: “SOS Amazônia”, “Salvem o Futuro”, e “Pray for Amazônia” [Ore pela Amazônia], eram alguns dos dizeres nas faixas.

Manifestantes se reúnem no centro do Rio de Janeiro - Fernando Frazão/Agência Brasil


Rio de Janeiro 

No Rio de Janeiro, a mobilização teve início às 17h na Praça da Cinelância, no centro da cidade. Alguns manifestantes pintaram os rostos lembrando os povos indígenas da floresta amazônica. Cartazes cobravam mais fiscalização ambiental. Havia ainda imagens em homenagem ao seringueiro e ambientalista acriano Chico Mendes, assassinado em 1988.
Houve ainda um minuto de silêncio e espaço para grupos indígenas entoarem músicas acompanhadas de instrumentos de sopro. Por volta de 18h45, os manifestantes saíram em marcha até as proximidades do edifício do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de onde retornaram à Cinelândia para o encerramento do ato.   
Combate a incêndios
No fim da tarde de hoje, o presidente Jair Bolsonaro assinou decreto que autoriza o emprego das Forças Armadas para ajudar no combate aos incêndios na Floresta Amazônica. O decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) vale para áreas de fronteira, terras indígenas, em unidades federais de conservação ambiental e outras áreas da Amazônia Legal."

Países da América do Sul se propõem a  ajudar o Brasil contra incêndios
Equipes que atuam no combate a incêndios florestais no Equador - Governo de Imbabura/Direitos reservados
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br  

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Ecologia: É impossivel não se senbilizar e se indignar com imagens como esta

Fonte: whatsapp
"Mamãe guariba impotente, sofre e grita ao perceber que seu filhote não mais respira chamuscado-asfixiado pela queimada criminosa na Amazonia. 

Impossível não se indignar com o que está acontecendo aos seres que vivem em "nosso" Brasil."

Apenas nós, o povo brasileiro, pode fazer algo contra esse desrespeito à natureza e a tudo o que é nosso por direito.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

História: Panorama | Maio de 68



Fonte: Panorama - Jornalismo TV Cultura

História:1968 - Passeata dos 100 Mil ao AI-5


Fonte: O globo

Missão espacial da Ìndia, "Chadrayan2", registra as queimadas na Amazonia

Missão Espacial da Índia, "Chadraian2" registra queimada na Amazonia







Essas queimadas são registradas durante a gestão do presidente Bolsonaro no Brasil.

Fonte: fotos whatsapp

Imagens inéditas da Passeata dos 100 mil mostram Chico, Caetano e Vinicius, em 1968


Fonte: Jornal O Globo

O drama da família Bolsonaro

Michelle Bolsonaro: o tio predileto foi preso sob suspeita de integrar milícia (Isac Nóbrega/PR) 



Michelle: avó traficante e mãe acusada de falsificação" O filho mais velho é acusado de comandar a milícia de dentro da Assembleia Legislativa do RJ 


Por Hugo Marques e Nonato Viegas – Veja.com

Em abril passado, VEJA publicou uma reportagem que começava assim: “Maria Aparecida Firmo Ferreira tem 79 anos, é cardíaca,
Avó da primeira-dama, Michelle Bolsonaro
 sofre de Parkinson, locomove-se com dificuldade e mora num casebre que fica na parte mais miserável de Brasília — a favela Sol Nascente, conhecida pela violência, dominada pelo tráfico de drogas e conflagrada por facções que usam métodos similares aos das milícias cariocas. Sem se preocupar com tudo isso, dona Aparecida, como é conhecida, enfrenta uma odisseia diária. Aposentada, ela divide seu tempo entre cuidar de um filho deficiente auditivo, ir ao posto de saúde buscar remédios e bater papo com os vizinhos. (…) Ninguém, ou quase ninguém da vizinhança, sabe que ela é avó da primeira-dama Michelle Bolsonaro. A neta agora famosa, o presidente da República e a pobreza são assuntos que parecem despertar sentimentos conflitantes em dona Aparecida. Faz mais de seis anos que ela não vê a neta que ajudou a criar. A avó não foi convidada para a posse, nem ela nem sua filha, mãe de Michelle, Maria das Graças. Passados três meses de governo, ela não recebeu convite para uma visita ao Palácio da Alvorada, a residência oficial, que fica a apenas 40 quilômetros da favela. Por quê? Ela diz que não sabe responder”. Na última semana, o jornal Folha de S.Paulo publicou uma nova reportagem mostrando que Maria Aparecida, a avó, estava internada fazia dois dias no corredor de um hospital público de Brasília, aguardando vaga para realizar uma cirurgia ortopédica. Sem nenhuma assistência da neta, ela sofria sozinha a dor pela fratura da bacia.

