“Se, como eu, você olhou para as estrelas e tentou entender o que vê,
também começou a se perguntar o que faz o universo existir.”.
Stephen Hawking
Um dos seres humanos que mais admiro é Stephen Hawking. O célebre físico
inglês deixou um legado imensurável para a Ciência. Suas teorias sobre
o Universo ainda serão debatidas e analisadas por anos, e abriram um pouco
mais as portas sobre nosso conhecimento sobre o Universo.
Hawking não foi notável apenas pela contribuição científica que realizou e
que deixou. Em 1963, estudando na Universidade de Oxford e com a idade
de 21 anos, foi diagnosticado como portador de Esclerose Lateral
Amiotrófica (E.L.A.), uma doença degenerativa que impede o
funcionamento dos nervos que controlam a musculatura. Hawking perderia
controle sobre o próprio corpo, tornando-o prisioneiro de si mesmo, até
o seu falecimento. Que, segundo os médicos, aconteceria em até 2 anos
e meio após o diagnóstico da doença.
Em 1965, Hawing casou-se com Jane Wilde, que conhecera pouco menos
de dois anos antes. O casamento com Jane durou 25 anos, quando
Stephen deixou sua esposa para viver com uma de suas enfermeiras,
Elaine Maison. Neste momento, você pode estar se perguntando como
o primeiro casamento durou tanto, se o diagnóstico médico previa que a
morte alcançaria o cientista em 2 anos e meio – e se a previsão aconteceu
no ano de 1963, Jane se tornaria uma jovem viúva em 1966, no máximo.
Mas não foi isto que aconteceu. Realmente, a doença aprisionou Hawking
em seu próprio corpo. Ele perdeu o controle de praticamente toda a
sua musculatura. Ficou confinado a uma cadeira de rodas. Dependia
de cuidados constantes. Perdeu a capacidade de falar, o que lhe obrigou
a utilizar um sintetizador de voz para poder se comunicar.
Isto não impediu que ele se tornasse um dos cientistas mais brilhantes
que surgiram em nosso pequeno planeta. Em 1968, tornou-se membro
do Instituto de Astronomia de Cambridge. Em 1973, publicou seu primeiro
livro, em parceria com G.F.R.Ellis, o primeiro de quinze livros que tiveram
a sua assinatura. Em 1979, retornou a Cambridge para se tornar professor
em uma das mais renomadas cadeiras da Universidade.
O que tornou Hawking mundialmente conhecido, além da brilhante mente e
sua condição singular, foi a sede de compartilhar os segredos que
estudava com o maior número possível de pessoas. Algo que
parecia impossível, visto que perdera as habilidades de falar e
escrever. Entretanto, com o inestimável auxílio de seus estudantes,
que apoiavam nas revisões de texto ditados com o sintetizador de voz,
“Uma Breve História do Tempo” foi publicado. Um sucesso estrondoso,
que se manteve por semanas nas listas de livros mais vendidos e
elevando o cientista à categoria de celebridade mundial.
Hawking faleceu em Cambridge no ano de 1998, com a idade de 76
anos. Um feito notável para alguém cuja sentença prevista seria o
falecimento com 24 a 25 anos no máximo. Quinze livros, teorias científicas
que nos apoiam a entender um pouco mais o Universo, dois casamentos,
três filhos, incontáveis fãs ao redor do mundo.
Eu sou um destes fãs. Lembro-me, como se fosse ontem, da primeira
entrevista que assisti com Stephen Hawking, justamente na época
de lançamento de “Uma Breve História do Tempo”. Causou-me
impressão singular aquela figura aparentemente frágil, sentado em
uma cadeira de rodas altamente tecnológica, falando por meio de
computadores e sintetizadores de voz. Para Hawking, externar um
pensamento era um tremendo esforço, pois somente podia fazê-lo
movendo o único músculo que controlava, o da bochecha.
Sim, Stephen Hawking construiu e divulgou sua obra movendo
apenas o músculo da bochecha.
Não apenas a obra de Hawking me é um incentivo, mas sua própria
vida. Não foram poucas as vezes em que, tomado pela inércia,
preguiça ou desânimo, lembrava-me de Hawking e de sua vontade.
E tal como a estrela que mostra ao navegante o caminho a seguir
em mares desconhecidos ou hostis, seu exemplo me guia
pelas águas turbulentas pelas quais passo em algum momento
de minha existência.
E me leva a refletir sobre o sentido de “limite”. Muitos entendem que
não ser prisioneiro é não ter nenhuma contenção. Que não ser
prisioneiro é ter o poder de tudo fazer, de tudo realizar. Ir a qualquer
lugar, a qualquer momento. Não se sujeitar à lei alguma que gerasse
algum sentimento de restrição ou constrangimento. Escolhas e poderes
infinitos.
Mas a verdade é que a Natureza demanda regras. E regras, nada mais
são, que limites e padrões de relacionamento entre tudo o que
convive e relaciona. Átomos obedecem a limites. Luz e radiação
obedecem a limites. Os elementos químicos se combinam conforme
regras e limites. A vida se mantém sustentando limites entre os
seres que constituem um ecossistema.
Os jogadores de um time de futebol obedecem a limites. Pelé não
marcou 1.283 gols em sua carreira porque podia carregar a bola com
as mãos. Ele converteu todos esses gols com as mesmas
restrições determinadas aos demais jogadores na época em que
desenvolveu sua carreira.
Sem limites, não haveria jogo. Sem limites, não haveria vida. Sem limites,
não haveria Universo.
Não podemos fazer tudo. Pelé não podia fazer gols em impedimento.
Hawking não podia disputar uma maratona.
Quando reconhecemos os limites, os aceitamos e reconhecemos
sua importância, então podemos ir além. Podemos inventar dribles,
treinar mais do que os demais jogadores. Podemos decidir escrever
livros e divulgar os mistérios do Universo mesmo que nossa única
fonte de comunicação com nossos semelhantes seja o singelo músculo
de uma bochecha.
Hawking me mostrou que eu não posso fazer tudo. Mas que tudo,
posso fazer o que me é possível fazer. Reconhecer meus limites
é o primeiro passo para superá-los. Paradoxalmente, é quando
reconheço meus limites que posso exercer plenamente a minha liberdade.
E exercendo a liberdade de fazer o melhor que posso, com os recursos
que tenho e nos limites que reconheço, que alcanço realizando minhas
ações com profundidade, determinação e consciência. É quando, finalmente,
eu alcanço o significado de “Excelência”.
Maurício Luz |
1º Belmiro Siqueira de Administração – em 1996, na categoria monografia, com o tema “O Cliente em Primeiro Lugar”.
E o 2ºBelmiro Siqueira em 2008, com o tema “Desenvolvimento Sustentável: Desafios e Oportunidades Para a Ciência da Administração”..
Ex-integrante da Comissão de Desenvolvimento Sustentável do Conselho de Administração RJ.
Com experiência em empresas como SmithKline Beecham (atual Glaxo SmithKline), Lojas Americanas e Petrobras Distribuidora, ocupando cargos de liderança de equipes voltadas ao atendimento ao cliente.
Maurício Luz é empresário, palestrante e Professor. Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1997).
Mestre em Administração de Empresas pelo Ibmec (2005). Formação em Liderança por Condor Blanco Internacional (2012).
Formação em Coach pela IFICCoach (2018). Certificado como Conscious Business Change Agent pelo Conscious Business Innerprise (2019).
Atualmente em processo de certificação em consultor de Negócios Conscientes por Conscious Business Journey.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é sempre bem-vinda!