Nota do Museu Nacional
“Ao
povo brasileiro, peço desculpas. Não houve outra
opção. Sacrifiquei-me, pois estava velho e pesado, onerando os
cofres públicos e acorrentado a uma política pífia e
decadente. Em um país onde faltam esparadrapos em hospitais e onde
adultos mal sabem ler, o consumo de cultura e história é supérfluo
quando comparado ao de arroz e feijão.
Suicidei-me
para dar espaço à nova cultura brasileira, midiática, imediatista
e efêmera. Não há espaço para a contemplação de artefatos
gregos e egípcios num mundo onde jovens cantam a "chatuba de
mesquita". Talvez se eu tivesse investido mais no meu sex appeal
como o MAR ou o Museu do Amanhã, eu pensaria em ficar um pouco mais
com vocês.
Hoje
vejo e ouço as lágrimas e o choro hipócritas daqueles que "me
amavam tanto", mas não me viam há décadas. Também o choro –
igualmente hipócrita - dos políticos e pseudo-intelectuais que
poderiam ter me tirado da minha depressão profunda, nem que fosse
pra dar uma mão de tinta na minha fachada.
A
você, cidadão comum, deixo meus primos. A Biblioteca Nacional,
O
Paço Imperial, O Museu Nacional de Belas Artes, O MAM e o Theatro
Municipal. Sei que você sabe que eles existem, mas não os conhecem.
Peço
que os veja ao menos uma vez e absorva um mínimo de cultura que seja
sem o desejo incontrolável de tirar uma selfie (que no meu tempo se
chamava autorretrato). Visite-os, antes que também tomem a mesma
decisão que tomei.
Deixo-vos
com a certeza que dentro de 30 dias o povo estará nas ruas num
embate viril entre coxinhas e pães com mortadela; e que em fevereiro
teremos um novo hit do verão. Serei lembrado como aquele tio velho
que morreu. Alguns guardarão lembranças e saudade. Outros sequer
lembrarão que existi.
Abro
espaço, então, para a antítese profetizada lá atrás, que
finalmente poderá ser materializada: a criação de um "museu
de grandes novidades. Penso que será melhor assim.”
Museu
Histórico Nacional
Fonte:
whatsapp – autor desconhecido
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