Até agora, todos os esforços se voltavam para a criação de cartilagem artificial ou de cartilagem a partir de células-tronco. Esta descoberta pode mudar todo esse quadro. [Imagem: Athanasiou Lab/UC Davis] |
Redação do Diário da Saúde
Capacidade de salamandra
"Ao contrário do que os cientistas diziam até agora, a cartilagem das articulações humanas pode sim se reparar.
O processo é semelhante ao que animais como as salamandras e os peixes-zebra usam para regenerar membros, dizem os pesquisadores.
E a equipe ainda descobriu um mecanismo de reparo da cartilagem que parece ser mais robusto nas articulações do tornozelo e menos nos quadris.
Isso pode levar a novos tratamentos para a osteoartrite, o distúrbio articular mais comum no mundo.
"Acreditamos que o entendimento dessa capacidade regenerativa 'semelhante à da salamandra' em seres humanos, e os componentes criticamente ausentes desse circuito regulador, podem fornecer a base para novas abordagens para reparar tecidos articulares e possivelmente membros humanos inteiros," disse a Dra. Virginia Byers Kraus, da Universidade de Duke (EUA).
Cartilagem nos tornozelos, joelhos e quadris
A equipe fez essa descoberta um tanto inusitada depois de inventar uma maneira de determinar a idade das proteínas usando "relógios moleculares" internos dos aminoácidos, que se convertem de uma forma em outra com uma regularidade previsível.
As proteínas recém-criadas nos tecidos humanos têm poucas ou nenhuma conversão de aminoácidos; proteínas mais velhas têm muitas. A compreensão desse processo permitiu que os pesquisadores usassem espectrometria de massa sensível para identificar quando as principais proteínas da cartilagem humana, incluindo os colágenos, eram jovens, de meia-idade ou mais velhas.
Eles descobriram que a idade da cartilagem depende em grande parte de onde ela reside no corpo. A cartilagem nos tornozelos é jovem, de meia-idade no joelho e velha nos quadris.
Essa correlação entre a idade da cartilagem humana e sua localização no corpo se alinha à maneira como ocorre o reparo dos membros em certos animais, que se regeneram mais facilmente nas pontas mais afastadas, incluindo as extremidades das pernas ou caudas.
A descoberta também ajuda a explicar por que as lesões nos joelhos das pessoas e, principalmente, nos quadris, levam muito tempo para se recuperar e, muitas vezes, evoluem para artrite, enquanto as lesões no tornozelo curam mais rapidamente e menos frequentemente se tornam severamente artríticas.
"Acreditamos que este é um mecanismo fundamental de reparo que pode ser aplicado a muitos tecidos, não apenas à cartilagem," disse Kraus."
Artigo: Analysis of "old" proteins unmasks dynamic gradient of cartilage turnover in human limbs
Autores: Ming-Feng Hsueh, Patrik Önnerfjord, Michael P. Bolognesi, Mark E. Easley, Virginia B. Kraus
Publicação: Science Advances
Vol.: 5, no. 10, eaax3203
DOI: 10.1126/sciadv.aax3203
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