(UFMG/Reprodução)
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"Segundo o grupo de trabalho formado pela universidade, o Future-se é obscuro e deixa de fora o ensino e a extensão"
Por Taís Ilhéu
“Depois
do Conselho Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) não recomendar a adesão ao programa "Future-se", na
última sexta (9), a universidade promove agora uma série de debates
sobre a proposta do Ministério da Educação. Ontem, foi a vez
do grupo de trabalho formado por diretores, pró-reitores,
procuradores e outros especialistas da UFMG apresentarem uma análise
técnico-científica do texto da projeto.
O centro do debate foi,
de acordo com a avaliação do grupo, a inconsistência e a falta de
clareza da proposta, que não determina com precisão qual seria o
papel das organizações sociais que prestarão serviços à
universidade ou como a arrecadação dos fundos patrimoniais seria
distribuída entre as instituições, entre outras incongruências.
As propostas do Future-se, de uma forma geral giram em torno de incentivar a arrecadação de verbas para as universidades federais na iniciativa privada, diminuindo a participação do governo.
As propostas do Future-se, de uma forma geral giram em torno de incentivar a arrecadação de verbas para as universidades federais na iniciativa privada, diminuindo a participação do governo.
O chefe de gabinete da
reitoria, Rui Rothe-Neves, também destacou no debate que o Future-se
só contempla parte das atividades realizadas em uma universidade
pública. “Ele trata de pesquisa, empreendedorismo e
internacionalização, ignorando extensão e ensino. Portanto, não
contempla o tripé:ensino-pesquisa-extensão”, declarou em nota
divulgada pela UFMG. Esse ponto já havia sido mencionado na nota
oficial do conselho publicada na semana passada.
“Presente
comprometido”
Na
abertura do debate, a reitora da UFMG, Sandra Goulart, voltou a
afirmar que antes de debater novas formas de arrecadação para as
universidades, o MEC precisa descontingenciar
com urgência os 30% da verba discricionária de todas as federais.
“Como pensar o futuro se o presente está comprometido?”,
pontuou. Segundo Goulart, R$ 64,5 milhões da UFMG estão bloqueados.
“Estamos empenhados em reverter o bloqueio. Contamos com os
parlamentares, a Andifes [Associação
Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino
Superior] está
trabalhando nesse sentido, e os demais reitores, também”.
Quanto ao "Future-se", a
reitora relembrou que as universidades não tiveram nenhuma
participação na formulação do plano e foram informadas sobre sua
existência apenas um dia antes da apresentação feita pelo MEC.”
Universidade Federal
do Rio de Janeiro, a maior do país também não vai aderir ao
“Future-se”
“Em nota, a universidade apontou o que considera várias falhas no texto do projeto”
“Depois de uma reunião conduzida pelo vice-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Conselho Universitário (Consuni) da instituição decidiu que não irá aderir ao Future-se. Apresentado pelo MEC no mês passado, o projeto prevê a captação de recursos privados pelas universidades federais, reduzindo assim a participação do governo no financiamento delas. A adesão ou não ao plano, segundo o ministério, será opcional.
Ao recusar por
unanimidade o Future-se, a UFRJ emitiu uma nota criticando a forma
como ele foi apresentado a falta de clareza no texto. A proposta da
criação de fundos patrimoniais, por exemplo, que é uma das
principais medidas do projeto, não esclarece quem irá gerir os
fundos ou como a universidade se manterá até que eles passem a
gerar rendimentos. Os fundos patrimoniais são feitos a partir de
doações de empresas privadas, mas apenas o rendimento dessas
doações, que são aplicadas, deve ser utilizado.
Um outro receio da
federal do Rio de Janeiro é que o projeto do MEC coloque em risco a
autonomia universitária, já que envolverá negociações com o
setor privado que podem resultar não só na interferência do espaço
físico, como no âmbito acadêmico e da pesquisa.
Por fim, a UFRJ declarou
que está aberta ao diálogo com o Ministério da Educação para
resolver de outras maneiras o impasse do financiamento da
universidade.
Contingenciamento
Em
entrevista recente à TV Globo, a reitora da instituição,
Denise Carvalho, anunciou que algumas atividades
universitárias poderiam ser suspensas ainda
este mês por conta do bloqueio
de 30% da verba discricionária,
imposta pelo MEC a todas as universidades federais. O Hospital
Universitário é o que mais corre risco, podendo parar de realizar
atendimentos e principalmente cirurgias.”
Fonte: Guia do Estudante - Abril
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