magem aérea do Guarujá; fotógrafo Johnny Miller está no Brasil desde outubro (Foto: JOHNNY MILLER / UNEQUAL SCENES) |
"O fotógrafo americano Johnny Miller já viajou para oito países retratando, a partir do alto, como a desigualdade de renda se expressa na arquitetura e na organização urbana das cidades"
"Tudo começou em 2016, quando uma foto tirada pelo americano Johnny Miller na Cidade do Cabo, na África do Sul, viralizou nas redes sociais e ganhou destaque na imprensa.
Vidigal (Foto: JOHNNY MILLER / UNEQUAL SCENES) |
Sociedades atuais são insustentáveis
Para Miller, a escolha da desigualdade como tema central de seu projeto parte de uma avaliação de que a forma como as sociedades atuais são organizadas não é sustentável.
"Eu acredito, e muitas pessoas acreditam o mesmo, que da forma como nossas sociedades são organizadas, o status quo não é sustentável. Não é saudável, não é tão próspero quanto poderia ser, não é tão seguro quanto poderia ser."
"As pessoas me perguntam: 'Então você acha que todo mundo deve ser totalmente igual?' Não, eu não acredito nisso. Não sou algum tipo de comunista soviético. Mas o que eu acredito é que a proporção entre riqueza e pobreza atualmente está totalmente desequilibrada e além do razoável."
"Num país como o Brasil, algumas pessoas muito ricas detêm mais de 50% da riqueza. O mesmo acontece na África do Sul e nos EUA e isso está piorando. Acredito que isso é um problema e que a mudança climática e a desigualdade serão os maiores desafios do século 21."
Mumbai (Foto: JOHNNY MILLER / UNEQUAL SCENES) |
Imagens têm o propósito de gerar discussão
Segundo o fotógrafo, seu objetivo ao retratar as cenas de desigualdade não é apontar soluções para o problema, mas fazer com ele seja cada vez mais um tema de discussão.
"Prefiro que você não me pergunte qual é a minha solução para a desigualdade, porque, honestamente, há pessoas muito mais inteligentes do que eu trabalhando para resolver a questão e a resposta não será muito sexy. Será uma combinação de reforma tributária e redistribuição de renda através de instrumentos financeiros e patrimoniais."
"O que eu posso fazer é comunicar o tema de uma maneira que faça as pessoas entenderem que se trata de um problema. O que estou tentando fazer com esse projeto é provocar uma discussão sobre desigualdade, mas também sobre como a arquitetura é usada para separar as pessoas."
Paraisópolis (Foto: JOHNNY MILLER / UNEQUAL SCENES) |
Fotografias de desigualdade podem ser belas
Assim, Miller entende que seu trabalho é mais do que fazer imagens bonitas, mas ele não tem medo de admitir que suas fotografias, apesar de retratarem realidades terríveis, também são belas.
Fotografias de desigualdade podem ser belas
Assim, Miller entende que seu trabalho é mais do que fazer imagens bonitas, mas ele não tem medo de admitir que suas fotografias, apesar de retratarem realidades terríveis, também são belas.
Rocinha (Foto: JOHNNY MILLER / UNEQUAL SCENES) |
Uso de drones é uma escolha política
Miller também é diretor de uma organização não-governamental na Cidade do Cabo chamada African Drone. O fotógrafo é um entusiasta da tecnologia e acredita que o seu uso é uma escolha política, além de estética.
"Acredito que drones são uma tecnologia muito democrática. Eles permitem ver a partir de cima, de uma forma que não seria possível cerca de quatro anos atrás sem tecnologias muito caras."
Para Miller, o drone é uma tecnologia "empoderadora", aliada da luta pela desconcentração da posse de terras, do jornalismo e da ajuda humanitária.
"Você pode mapear com drones, então pessoas que não detêm a posse de sua terra ou o título de sua residência podem provar com o uso de GPS que aquela área é delas, que aquela casa é delas."
"Para jornalistas e outros comunicadores, é muito importante poder voar sobre muros e ver coisas que pessoas querem manter em segredo", afirma. "Também há todo um terreno em expansão de entregas. Está reduzindo o custo de entregar suprimentos médicos e infraestruturas críticas na África."
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