Você precisa de tudo que
tem?
por Célia Lima
Reflita se o dinheiro
compensa tudo o que você abre mão para tê-lo
Você concordaria em abrir mão de 20% do seu salário
para trabalhar 20% menos tempo? Muita gente pode pensar que o estilo de vida
que cada um escolhe para si tem a ver somente com as necessidades que
imaginamos ter ou que temos de fato. É claro que todos precisam de dinheiro para
viver, assim é construída nossa sociedade. Mas será que o tanto de dinheiro que
imaginamos precisar é realmente compensador quando comparado com tudo de que
abrimos mão, e que é igualmente necessário e prazeroso em nossas vidas?
Considerando que as pessoas que trabalham em
empresas ficam fora de casa por pelo menos onze horas por dia (duas horas entre
ida e volta do trabalho, uma hora para almoço e oito horas de trabalho), e que
elas durmam uma média de sete horas por noite, das vinte e quatro horas do dia
lhes restam seis horas para serem distribuídas entre mais duas refeições, tomar
banho e cumprir com suas obrigações pessoais.
Você tem ideia do que poderia fazer com pelo menos
duas horas a mais do seu tempo caso abrisse mão de 20% de seu salário? Vou citar
aqui muitas coisas prazerosas que custam o mínimo ou mesmo custam nada, e que
por estarmos ocupados demais trabalhando acabamos esquecendo o quanto são
importantes em nossas vidas:
- Namorar
- Brincar
com os filhos
- Fazer
um curso
- Encontrar
amigos
- Ir à
praia, dar uma volta na praça, estar perto da natureza
- Ler
- Praticar
algum esporte
- Dedicar-se
a alguma entidade filantrópica (visitas a orfanato, asilos, cuidar de
animais abandonados, etc)
- Formar
um grupo de estudos em algum assunto de interesse
- Dormir
mais
- Meditar
Muitas atividades não são necessariamente
prazerosas, mas são indispensáveis para o bom funcionamento de nossas vidas e
ficam sendo adiadas por pura fala de tempo para realizá-las:
- Organizar
documentos
- Consultas
médicas
- Organizar
a casa
- Ajudar
os filhos em suas tarefas
- Cuidar
de um parente necessitado de atenção
- Separar
aqueles livros que você nunca mais vai ler e levar a uma biblioteca
municipal
- Arrumar
a gaveta da bagunça, se livrando de tantas coisas que só servem para
deixar energia estagnada
Vinte por cento do tempo pode representar muitas
realizações importantes em nosso dia-a-dia. Pode representar muito menos
estresse, muito mais alegria, distribuída homeopaticamente ao longo de um ano,
por exemplo.
Por outro lado, abrir mão de vinte por cento do
salário pode, num primeiro momento, representar a prestação de um carro ou a
economia para a viagem de férias que, para muitos, compensa dias mais
abarrotados com os compromissos profissionais.
Muitos podem optar pelo consumo que lhes causa
prazer como ir às compras, aproveitar as liquidações, ir mais a restaurantes e
comer menos em casa, trocar a TV que ainda funciona bem por uma mais moderna ou
adquirir sempre o último modelo de celular mesmo que o anterior desempenhe bem
todas as funções.
Outros podem optar por uma vida mais minimalista,
mais enxuta, adquirindo apenas o que é necessário sem se deixar levar por
impulsos consumistas e conseguindo assim economizar também para programar a
viagem dos sonhos.
Não existe certo ou errado no jeito escolhido para
viver. Mas independentemente de você ter um perfil mais consumista ou mais
minimalista, vale refletir sobre algumas questões:
- Eu
preciso de tudo o que tenho?
- Se
eu abrisse mão de comprar algumas coisas (20% menos de dinheiro) para
assim ter mais tempo para usufruir a vida com coisas mais simples e
calmas, eu descobriria prazeres diferentes que também poderiam me fazer
feliz?
- Será
que só o que o dinheiro compra pode me proporcionar bem-estar?
- Será
que se eu abrisse mão de parte do meu salário para ganhar em tempo eu
conseguiria cumprir com minhas obrigações financeiras básicas?
- O
uso que faço do dinheiro que tenho faz jus ao tempo que dispendo com o
trabalho?
Tempo x dinheiro
Mesmo que não tenhamos muita escolha quanto ao
número de horas trabalhadas (seria mais fácil para os profissionais
autônomos?), esses questionamentos podem nos ajudar a pensar no destino que
damos ao dinheiro que ganhamos, quantas "necessidades desnecessárias"
nós criamos, o quanto nos deixamos influenciar pelos apelos de consumo e como
muitas vezes temos que pagar com nossa saúde ou com nossa ausência de
atividades importantes para ter mais dinheiro.
Obviamente muitos dirão que existem os fins de
semana para repormos as energias, o que não deixa de ser verdade. Mas quem quer
arrumar gavetas ou organizar papéis, quem pode ir ao médico ou ajudar nas
tarefas dos filhos nos finais de semana, quando esse período parece existir
justamente para descansarmos o corpo e a mente?
Claro que seria muito mais interessante se
pudéssemos ganhar o mesmo trabalhando menos. Mas ainda assim muitas pessoas
optariam por trabalhar esse tempo a mais se pudessem ganhar mais. Tudo é uma
questão de valores e de como as prioridades se estabelecem em nossas vidas.
Parar um pouco para pensar no assunto pode mudar a
dinâmica de nossa história e mesmo que a maioria não tenha opção, vale
reorganizar a vida para tentar obter mais com o tempo e com o dinheiro de que
dispomos.
Psicoterapeuta Holística utiliza florais e técnicas da psicossíntese
como apoio ao processo terapêutico. Presta atendimento individual e em grupo, e
serviços de coaching pessoal, profissional e organizacional.
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