No depoimento que prestou, a avó da primeira-dama contou que cada pacotinho da droga era vendido a 5 reais. 
Na Justiça, ela mudou a versão. Alegou que a sacola apreendida não era sua e que teria confessado o crime por pressão dos policiais. Havia, porém, testemunhos de clientes. Aparecida acabou condenada a três anos de reclusão, em regime fechado. A defesa ainda recorreu, sem sucesso. Uma das desembargadoras que votaram contra a libertação foi Sandra de Santis, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello. No processo, ao qual VEJA também teve acesso, a avó da primeira-dama, depois de condenada, escreveu uma carta ao juiz confessando o crime e pedindo clemência: “É certo que transgredi a lei, mas o preço altíssimo que pago por meu delito transformou-se completamente. Sou uma senhora de princípios renovados”, dizia.
Na penitenciária feminina do Gama, onde foi cumprir a pena, Maria Aparecida mostrou que os seus princípios não estavam tão renovados assim. Em maio de 1999, quando já estava presa havia um ano e oito meses, tentou subornar um agente, oferecendo-­lhe dinheiro para que a levasse até sua casa. O plano era o seguinte: ela fingiria que estava doente, a direção do presídio autorizaria sua ida a um hospital e, no caminho, a guarda desviaria a rota, permitindo que Maria Aparecida fizesse uma visita à família. Por causa dessa infração, ela ficou na solitária e teve os benefícios de progressão de pena suspensos — e só deixou a penitenciária, em liberdade condicional, em agosto de 1999, depois de cumprir dois anos e dois meses de cadeia. Sua punição foi oficialmente considerada extinta em 2000.
IDENTIDADE – Maria das Graças Firmo, a mãe de Michelle: a polícia descobriu que ela tinha dois registros civis — um deles, falso (./.)

Na reportagem publicada em abril, Maria Aparecida contou ter ajudado a criar Michelle, reclamou da ausência da neta e lamentava não ter sido sequer convidada para a cerimônia de posse do presidente Bolsonaro — nem ela nem a filha, Maria das Graças, a mãe de Michelle. O passado, confidencia um familiar da primeira-dama, também deixou marcas na relação entre mãe e filha. Maria das Graças igualmente esteve na mira da Justiça. Em 1988, quando Michele tinha 6 anos, a polícia descobriu que sua mãe possuía dois registros civis — um verdadeiro e o outro falso. De acordo com o primeiro, o verdadeiro, Maria das Graças Firmo Ferreira nasceu no dia 11 de junho de 1959, tinha 1,60 metro e era filha de Ibraim Firmo Ferreira. No outro, o falso, não havia o nome do pai, o da mãe fora alterado (de Maria Aparecida Mendes para Maria Aparecida Firmo Ferreira), ela ficara nove anos mais nova (o ano de nascimento passou para 1968) e sua altura tinha aumentado em 13 centímetros (1,73 metro). Tratava-se, portanto, de outra pessoa.

A então Delegacia de Falsificações e Defraudações de Brasília instaurou inquérito policial para investigar Maria das Graças. Os agentes apuraram que a mãe da primeira-dama havia solicitado a segunda identidade oito anos depois de obter a primeira. Para isso, usou uma certidão de nascimento adulterada expedida no município de Planaltina de Goiás, distante 440 quilômetros do local onde ela realmente nasceu e foi registrada (Presidente Olegário, em Minas Gerais). A fraude foi constatada quando a polícia comparou as impressões digitais dos dois prontuários de identificação arquivados na Secretaria de Segurança e descobriu tratar-se da mesma pessoa. Intimada a depor, Maria das Graças contou que perdera a carteira de identidade e a certidão de nascimento. Ao fazer um novo registro civil, decidiu excluir o nome do pai, porque ele “abandonou a família”, e, “aconselhada por duas amigas”, também alterou a data do seu nascimento — mas nada disso tinha nenhuma “intenção criminosa”, segundo ela.
AMEAÇAS – Favela Sol Nascente: acusado de pertencer à milícia local, tio da primeira-dama continua preso preventivamente (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
Maria das Graças usou a certidão de nascimento adulterada para emitir um novo CPF. Não há no inquérito informações sobre eventuais negócios ilícitos realizados por ela com os documentos falsos. Em 1989, o Ministério Público remeteu o inquérito para a Justiça. Maria das Graças foi indiciada por falsidade ideológica, que prevê pena de até cinco anos de prisão em regime fechado, porém, em 1994, depois de ficar mais de cinco anos parado na Vara Criminal, o processo foi arquivado. O juiz responsável pelo caso justificou a decisão argumentando que o crime estava prescrito. Procurada por VEJA, a mãe de Michelle apresentou uma nova versão para a história: “Isso aí foi um negócio que meu pai tinha arrumado para mim. Não quero mexer com isso, não quero falar sobre isso”. Ibraim Firmo, o pai, foi assassinado em 2015.

