sábado, 12 de agosto de 2023

"Presidente do BC diz que PIX será alternativa para empréstimos e para o cartão de crédito"

Presidente do Banco Central, Campos Neto
 "Ainda não há informações detalhadas sobre como funcionaria o PIX na modalidade de crédito, pois o produto ainda não foi oficialmente lançado. Campos Neto também disse que tomou um 'puxão de orelha' por ter antecipado os estudos sobre o fim do cartão de crédito rotativo."

 Por Alexandro Martello, g1

"O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (11) que a instituição continua trabalhando em novas funcionalidades do PIX, o sistema de transferência de recursos em tempo real, e avaliou que isso poderá ser, no futuro, uma alternativa ao cartão de crédito.

A declaração foi dada um dia após ele ter informado que o BC avalia alternativas para reduzir a inadimplência nas operações com cartão de crédito rotativo – que ocorre quando o cliente não paga o valor total da fatura e joga a dívida para o mês seguinte.

Entre elas, estaria o fim do rotativo do cartão de crédito, e o parcelamento do saldo devedor com juro menor. Outra sugestão foi cobrar uma tarifa para compras parceladas com prazo maior.

"É super importante, a gente está fazendo várias políticas com o PIX crédito, que vão desafogar e dar alternativas. Mas a nossa ideia era dar uma opção que passasse por ter um parcelamento, e não ter o rotativo. De tal forma que a gente conseguisse equilibrar os números por produto. É importante que o cartão de crédito continue a ser uma alternativa viável", declarou, durante participação no Fórum de Gestão Empresarial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap).

Ainda não há informações detalhadas sobre como funcionaria o PIX na modalidade de crédito, pois o produto ainda não foi oficialmente lançado. A ideia é autorizar os bancos a oferecerem empréstimos por meio dessa ferramenta - inclusive com parcelamento (como ocorre atualmente com o cartão de crédito).

Sobre o fim do crédito rotativo do cartão de crédito, Campos Neto afirmou que tomou um "puxão de orelha" por ter antecipado os estudos sobre o assunto. Ele não informou, porém, quem o repreendeu. Lembrou apenas que o tema é tratado em conjunto com o Ministério da Fazenda, com associações do mercado financeiro e bancos.

O presidente do BC observou que houve um aumento em um "período muito rápido" na concessão de novos cartões de crédito, com o número de cartões em circulação saltando de pouco mais de 100 milhões de unidades para 215 milhões.

"Aumento muito grande, muita gente com dois, três, quatro, cinco cartões. O que começou a acontecer que você tinha, de um lado, um custo muito grande, pois aumentou muito parcelamento sem juros. Saía do parcelamento sem juros e entrava no rotativo, já entrava em uma situação ruim", disse Campos Neto.

Ele avaliou que se há uma inadimplência registrada de 54% do total de operações, há um problema no produto em questão - o crédito rotativo.

"Não conheço nenhum país do mundo onde os cartões tenham inadimplência tão alta. E um juro muito alto, que acaba entrando nesse ciclo vicioso", acrescentou.

Campos Neto disse que as taxas de juros do rotativo do cartão de crédito chegam a 800% ao ano para "novos entrantes", ou seja, para pessoas que buscam a modalidade e não tem relacionamento prévio com a instituição financeira.

"O problema foi gerado por uma concessão grande de cartões, por um tema que tem um parcelamento sem juros que, aparentemente, não tem custo, mas obviamente alguém paga o custo no fim", disse ele.

O presidente do BC disse que é preciso encontrar um equilíbrio no cartão de crédito, ou as vendas parceladas, que respondem atualmente por 40% do total no país, podem cair no futuro.

"O comércio diz que precisa do parcelado sem juros porque estimula compra. Do outro lado, se nada for feito e começar a ter um colapso na indústria de cartões de crédito, vai ter uma queda muito grande de vendas. Lembrando que 40% das vendas no Brasil são feitas por cartão de crédito. Em um país emergente normal, é entre 10% e 15%", explicou."


Fonte: g1/Economia              

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