Por Pâmela Pinto
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Riscos da
hipertensão
A hipertensão arterial é uma doença
cardiovascular crônica que atinge principalmente vasos sanguíneos, coração,
cérebro e rins.
A pressão alta, como também é
conhecida, ocorre quando a medida da pressão se mantém frequentemente acima de
140 por 90 mmHg (ou 14/9).
As doenças cardiovasculares constituem
a primeira causa de morte da população adulta no Brasil, sendo a hipertensão
uma das principais responsáveis por este índice.
O que causa a
hipertensão?
A hipertensão é resultado da
associação de fatores genéticos e ambientais, e pode atingir adultos e
crianças.
Fatores como sedentarismo, fumo,
consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estresse, grande consumo de sal e
níveis altos de colesterol são considerados determinantes para o surgimento
deste agravo.
Sintomas da hipertensão
De acordo com o médico e farmacologista
Eduardo Tibiriçá (foto), especialista em hipertensão do Instituto Oswaldo Cruz
(IOC/Fiocruz), na maioria dos casos, o paciente hipertenso não apresenta
sintomatologia, ou seja, é portador de uma doença "silenciosa".
Por isso, o simples hábito de medir a
pressão regularmente pode evitar transtornos futuros. As manifestações surgem
apenas com a elevação extrema da pressão arterial. Os sintomas podem incluir
dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão
embaçada e sangramento nasal.
Consequências da
pressão alta
Os principais problemas decorrentes da
pressão alta são o derrame, ou acidente vascular cerebral (AVC), infarto,
isquemia miocárdica e insuficiência renal.
"Por ser uma doença
assintomática, o diagnóstico, muitas vezes, acontece em estágios avançados do
processo degenerativo da doença, dificultando o tratamento. Nosso maior desafio
hoje, além de desenvolver alternativas terapêuticas para baixar a pressão, é retardar
ou mesmo prevenir o aparecimento das lesões nos órgãos-alvo deste problema
crônico", conta o pesquisador.
Maior risco entre
idosos e obesos
Os idosos são o principal grupo de
risco, já que a pressão arterial aumenta linearmente com a idade. De acordo com
as diretrizes da Sociedade Brasileira de Hipertensão, a maior prevalência da
doença nos homens é observada a partir dos 50 anos, enquanto nas mulheres
ocorre a partir dos 60. A população com nível socioeconômico mais baixo é outro
grupo de maior prevalência, devido ao menor acesso a cuidados com a saúde, o
estresse psicossocial e os hábitos alimentares.
O excesso de massa corporal e a
obesidade também são fatores que predispõem para a ocorrência de hipertensão e
estão associados com 20% a 30% dos casos. Cerca de 75% dos homens e 65% das
mulheres apresentam hipertensão diretamente atribuível à obesidade. Segundo
Tibiriçá, o sedentarismo aumenta a incidência de hipertensão arterial, pois
indivíduos que não praticam atividades físicas apresentam risco aproximado 30%
maior de desenvolver o problema, se comparados a pessoas ativas.
Como cuidar da
pressão arterial
O sal é um dos principais vilões para
os pacientes hipertensos. "O consumo de sal pode aumentar a pressão
arterial, já que o cloreto de sódio pode agir no aumento da vasoconstrição
(contração dos vasos sanguíneos), aumentando a pressão", explica o médico.
As diretrizes brasileiras de
hipertensão arterial apontam que o consumo de frutas e alimentos com
fitoesteróis auxilia na redução dos níveis de colesterol e proporciona maior
qualidade de vida aos hipertensos.
Os fitoesteróis são substâncias
vegetais presentes nos grãos comestíveis, como sementes, soja e cereais,
especialmente milho, legumes e frutos secos.
De acordo com o manual da Sociedade
Brasileira de Hipertensão, uma dieta rica em potássio ajuda a controlar a
pressão arterial. Alimentos como feijão, ervilha, vegetais de cor verde-escuro,
banana, melão, cenoura, beterraba, frutas secas, tomate, batata inglesa e
laranja são indicados por serem ricos em potássio e pobres em sódio.
"A partir dos 35 anos temos de
dar mais atenção à saúde, adotar bons hábitos alimentares, praticar exercícios
físicos, evitar o tabagismo e o excesso de álcool", indica o especialista.
Medidas como estas também ajudam no combate a outras doenças, como a diabetes.
Além das ações preventivas, a adesão
ao tratamento é um ponto fundamental. Segundo Tibiriçá, apenas 20% dos
pacientes diagnosticados com hipertensão realizam um tratamento eficaz.
"Por ser uma doença causada por uma variedade de fatores, a hipertensão
arterial exige disciplina na continuidade do tratamento", afirma.
Para o especialista, o êxito do
tratamento depende de um atendimento multiprofissional, com orientações
específicas feitas por nutricionistas, enfermeiros, cardiologistas e
psicólogos.
Ciência a favor
O farmacologista desenvolveu uma série
de estudos para entender melhor a hipertensão e os efeitos das terapias
disponíveis. Em uma das linhas de pesquisa, Tibiriçá avaliou o efeito de
diferentes medicamentos utilizados no tratamento da hipertensão arterial sobre
a microcirculação sanguínea - sistema responsável pela irrigação de órgãos como
cérebro, coração e rins e pela distribuição de oxigênio pelo corpo, que
apresenta distúrbios em decorrência da doença. Os resultados da pesquisa podem
contribuir para a prescrição de tratamentos mais eficazes.
Foi avaliado o efeito de medicamentos
pertencentes a quatro classes farmacológicas utilizadas no tratamento da
doença: losartan, enalapril, nifedipina e atenolol. A pesquisa indica o melhor
desempenho sobre a microcirculação sanguínea de compostos pertencentes às
classes de antagonistas de receptores da angiotensina II (losartan) e
inibidores da enzima conversora da angiotensina II (enalapril) - a angiotensina
II é um hormônio vasoconstritor que colabora para reabsorção de sódio pelos
rins e provoca o aumento do volume sanguíneo.
A classe que integra bloqueadores de
canais de cálcio (nifedipina) também reverteu a rarefação funcional de
capilares em músculos e em tecidos cutâneos e normalizou a densidade capilar em
músculos esqueléticos. O atenolol, pertencente à classe dos betabloqueadores,
não induziu alterações na densidade funcional ou estrutural de capilares.
"Sabemos que os medicamentos melhoram o prognóstico da doença, mas, para
aprimorar o tratamento, é preciso entender de que maneira isso ocorre. Nesta
tarefa, o estudo da microcirculação é imprescindível", justifica Tibiriçá.
Fonte: Diário da Saúde
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