sexta-feira, 5 de abril de 2024

"A imprensa disse sim ao golpe civil-militar de 1964"


O dever da imprensa é informar, noticiar, dar sua opinião, geralmente nos "editorais", colocados na página 2 dos jornais impressos. Em matérias opinativas de outros jornalistas ligados à empresa jornalística. Temos vários exemplos, inclusive de não jornalistas que escrevem suas opiniões nas mais diversas áreas do conhecimento.

Ou então em colunas específicas que dizem respeito a política, economia, saúde, dentre outras.

Mas na adesão ao regime militar foi grande aceitação dos jornais na época, jornais que até hoje, passados os 60 anos do golpe civil-militar, não apoiam e não dizem os motivos pelo qual apoiaram na época.

Porém, vamos tentar descobrir.

Em primeiro lugar existia o viés ideológico;

Jango tinha ideias socialistas, que as pessoas confundiam com ideias comunistas, porque quando Jânio Quadros renunciou, jango estava na China Comunista. Mais um fator importante para as eleições, a inflação estava a 60% ao ano.

Depois, Jango apoiava a reforma agrária, que até hoje, passados 60 anos, ainda não foi resolvida. Tanto que recentemente o governador de Minas Gerais mandou o exército impedir a posse de uma terra abandonada há cerca de 10 anos por mulheres do MST, no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher! 

João Goulart, o Jango, era o vice de Jânio Quadros apoiava "entre eles os mais expressivos eram os que procuravam realizar as reformas agrária, educacional, tributária, administrativa e urbana. Tanto é que Jango propôs a Plano trienal que iria mexer nos salários. Ele propunha um congelamento geral. João Goulart entendia que havia também a necessidade de maior rigor no controle das remessas de lucros ao exterior."

Para quem assistiu e para quem quiser assistir ou rever "O Dia que durou 21 anos" direção e autoria de Camilo Tavares, filho do jornalista Flavio Tavares que também participou da resistência. Entretanto, com a pesquisa para o filme, pode-se perceber o que estava por trás da manobra entre a renúncia de Jânio Quadros (pressões externas… que dizia Jânio na sua carta de renúncia). A ditadura militar no Brasil foi arquitetada desde 1962, nos Estados Unidos, com a articulação de Lincoln Gordon, embaixador norte-americano no Brasil. 

História do Brasil: em 1º de abril de 2024, completa 60 anos do golpe civil-militar que resultou em 21 anos de "Repressão e Resistência"


Inclusive os grandes jornais que ainda existem hoje impressos e online como o Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo. Entre outros jornais de circulação na época. 

Agora esses jornais que apoiavam o Regime militar cessaram quando começaram a noticiar como é o dever dos jornais, o que acontecia nos bastidores do regime militar e começaram a ter censores em suas redações. 

E com assassinato de Vladimir Herzog, que reuniu cerca de 8 mil pessoas na Catedral da Sé e nos arredores em um ato (com os militares em cima) ecumênico celebrado por Dom Evaristo Arns e o rabino Henry Sobel e o reverendo evangélico Jayme Wright, em 31 de outubro de 1975.  

Catedral da Sé na capital Paulista, em 31 de outubro de 1975

Esse ato é considerado a rachadura do regime ditatorial. A partir da morte de Herzog e dessa manifestação popular, o regime começaria a sofrer contestações e ser alvo de insatisfação popular, a situação era insustentável, em especial depois do AI-5 que limitou qualquer ação da cidadania, nos chamados anos de chumbo, vivíamos anos de total falta de informação verídica. Com receitas de bolos e poemas de Camões (poeta português), no lugar de notícias censuradas, dos bastidores da ditadura militar nestes grandes veículos impressos. O que foi proporcionando a sua queda depois de 21 anos de 1964 a 1985.  

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