Foto:Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Companhia adota mecanismo de proteção cambial para
barrar alta do combustível; reajustes de preços, que hoje são diários, poderão
ocorrer a cada 15 dias
Por Ana
Paula Machado
“A Petrobras informou,
nesta quinta-feira (6) que irá criar um mecanismo de proteção financeira
(hedge) para controlar o preço da gasolina. Com
isso, os reajustes,
que hoje são diários, poderão acontecer a cada 15 dias.
“A Petrobras entende ser
importante implementar mecanismos que lhe permitam ter a opção de alterar a
frequência dos reajustes diários do preço da gasolina no mercado interno,
podendo até mantê-lo estável por curtos períodos de tempo, de até 15 dias,
conciliando seus interesses empresariais com as demandas de seus clientes e
agentes de mercado em geral”, informou a companhia.
O diretor financeiro da Petrobras, Rafael Grisolia,
afirmou que a empresa identificou que era importante “trazer mecanismos
financeiros de proteção para os momentos de volatilidade da gasolina e do
câmbio”. Ele não informou, no entanto, porque a empresa optou por utilizar
essas ferramentas financeiras neste momento.
Na quarta-feira (5), litro da gasolina ficou 1,68%
mais caro nas refinarias do país, passando de 2,17 reais para 2,20 reais. É o
maior valor desde a política adotada há um ano, com os preços atrelados ao
mercado internacional. (ao preço do dólar)
Segundo a estatal, essa proteção poderá ser
aplicada em momentos de oscilação do preço da gasolina no mercado
internacional. Vale lembrar que a cotação é em moeda americana, impacta os
custos por aqui diante da desvalorização do real frente ao dólar. A moeda
americana ultrapassou a barreira dos 4 reais e atualmente oscila entre 4,10 a
4,20 reais, o que interfere muito no preço da gasolina.
“São mecanismos que mantêm o resultado financeiro
para a companhia. São opções. Continua a de reajuste diário”, afirmou o diretor
financeiro.
A Petrobras passará a comprar derivativos de
gasolina na bolsa de Nova York, além de hedge cambial, que suportarão a
manutenção do preço por um período de até 15 dias, considerado o máximo de
eficiência financeira, sempre que for detectada instabilidade no mercado.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura
(CBIE), Adriano Pires, disse que a medida anunciada nesta sexta-feira pela
Petrobras é positiva, pois, irá trazer mais tranquilidade ao mercado.
“Nessa época do ano, as questões climáticas, como
furacões nos Estados Unidos, influencia muito os preços internacionais, muitas
refinarias param a operação. Além disso, o fator eleição presidencial no Brasil
tem impactado muito o dólar e a moeda americana tem oscilado muito e sempre
acima de 4 reais. Quando tiver cenários desse tipo e o preço da gasolina
disparar, a Petrobras pode segurar o reajuste em até 15 dias. Isso é bom para o
mercado”, disse Pires.
Em fase de teste, essas medidas poderão ser estendidas
para outros produtos, como o óleo diesel, no futuro. Atualmente, não faz
sentido aplicar essas ferramentas no diesel, porque o combustível está sendo
subsidiado pelo governo.
O mecanismo financeiro anunciado pela Petrobras
nesta quinta-feira para evitar volatilidade excessiva no preço da gasolina no
prazo de 15 dias não evitará o repasse de altas da cotação da commodity no
mercado internacional, segundo Jorge Celestino. “O que essa ferramenta está
tirando é a volatilidade. O delta (de variação de preço) ao final dos períodos
se mantém, será aplicado”, afirmou.
Como exemplo de eventos que podem causar
volatilidade excessiva, Celestino citou ocorrências climáticas nos Estados
Unidos. “Os preços sempre vão variar segundo a oferta e a demanda. Mas existem
fatores que vão impactar, por exemplo, uma temporada de furacão nos Estados
Unidos, que deixa algumas instalações indisponíveis. Isso traz um efeito de
volatilidade que não é estrutural, é conjuntural”, afirmou.”
Fonte: Estadão Conteúdo/ Veja
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