Por Solly Boussidan –
VEJA.com
“Vai ser um pouco mais
caro e complicado viajar para os países da União Europeia. Em
breve, brasileiros interessados em visitar Roma, Paris ou Berlim
serão obrigados a solicitar uma autorização de viagem online para
ingressar no Espaço Europeu de Livre Circulação (o chamado “Espaço
Schengen”) e pagar uma taxa de 5 euros (cerca de 31 reais) por
pessoa.
O mecanismo, batizado de
ETIAS (Sistema Europeu de Informação e Autorização de Viagem, na
sigla em inglês), é uma tentativa de Bruxelas para aumentar a
segurança no território da União Europeia contra ameaças
terroristas e a imigração ilegal.
O sistema foi aprovado no
final de abril pelo Parlamento europeu e pelo Conselho europeu, que
chegaram a um acordo sobre o novo sistema de informação e
autorização de viagens para cidadãos de países de fora da Europa
que não necessitam de vistos para viajar à União Europeia ––
entre eles, Brasil, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão, Nova
Zelândia, Israel e Argentina.
Hoje os turistas
brasileiros que querem viajar para os países da União Europeia
precisam apenas apresentar um passaporte brasileiro válido na
chegada ao aeroporto ––além de possivelmente responder algumas
perguntas sobre o motivo de sua viagem e comprovar que possui seguro
viagem e meios de subsistência para a estadia–– recebendo na
hora um carimbo de ingresso que substitui um visto de entrada, é
válido por até 90 dias e permite a livre circulação em todo o
Espaço Schengen.
Quando o ETIAS entrar em
vigor, será necessário preencher um formulário online com os dados
pessoais do visitante, seu passaporte e histórico anterior de
viagens pelo menos 96 horas antes do embarque rumo a UE –– e
pagar os 5 euros de taxa, independentemente da autorização ser ou
não concedida.
“A autorização para
entrar no Espaço Schengen será enviada diretamente por e-mail, e
isso facilitará muito os controles nos aeroportos, reduzindo as
filas, por exemplo”, explicou uma funcionária da Delegação
da União Europeia no Brasil à reportagem.
Como o ETIAS vai
funcionar?
Segundo ela, as
informações apresentadas em cada formulário serão analisadas na
base dos bancos de dados da própria União Europeia, além de
sistemas de dados internacionais como o da Interpol, para determinar
se existem razões válidas para rejeitar a autorização ao ingresso
na Europa.
Entre os motivos que
podem vetar a autorização de viagem estão a presença do nome do
candidato em alguma “no fly list” (uma lista de pessoas proibidas
de voar por envolvimento com o terrorismo internacional ou por
condenações criminais), além de suspeitos de atividades criminais
ou relacionadas ao terrorismo, bem como violações anteriores de
imigração na Europa, tal como haver trabalhado sem autorização,
ter permanecido no continente ilegalmente ou haver sido deportado por
algum país da UE previamente.
Em ausência de elementos
que impeçam o ingresso ou que demandem mais análises, a autorização
será concedida automaticamente em poucos minutos e será válida por
até três anos.
“O ETIAS será um
sistema importante para a proteção das fronteiras externas da União
Europeia, pois impedirá a entrada de quem represente uma ameaça
para os cidadãos europeus”, explicou a funcionária do bloco.
“Prevemos que 95% das demandas serão autorizadas automaticamente,
4% deverão ser analisadas com calma [e autorizadas ou denegadas
manualmente] e 1% serão barradas”.
O ETIAS está previsto
para entrar em vigor em 2020. Turistas brasileiros que possuem também
a nacionalidade de algum país europeu não precisam se preocupar: um
passaporte europeu válido dá direito à entrada nos países membros
da Área Econômica Europeia (AEE) ––que compreende a União
Europeia e, crucialmente, o Espaço Schengen, que exigirá o ETIAS––
sem nenhum outro requisito.
Quem viajar a países da AEE que não façam parte do Espaço Schengen ––Croácia, Bulgária, Romênia, Chipre, Irlanda e Reino Unido––também não necessitará do ETIAS. Todavia, se em seguida pretender entrar em um país Schengen, deverá obter a autorização prévia, que pode ser necessária inclusive para quem só faz uma escala para troca de aviões em território europeu, mesmo que o viajante não pretenda ficar no continente.
Quem viajar a países da AEE que não façam parte do Espaço Schengen ––Croácia, Bulgária, Romênia, Chipre, Irlanda e Reino Unido––também não necessitará do ETIAS. Todavia, se em seguida pretender entrar em um país Schengen, deverá obter a autorização prévia, que pode ser necessária inclusive para quem só faz uma escala para troca de aviões em território europeu, mesmo que o viajante não pretenda ficar no continente.
(Arte/VEJA)
O
sistema funcionará de maneira muito parecida com o Esta (Sistema
Eletrônico de Autorização de Viagens, na sigla em inglês), o
modelo de autorização prévia de viagem para cidadãos de países
que não necessitam de visto para os Estados Unidos (que inclui a
maior parte dos países da União Europeia, bem como alguns países
da Ásia e Oceania, além do Chile.
Cidadãos canadenses também não necessitam de visto prévio para
entrar nos Estados Unidos, mas, ao contrário dos demais, também não
precisam obter um Esta).
Os americanos insistem
que seu sistema não é equivalente à obtenção de um visto ou de
um visto eletrônico, por ser rápido, barato (14 dólares para dois
anos de validade), pouco burocrático e emitido quase que
instantaneamente para a maioria dos que necessitam da autorização
antes de viajar rumo ao território americano.
Entre
os outros países que implementam um sistema similar estão
a Austrália––
pioneira na inovação ainda na década de 90, com o seu chamado ETA
(Electronic Travel Authorization, ao custo de 20 dólares
australianos e com validade de um ano), para países que não
necessitam de visto para o país, exceto cidadãos europeus (que
podem obter uma autorização similar chamada de eVisitor, sem custo)
e cidadãos neozelandeses que não precisam de autorização
prévia––, o Sri
Lanka,
e, mais recentemente, o Canadá.
Os
europeus afirmam, entretanto, que essa não é uma resposta europeia
ao sistema de Washington.
“O Etias é um sistema completamente autônomo, que visa a garantir
uma maior segurança dos passageiros e aos cidadãos europeus”,
explica a funcionária da UE.”
Fonte:
veja.com
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