"Foi também a força e o êxito das mulheres no processo Constituinte, que antecedeu em duas décadas a Lei Mariada Penha, um marco no avanço da igualdade de direitos"
POR LÍDICE DA MATA
“Há
onze anos, uma lei vem mudando significativamente o cenário de
direitos da mulher brasileira: a Lei Maria da Penha (nº
11.340/2006), reconhecida em todo o mundo entre as legislações mais
avançadas para enfrentar a violência sexista. Foram e são os
movimentos sociais feministas e de mulheres historicamente
preponderantes nas iniciativas para as conquistas até agora obtidas.
São elas os principais responsáveis desde a retirada da invisibilidade desse tipo de violência até a construção de conceitos e meios para qualificar ações de prevenção, atenção e coibição, superando o caráter exclusivamente punitivo.
São elas os principais responsáveis desde a retirada da invisibilidade desse tipo de violência até a construção de conceitos e meios para qualificar ações de prevenção, atenção e coibição, superando o caráter exclusivamente punitivo.
Foi
também a força e o êxito das mulheres no processo Constituinte,
que antecedeu em duas décadas a Lei Maria da Penha, um marco no
avanço da igualdade de direitos.
A
partir de 2003, foram criadas a Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres e a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial,
vinculadas à Presidência da República e com status de Ministério.
Infelizmente, o atual governo retirou o status dessas
importantes secretarias, subordinando-as ao Ministério da Justiça,
ação que retirou poder, recursos e força desses organismos
constituídos para defender os direitos humanos.
"Foi também a força e o êxito das mulheres no processo Constituinte, que antecedeu em duas décadas a Lei Maria da Penha"
“É
inegável como o ritmo do enfrentamento à violência de gênero e
racial se acentuou. De lá para cá, intensificaram-se iniciativas
governamentais com mais recursos e instrumentos: prevenção e
atenção em pauta nos Poderes. Serviços, pesquisas, campanhas
educativas ganharam espaço para acontecer. Três conferências
nacionais foram realizadas. Da primeira, em 2004, resultou o primeiro
Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, avaliado e atualizado
nas conferências seguintes, num processo de grande mobilização
nacional.
Em
que pese que nossa legislação é considerada uma das mais
avançadas, estados e municípios aguardam recursos e estrutura para
investir e fortalecer suas redes de enfrentamento à violência de
gênero, com mais condições e estrutura de recursos humanos,
qualificação e condições físicas e materiais, inclusive para a
implantação e pleno funcionamento das Casas da Mulher Brasileira,
espaço destinado ao atendimento humanizado e integrado às mulheres
vítimas de violência, que precisam de atenção e proteção.
Do
ponto de vista legislativo, importante lembrar que, desde a Lei Maria
da Penha, diversas normas ampliaram e respaldaram o combate à
violência de gênero, como a lei que criminaliza o assassinato de
mulheres – a Lei do Feminicídio, de 2015; e, agora, neste mês de
agosto, o avanço, no Senado, da Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) 64/2016 que torna o crime de estupro imprescritível e
inafiançável.
Apesar
dos avanços, permanecem estarrecedores os índices de vítimas de
violência doméstica no Brasil: somos o quinto país
no ranking mundial
em feminicídio, com quase cinco mil assassinatos por ano, dos quais
62% das vítimas são negras.
Em
descompasso com a sociedade, o atual governo promove retrocessos:
reduz poder fechando Ministérios (mulheres e negros) e rebaixando-os
à condição de subordinação ao Ministério de Justiça e
Cidadania; e torna cada mais difícil efetivar direitos conquistados
nestes 11 anos da Lei Maria da Penha por meio de reformas, como a
trabalhista, que retira direitos dos trabalhadores, e afeta
drasticamente a qualidade do trabalho e de vida das mulheres.
A sociedade civil mobiliza-se fortemente para impedir tais retrocessos. A reforma trabalhista – já aprovada – e a da Previdência que está para ser votada, retiram poder e direitos de quem? Da base da pirâmide social, dos trabalhadores, das mulheres, principalmente as negras, maiores vítimas do feminicídio. A luta continua! Desistir, Nunca!”
A sociedade civil mobiliza-se fortemente para impedir tais retrocessos. A reforma trabalhista – já aprovada – e a da Previdência que está para ser votada, retiram poder e direitos de quem? Da base da pirâmide social, dos trabalhadores, das mulheres, principalmente as negras, maiores vítimas do feminicídio. A luta continua! Desistir, Nunca!”
Fonte: Congresso em Foco - uol
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