segunda-feira, 7 de setembro de 2020

"Investir em energia nuclear é tendência seguida por 19 países"

Central nuclear na Finlândia

 Por André Borges - Estadão


Ao investir em uma nova planta de energia alimentada por urânio enriquecido, material radioativo que requer um protocolo extremamente rígido de segurança, o Brasil segue o caminho de 19 países que, neste momento, têm projetos de reatores nucleares em construção.

Há hoje 53 projetos de usinas em andamento em todo o mundo, sendo que 33 delas são erguidas no continente asiático. A China, com dez plantas em construção, e a Índia, com outras sete usinas, lideram o ranking, motivadas pela redução da dependência da energia gerada a carvão mineral, uma fonte mais poluente e cara.

Informações coletadas pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) dão conta de que, atualmente, a geração de energia baseada em reatores nucleares representa 10% da capacidade global de eletricidade, só atrás da energia hidrelétrica, com participação de 16% da matriz. Esse desempenho, porém, pode cair nos próximos anos

Usinas nucleares no Brasil

Incerteza

Segundo a IEA, a energia nuclear tem futuro incerto, porque muitas usinas antigas estão começando a fechar em economias mais avançadas, como Alemanha, em razão de políticas de segurança e fatores econômicos. A agência, que fica sediada em Paris e está ligada à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), afirma que, sem mudanças de cenário, países com economias mais avançadas podem perder 25% de sua capacidade nuclear até 2025 e até dois terços dela até 2040.

Usina Nuclear Angra I, no RJ

A instituição acrescenta que isso pode resultar em bilhões de toneladas de emissões a mais de carbono. A geração de energia por fonte nuclear utiliza apenas água em seu processo de resfriamento, em várias etapas. É o vapor gerado pelo contato com o urânio enriquecido que faz a turbina girar e produzir energia. Não há, portanto, nenhuma emissão de gás carbônico. A radiação das pastilhas de urânio, porém, após usadas, devem ficar por décadas em áreas reservadas, por causa da radiação que ainda emitem.

Países como Estados Unidos, Canadá, Japão e muitos da União Europeia têm, na fonte nuclear, uma de suas principais seguranças de abastecimento de geração, uma vez que, diferentemente de outras fontes – hidráulica, eólica e solar, por exemplo – que dependem de fatores externos para produzir energia – a fonte nuclear permite a entrega efetiva de energia, conforme a necessidade.

Preconceito

Se o caminho da matriz elétrica mundial vai no sentido da descarbonização, me parece que existe sim um papel importante da energia elétrica nuclear a desempenhar em todos os países. Essa ideia vai vencendo preconceitos que se tem em relação à energia nuclear”, diz Leonam Guimarães, presidente da Eletronuclear. “Estamos falando de uma fonte que não gera gases de efeito estufa e que garante estabilidade. Não é uma competição entre fonte, é algo complementar e isso tem se disseminado pelo mundo.”

Usinas de Angra resistem  a terremotos 
de 6,5 graus


Nos Estados Unidos, de acordo com a IEA, cerca de 90 reatores têm licenças de operação de 60 anos, mas vários já se aposentaram mais cedo e muitos outros estão em risco.

Na Europa, Japão e outras economias avançadas, extensões da vida útil das plantas também enfrentam perspectivas incertas. Atualmente, existem 440 reatores nucleares em operação em cerca de 30 países ao redor do mundo.”

Fonte: Estadão

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