terça-feira, 14 de junho de 2022

"ONU declara preocupação com eleições no Brasil"

Michelle Bachalet

Por Carlos Eduardo Fraga - IstoÉ

"A Alta Comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, declarou nesta segunda-feira 13, durante discurso de abertura do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, na Suíça, que está preocupada com as ameaças que os defensores de direitos humanos, ambientalistas e os povos indígenas sofrem no Brasil.

“Estou alarmada com as ameaças contra os defensores dos Direitos Humanos e ambientais e contra os indígenas, que sofrem com a contaminação causada pelo garimpo em suas reservas”, declarou Bachelet em seu discurso. “Peço às autoridades que garantam o respeito aos direitos fundamentais e a independência das instituições.”

Em coletiva de imprensa após seu discurso, Bachelet, ex-presidente do Chile, realçou a importância de que o processo eleitoral seja “justo e transparente”. “Em outubro vocês tem eleições. E peço a todas as partes do mundo que as eleições sejam justas, transparentes e que as pessoas possam participar livremente”, afirmou. “Será um momento muito importante e não deve haver interferência de nenhuma parte para que o processo democrático possa ser atingido.”

A alta comissária da ONU também fez duras críticas à situação de racismo e violência policial, que se tornam cada vez mais frequentes no País desde que Jair Bolsonaro assumiu. A representante da ONU enfrentou um clima de estranhamento com Bolsonaro. Em 2019, o presidente brasileiro elogiou o ditador Augusto Pinochet para rebater críticas de Bachelet, que foi torturada pela ditadura chilena. Seu pai foi assassinado pelo regime militar.

A chilena destacou problemas sociais no Brasil como o racismo estrutural, violência policial e ataques sofridos pela comunidade LGBTQIA+, em seu discurso. “Os casos recentes de violência policial e racismo estrutural são preocupantes, assim como os ataques contra legisladores e candidatos, particularmente os de origem africana, mulheres e pessoas LGBTQIA+, antes das eleições gerais de outubro”, disse.

Em outro momento de seu discurso, Bachelet incluiu o Brasil em uma lista com cerca de trinta países que passam por um momento preocupante em relação à violação dos direitos humanos. Segundo ela estes locais vivenciam “situações críticas e que exigem ações urgentes”. A chilena citou o Brasil de forma específica ao falar da “tendência perturbadora de redução do espaço cívico, incluindo ataques a defensores dos direitos humanos e jornalistas, e restrições indevidas á liberdade de expressão e da mídia”.

Esta não é a primeira vez que o governo de Jair Bolsonaro recebe críticas de organismos internacionais. Há alguns dias o Alto Comissariado da ONU acusou o governo de ter tido uma resposta “extremamente lenta” em relação a iniciar as buscas pelo jornalista britânico Dom Phillips e pelo indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Pereira, que desapareceram na região do Vale do Javari, no Amazonas.

Michelle Bachelet também se utilizou do discurso para informar de que não irá concorrer a um segundo mandato na chefia da ONU, cargo que ocupa há quatro anos, devido a pressões que vem sofrendo por causa da crise na China. Bachelet, 70 anos, é ex-Presidente do Chile e foi a primeira mulher a assumir a presidência do país."

Fonte: IstoÉ              

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