"Observar
o que nos adoece e respeitar o processo de cura propicia lições
valiosas"
"Só
mesmo quando adoecemos é que entendemos o valor daquela expressão
"tendo saúde, o resto a gente enfrenta". Ora, se uma
simples dor de cabeça já incapacita tantas pessoas para o
cumprimento de tarefas cotidianas, imagine uma doença mais grave ou
crônica, que nos obrigue a ficar na cama ou a mudar completamente os
nossos hábitos !
A
doença física é um tormento, sem dúvida. De uma gripe que agride
o corpo todo com dores, tosse, congestão nasal e febre, ou uma
gastrite que, além de causar dor, limita a nossa alimentação,
passando pelo diabetes, que exige uma dieta adequada e medicação
pela vida inteira, até os problemas que impedem nossos movimentos
livres - seja temporariamente, como no caso de uma fratura, seja por
uma doença crônica, como artrite, artrose ou problemas na coluna -,
adoecer é sempre perturbador. O fato é que dificilmente
encontraremos alguém que nunca teve um resfriado ou um problema de
saúde que não o fizesse lembrar de que ele tem um corpo, e de que
esse corpo precisa de cuidados que vão além da estética ou da
prevenção de doenças. Em algum momento adoecemos, tanto por causa
de uma doença corriqueira quanto devido a um problema mais grave.
SINTOMAS E DOENÇAS PODEM SER REFLEXOS DO NOSSO COMPORTAMENTO
Ouço
muitas pessoas dizerem "eu fiz essa doença em mim". É
certo que a forma como lidamos com os acontecimentos em nossas vidas
pode desencadear sintomas físicos e até mesmo certas doenças. Uma
pessoa não tem uma gastrite gratuitamente; certamente ela "engole"
situações que lhe provocam dor, situações de difícil
digestão."Uma
pessoa não tem uma gastrite gratuitamente; certamente ela "engole"
situações que lhe provocam dor, situações de difícil digestão."
O
mesmo ocorre com quem tem dor de garganta frequentemente ou problemas
de tireoide. Essa pessoa pode estar cheia de "sapos"
atravessados na garganta, pode não conseguir expressar seus
sentimentos de maneira adequada ou ainda pode estar bloqueando a
própria expressão criativa. Claro que não existe uma cartilha que
relacione de forma rígida a doença com o estado emocional que a
provoca. É preciso conhecer o histórico da pessoa. Mas é certo que
as doenças estão intimamente relacionadas ao nosso estado de alma.
Porém,
saber disso não deve ser um elemento a mais para nos sentirmos mal.
Muitas pessoas se culpam terrivelmente ou culpam outras por terem
atravessado momentos emocionalmente delicados, acabando por creditar
suas doenças a tais eventos de forma tão contundente que não
percebem o quanto a culpa e a raiva podem estar dificultando a sua
recuperação.
É
sabido que.as emoções podem interferir na nossa saúde física
Mas é igualmente importante aprender a lidar com essas emoções
quando o corpo já está doente. É praticamente impossível ficarmos
constantemente atentos ao nosso estado emocional, ainda mais com o
objetivo de evitar a doença física. Não temos superpoderes, pelo
contrário - somos vulneráveis, somos humanos.
SENTIMENTO DE CULPA APENAS DIFICULTA O PROCESSO DE CURA
A
doença é, de fato, mais um caminho para o autoconhecimento. Mas não
é correndo atrás das causas psicológicas, emocionais ou afetivas
que faremos com que ela desapareça, como por encanto. Melhor é,
enquanto se está doente, que as energias sejam dirigidas ao processo
da cura física, obedecendo às orientações médicas, aceitando o
carinho e a atenção das pessoas queridas e percebendo
conscientemente as próprias limitações. Ao aceitar o próprio
estado temporariamente limitado, ao invés de esbravejar contra a
doença, contra si ou alguém, você tem a oportunidade de dedicar-se
a si mesmo, no momento presente, iniciando então o processo de cura.
A aceitação e o reconhecimento da necessidade de ajuda acionam no
doente a coragem para enfrentar o problema.
Sim,
existem doenças que não têm cura, mas têm tratamentos que
possibilitam uma qualidade de vida bem perto do desejável, em função
das circunstâncias. Nesse caso, aquietar os pensamentos e
entregar-se resignadamente ao tratamento são os primeiros passos
para seguir em rumo a um estado mais amoroso em relação a si
próprio."aquietar
os pensamentos e entregar-se resignadamente ao tratamento são os
primeiros passos para seguir em rumo a um estado mais amoroso em
relação a si próprio."
Viver
da melhor forma possível com um problema de saúde deve ser o
objetivo de todos os que se defrontam com uma situação difícil.
Assim,
eliminar a própria culpa por estar doente é fundamental para a
recuperação. É preciso compreender que se você não lidou de
outra forma com os eventos da vida que o levaram a adoecer, foi
porque naquele momento não tinha maturidade suficiente para agir de
outra maneira. É a experiência de vida que nos traz lucidez.
Da
mesma forma, responsabilizar outra pessoa pelo advento da doença não
vai ajudá-lo em nada na sua recuperação. Buscar do lado de fora os
motivos que o levaram à tristeza, à raiva ou ao arrependimento é
útil apenas para que você saiba que, afinal, tudo aquilo não tinha
a importância imensa que você deu, ou que você estava
completamente impotente com relação às atitudes do outro. Você
não tem o controle sobre o outro! Aliás, abandonar o controle é de
grande ajuda para viver mais suavemente. Controlar é uma ilusão.
IDENTIFICANDO E TRANSFORMANDO ATITUDES NOCIVAS À SAÚDE
Ao
adoecer, busque orientação profissional o mais rápido que puder.
Faça sempre exames de rotina e não acredite que você está imune a
doenças, porque não está. Se possível, escolha um médico que lhe
transmita confiança, com quem você se sinta confortável para falar
sobre seus medos e dúvidas. Pergunte tudo o que quiser - o
profissional está ali para esclarecer e te ajudar. Mas, acima de
tudo, procure focar no momento presente, que é o que exige a sua
atenção. Seja generoso consigo mesmo, tendo paciência com o tempo
necessário ao tratamento, e, fundamentalmente, não se torture com
culpa ou outros sentimentos que não lhe serão nada úteis enquanto
estiver se tratando. Aceite ajuda, aceite companhia, aprenda a
pedir."não
se torture com culpa ou outros sentimentos que não lhe serão nada
úteis enquanto estiver se tratando. Aceite ajuda, aceite companhia,
aprenda a pedir."
No
momento adequado você poderá recolher-se em reflexões e, aí sim,
buscar novas formas de agir, de modo a cuidar das suas emoções em
função das experiências que já viveu. Em suas reflexões você
poderá reconhecer o que precisa deixar para trás, do que precisa
desapegar-se e de que forma mais branda, amorosa, acolhedora e gentil
pode presentear-se todos os dias.
Não
ficamos doentes por acaso, mas a doença física possibilita o
exercício do autoconhecimento, para revermos o nosso jeito de viver
a vida e promovermos mudanças em nossas atitudes, especialmente as
que nos afastam de quem verdadeiramente somos."
Fonte:
Personare
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