quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Educação: UFRJ, a maior Universidade Pública do país e a UFMG dizem não aderir ao "Future-se"

(UFMG/Reprodução)

 UFMG sinaliza não adesão ao Future-se e promove debates. 


"Segundo o grupo de trabalho formado pela universidade, o Future-se é obscuro e deixa de fora o ensino e a extensão"




Por Taís Ilhéu


Depois do Conselho Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) não recomendar a adesão ao programa "Future-se", na última sexta (9), a universidade promove agora uma série de debates sobre a proposta do Ministério da Educação. Ontem, foi a vez do grupo de trabalho formado por diretores, pró-reitores, procuradores e outros especialistas da UFMG apresentarem uma análise técnico-científica do texto da projeto.

O centro do debate foi, de acordo com a avaliação do grupo, a inconsistência e a falta de clareza da proposta, que não determina com precisão qual seria o papel das organizações sociais que prestarão serviços à universidade ou como a arrecadação dos fundos patrimoniais seria distribuída entre as instituições, entre outras incongruências.

As propostas do Future-se, de uma forma geral giram em torno de incentivar a arrecadação de verbas para as universidades federais na iniciativa privada, diminuindo a participação do governo. 

O chefe de gabinete da reitoria, Rui Rothe-Neves, também destacou no debate que o Future-se só contempla parte das atividades realizadas em uma universidade pública. “Ele trata de pesquisa, empreendedorismo e internacionalização, ignorando extensão e ensino. Portanto, não contempla o tripé:ensino-pesquisa-extensão”, declarou em nota divulgada pela UFMG. Esse ponto já havia sido mencionado na nota oficial do conselho publicada na semana passada.

Presente comprometido”

Na abertura do debate, a reitora da UFMG, Sandra Goulart, voltou a afirmar que antes de debater novas formas de arrecadação para as universidades, o MEC precisa descontingenciar com urgência os 30% da verba discricionária de todas as federais. “Como pensar o futuro se o presente está comprometido?”, pontuou. Segundo Goulart, R$ 64,5 milhões da UFMG estão bloqueados. “Estamos empenhados em reverter o bloqueio. Contamos com os parlamentares, a Andifes [Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior] está trabalhando nesse sentido, e os demais reitores, também”.

Quanto ao "Future-se", a reitora relembrou que as universidades não tiveram nenhuma participação na formulação do plano e foram informadas sobre sua existência apenas um dia antes da apresentação feita pelo MEC.”

Universidade Federal do Rio de Janeiro, a maior do país também não vai aderir ao “Future-se”

Em nota, a universidade apontou o que considera várias falhas no texto do projeto”

(Agência Brasil/Reprodução)







Depois de uma reunião conduzida pelo vice-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Conselho Universitário (Consuni) da instituição decidiu que não irá aderir ao Future-se. Apresentado pelo MEC no mês passado, o projeto prevê a captação de recursos privados pelas universidades federais, reduzindo assim a participação do governo no financiamento delas. A adesão ou não ao plano, segundo o ministério, será opcional.

Ao recusar por unanimidade o Future-se, a UFRJ emitiu uma nota criticando a forma como ele foi apresentado a falta de clareza no texto. A proposta da criação de fundos patrimoniais, por exemplo, que é uma das principais medidas do projeto, não esclarece quem irá gerir os fundos ou como a universidade se manterá até que eles passem a gerar rendimentos. Os fundos patrimoniais são feitos a partir de doações de empresas privadas, mas apenas o rendimento dessas doações, que são aplicadas, deve ser utilizado.

Um outro receio da federal do Rio de Janeiro é que o projeto do MEC coloque em risco a autonomia universitária, já que envolverá negociações com o setor privado que podem resultar não só na interferência do espaço físico, como no âmbito acadêmico e da pesquisa.

Por fim, a UFRJ declarou que está aberta ao diálogo com o Ministério da Educação para resolver de outras maneiras o impasse do financiamento da universidade.

Contingenciamento
Em entrevista recente à TV Globo, a reitora da instituição, Denise Carvalho, anunciou que algumas atividades universitárias poderiam ser suspensas ainda este mês por conta do bloqueio de 30% da verba discricionária, imposta pelo MEC a todas as universidades federais. O Hospital Universitário é o que mais corre risco, podendo parar de realizar atendimentos e principalmente cirurgias.”

Fonte: Guia do Estudante - Abril

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