VEJA apurou com familiares da primeira-dama que o distanciamento entre ela, a mãe e a avó se deu justamente por causa desses problemas do passado. Um parente que pediu anonimato contou que, pouco depois de Jair Bolsonaro decidir concorrer à Presidência, Michelle procurou a mãe para que ela resolvesse pendências que ainda existiam sobre sua documentação. Ofereceu ajuda, mas Maria das Graças recusou, e as duas se afastaram. A mãe nega qualquer entrevero com a filha. “Eu não vou lá (no Palácio da Alvorada) porque não gosto de palácios e, para a Michelle vir aqui, é muita gente para vir junto e fica tudo muito difícil”, diz. “Estamos ótimas, é tudo mentira, fofoca.”
Rolos com a Justiça têm sido uma tradição familiar. João Batista Firmo Ferreira, sargento aposentado da Polícia Militar de Brasília, foi um dos poucos familiares de Michelle convidados para a cerimônia de posse do presidente Bolsonaro. É — ou era — o tio preferido da primeira-dama. Em maio passado, no entanto, ele foi preso, sob a acusação de fazer parte de uma milícia que age na Sol Nascente, onde mora com a mãe, Maria Aparecida, a avó de Michelle. De acordo com o Ministério Público, João Batista e mais sete PMs participariam de um esquema ilegal de venda de lotes na favela. Um delator contou que os policiais atuavam como o braço armado da quadrilha, dando suporte ao negócio irregular através de ameaças e até eliminação de desafetos. O sargento está preso na penitenciária da Papuda, em Brasília.
O processo que apura a ligação do ex-policial com a milícia da Sol Nascente tramita em segredo de Justiça. Os advogados do PM dizem que o envolvimento dele no caso é um grande mal-entendido. João Batista, de acordo com essa versão, teve a prisão decretada após uma improvável coincidência. Ele construiu uma casa e tentava vendê-la. Um policial amigo indicou um comprador. Esse amigo, porém, estava sendo monitorado pelo Ministério Público. As conversas entre os dois foram gravadas e, para os investigadores, elas comprovariam que João Batista e o colega estavam vendendo lotes irregulares e dividindo as comissões. Logo depois de fechado esse último negócio, inclusive, foi realizada uma transferência de dinheiro da conta de João Batista para a do policial. De acordo com os advogados, o depósito seria uma comissão pela corretagem. Essa versão, no entanto, não convenceu a Justiça.
No mês passado, a defesa de João Batista ingressou com um pedido de relaxamento da prisão preventiva, alegando que o sargento tem bons antecedentes e residência fixa. O juiz do caso, no entanto, ressaltou que a gravidade das condutas dos policiais apuradas pelos investigadores, entre elas participar de organização criminosa, justificava a manutenção da prisão — e negou o pedido. Pessoas próximas ao sargento contaram a VEJA que o fato de ser parente de Mi­chelle Bolsonaro não ajudou em nada a situação dele, muito pelo contrário. Na cadeia, detido há quase noventa dias numa área da penitenciária reservada a policiais, João Batista não recebeu a visita nem tipo algum de ajuda ou solidariedade de ninguém da família.
Procurada, a primeira-dama não quis se pronunciar sobre os familiares. No governo, Michelle vem desempenhando um bom papel, ocupando o cargo de presidente do conselho do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado, órgão responsável por projetos na área social. Depois da publicação da reportagem da Folha sobre a avó, dona Maria Aparecida foi transferida para outro hospital e operada. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que não houve interferência alguma do Palácio do Planalto na mudança. Questionado sobre o caso e fiel ao seu estilo, o presidente Bolsonaro classificou o episódio todo como uma baixaria. De fato, é. Agora, entende-se a distância que a primeira-dama, tão ciosa de sua imagem e preocupada com causas sociais, impôs aos enrolados membros de sua família.”
Publicado em VEJA de 21 de agosto de 2019, edição nº 2648

Fonte: veja.com