As células hepáticas do pequeno anfíbio atuam de forma natural para evitar os danos ao fígado que caracterizam a cirrose. [Imagem: Robson Campos Gutierre et al. - 10.1111/joa.12757] |
Cura para a cirrose?
"A
função hepática única de um anfíbio sul-americano, o Siphonops
annulatus,
promete abrir o caminho na busca de uma cura para a
devastadora cirrose
hepática.
A
descoberta foi feita por uma equipe da UNIFESP (Universidade Federal
de São Paulo), do Instituto Butantan e da Universidade de Surrey
(Reino Unido).
A
cirrose ocorre em resposta a um dano ao fígado. O alcoolismo
crônico, a hepatite ou outras substâncias prejudiciais podem gerar
uma resposta de autorreparação no fígado, representada
principalmente por uma alta produção de colágeno e por uma
cicatrização (fibrose). Conforme a cirrose evolui, as funções do
fígado, como a desintoxicação e limpeza do sangue, entre outras,
vão ficando cada vez mais difíceis, até colapsar totalmente.
De
acordo com o Dr. Robson Gutierre, o anfíbio da América do Sul,
parecido com uma pequena cobra, tem células do fígado muito
exclusivas, conhecidas como melanomacrófagos, que conseguem remover
e destruir colágeno como parte de sua função natural. Os
melanomacrófagos também engolem naturalmente os basófilos -
células sanguíneas -, ajudando a minimizar a inflamação
indesejada e reduzindo a cicatriz que pode levar à cirrose.
Maravilhados
com a natureza
Várias
estratégias de tratamento para a cirrose foram testadas em todo o
mundo, como atrasar ou remover o estímulo subjacente que faz com que
as cicatrizes se formem. Outros tratamentos analisaram a degradação
ou a remoção do colágeno, mas nenhum deu os resultados esperados.
Mas
as células hepáticas do pequeno anfíbio parecem saber fazer tudo
isso de forma natural.
"A
função hepática deste anfíbio, o Siphonops annulatus,
pode nos proporcionar uma oportunidade única para resolver uma das
doenças mais devastadoras do fígado.
"Precisamos
de pesquisas mais aprofundadas sobre como essa descoberta poderia ser
traduzida para os seres humanos, mas ela tem o potencial de alterar a
forma como vemos e como tratamos essa doença. Estamos constantemente
maravilhados com a natureza, e essa espécie particular e bem pouco
estudada de anfíbio pode nos ajudar a encontrar uma maneira de parar
ou mesmo reverter a cirrose hepática," disse o pesquisador
Augusto Coppi, membro da equipe."
Os
resultados preliminares foram publicados na revista
científica Journal of Anatomy.
Fonte:
Diário da Saúde
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