O jornalista Ricardo Lessa se despede do Roda Viva nesta 2ª feira (29.jul) |
Por Poder 360
"O
jornalista Ricardo Lessa, apresentador do programa Roda Viva, da TV
Cultura,
acusou a direção da emissora de fazer uma “censura
velada” à
entrevista com o general Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de
Governo do presidente Jair Bolsonaro.
À
frente do programa desde abril do ano passado, Lessa escolheu o
general para protagonizar sua despedida do Roda Viva nesta 2ª feira
(29.jul.2019). Ele afirma, porém, que houve uma tentativa de barrar
a entrevista.
“Como
eu queria fazer meu programa de despedida com o general Santos Cruz,
eles tentaram me convencer a não fazer, me ligaram e, depois que eu
pedi respostas em escrito de por que eu não poderia fazer, eles
decidiram que poderíamos gravar”,
explicou o jornalista. “Minha
impressão é de que, para não dizer que foi censurado, eles botaram
a entrevista para meia noite”.
O
Roda Viva é transmitido todas as 2ª feiras às 22h. Na edição
desta noite, porém, duas entrevistas serão transmitidas: uma no
horário padrão, com o economista Bernard Appy, e a outra com Santos
Cruz, à meia noite. Após exibição na TV, o programa fica
disponível no canal do YouTube do Roda Viva.
A
emissora batizou a iniciativa de “maratona
de entrevistas”.
Foi divulgado 1 vídeo de propaganda do programa e uma matéria,
no site da TV Cultura, falando sobre as duas entrevistas.
“Eu
não posso dizer que é censura porque a entrevista será exibida.
Mas será exibida num horário absurdo. Eles batizaram como maratona
Roda Viva como se justificasse, estão vendendo como se fosse algo
nobre o que é 1 ato completamente vil e indigno”,
acusou Lessa.
O
jornalista disse ainda que, quando anunciou a entrevista com Santos
Cruz no programa ao vivo da última 2ª feira (22.jul), chegou a
ouvir gritos no ponto eletrônico. “Gritaram
no meu ouvido para eu não chamar a entrevista ao vivo, dizendo que
não estava autorizada”,
explicou.
O
jornalista afirmou que essa não foi a 1ª vez que houve
interferência da direção na escolha dos entrevistados. De acordo
com ele, também foram barradas entrevistas com o também ex-ministro
Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) e com Marcos
Truirro (secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos
Internacionais do Ministério de Economia).
O OUTRO LADO
A
TV Cultura divulgou nota oficial sobre o caso. Eis a íntegra:
“A
partir do dia 5 de agosto, o Roda Viva passará a ser
exibido em novo cenário e com nova identidade visual. Uma vez que a
TV Cultura conta hoje com duas entrevistas de alto nível previamente
gravadas, foi tomada a decisão de exibir os dois programas de forma
sequencial nesta segunda-feira (29/7), a fim de garantir que o
público possa ter acesso a esse conteúdo. O critério utilizado
para determinar a ordem de exibição foi jornalístico, adotando
como primeiro aquele cujo tema é mais quente. Como a Reforma
Tributária deve entrar em pauta no Congresso em breve, tornando-se
um assunto prioritário em todo o País, a entrevista com o
economista Bernard Appy vai ao ar primeiro. Logo em seguida, será
exibida a Entrevista com o general Carlos Alberto Santos Cruz.”
TV CULTURA
Lessa
atribui a atitude da emissora a 1 suposto “servilismo
do governador [de
São Paulo, João Doria] em
relação ao Bolsonaro”.
De acordo com ele, o governo tem influência direta na TV
Cultura. “Infelizmente,
a TV Cultura não consegue ter independência em relação ao
governo”,
disse.
A
TV Cultura é uma das emissoras públicas mantidas pela Fundação
Padre Anchieta –Centro Paulista de Rádio e TV Educativas, uma
entidade que é custeada por dotações orçamentárias do Estado de
São Paulo, doações e receita própria.
O
Governo de São Paulo tem, portanto, certa influência sobre o
conteúdo da emissora. Mas é vetado de utilizá-la para fins
político-partidários, de acordo com o Estatuto da Fundação.
O
documento também estabelece que a entidade será constituída de 1
conselho curador e uma diretoria executiva. O conselho é formado por
membros do governo, como os secretários estaduais da Cultura,
Educação e Fazenda, além dos secretários municipais da Cultura e
da Educação."
Fonte:
poder 360
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