Aids, hepatite C e alterações na próstata são facilmente identificadas
Muito
se fala sobre as doenças silenciosas e a relevância de seu
diagnóstico precoce, evitando seu agravamento. Segundo o patologista
clínico Gustavo Rassi, do laboratório Atalaia, em Goiânia, os
exames laboratoriais devem ser feitos sempre após uma consulta
médica, já que eles são um complemento da avaliação clínica do
paciente. Mas há aqueles exames e pedidos que não podem esperar uma
dor ou desconforto para serem feitos - e você deve expressar ao seu
médico a vontade de rastrear esse tipo de problema.
Ele irá avaliar
sua idade, histórico familiar e outras doenças relacionadas,
estudando a sua necessidade de fazer aquele exame e analisar os
resultados com propriedade. Separamos alguns exames muito simples de
serem feitos, que não exigem nenhuma preparação especial ou horas
de jejum, e que podem detectar problemas graves. Dê uma olhada e
converse com seu médico sobre a necessidade de fazê-los:
HIV
O
rastreamento da Aids ainda é um assunto delicado e difícil de ser
feito no Brasil. Segundo o Departamento de DST, Aids e Hepatites
Virais do Ministério da Saúde, estima-se que 530 mil pessoas vivam
com HIV/Aids no país, sendo que 135 mil dessas pessoas não sabem
que portam o vírus ou nunca ?zeram o teste. O exame para
rastreamento do HIV é a principal estratégia para o acesso ao
diagnóstico. "Ele é feito geralmente pela coleta de sangue ou
outros fluídos corporais, como a saliva", explica o patologista
clínico Gustavo Rassi, do laboratório Atalaia, em Goiânia. O
especialista explica que com essa amostra se faz a pesquisa de
anticorpos anti-HIV.
"Os grupos e comportamentos de risco são
os mais indicados a fazer o exame, como usuários de drogas
injetáveis e indivíduos que praticam sexo com vários parceiros sem
preservativos", diz. Entretanto, o vírus não afeta apenas
essas pessoas, e deveria ser feito pelo menos uma vez naqueles que
não se enquadram nesses grupos. Com a detecção precoce, afirma o
especialista, é possível encontrar melhores resultados
terapêuticos, cuidar para não transmitir a infecção aos parceiros
e até mesmo conseguir melhores prognósticos, podendo inclusive
impedir uma manifestação grave da doença.
O teste é rápido e
oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e seu médico pode
fazer o pedido do exame se você expressar essa vontade na consulta.
Caso você ainda não se sinta confortável para conversar sobre esse
assunto no consultório, e ainda sim quer fazer o exame, experimente
doar sangue - antes da doação, seu sangue é testado para diversas
doenças que podem ser transmitidas pelo sangue, incluindo a presença
do HIV.
Hepatite C
De
acordo com o Fundo Mundial para a Hepatite da Organização das
Nações Unidas, cerca de 500 milhões de pessoas no mundo está
infectada com os vírus para hepatite
B e
C, e apenas 5% delas sabem que tem a doença. No Brasil, existem
cerca de 1,5 milhão de pessoas infectadas pela hepatite
C,
doença responsável por 70% das hepatites crônicas e 40% dos casos
de cirrose, segundo dados do Ministério da Saúde. O infectologista
Paulo Roberto Ferreira, do Hospital Bandeirantes, conta que as formas
crônicas das hepatites B e C raramente apresentam sintomas fortes.
"Depois do início, não há sintomas por 20 a 30 anos, até que
apareça cirrose ou câncer de fígado. Esse é o grande problema da
doença, que é silenciosa por muito tempo", afirma. De acordo
com o fundo da ONU, as pessoas nascidas entre 1945 e 1965 devem fazer
o teste da hepatite C pelo menos uma vez na vida, pois têm cinco
vezes mais chances de estarem contaminadas.
Isso porque a doença é
transmitida pelo sangue, como transfusões, compartilhamento de agulhas e etc - e nesse período os cuidados com
a higiene e a sorologia para verificar a existência do vírus no
sangue doado ainda não tinha sido desenvolvida. O exame é
importante para a prevenção de uma doença mais grave, pois uma vez
identificado o vírus, é possível controlá-lo e impedir
complicações.
Esse
é outro exame de sangue simples de fazer, o de colesterol e
frações. "Ele possibilita ao médico avaliar índices
importantes como o colesterol (tanto o LDL, o colesterol ruim, quanto
o HDL, conhecido como bom colesterol) e o perfil lipídico, que
revela se há ou não risco
para aterosclerose, AVC ou hipertensão arterial",
explica o geriatra Clóvis Cechinel, do laboratório Pasteur, em
Brasília. Esse é um exame que pode ser feito em qualquer época da
vida, uma vez que o colesterol também não apresenta sintomas,
podendo se manifestar já na forma de uma doença mais grave, como o
infarto. A recomendação se intensifica para pessoas com mais de 40
anos ou então aqueles que possuem histórico de doenças
cardiovasculares.
Distúrbios da tireoide
Enquanto
o colesterol alto, a hepatite e a Aids não apresentam sintomas antes
de atingirem gravidade, as desordens da tireoide enganam pela
simplicidade e variedade de sinais. Cansaço, calor excessivo e
insônia são algumas das manifestações de problemas com esse órgão
- e quem não se identifica com pelo menos um desses sintomas? Por
isso é comum que pessoas com problemas na tireoide suspeitem de
outras doenças, demorando a pesquisar o problema corretamente.
Segundo a endocrinologista Gisah Amaral de Carvalho, do departamento
de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
(SBEM), os hormônios da tireoide são responsáveis pelo nosso
metabolismo basal: eles estimulam nossas células a trabalharem e
garantem que tudo funcione corretamente em nosso corpo.
Quando
produzimos esses hormônios em excesso (hipertireoidismo),
o metabolismo passará a funcionar de forma acelerada. É como se o
organismo fosse uma máquina a vapor que está recebendo mais carvão
que o normal, passando a trabalhar rapidamente. "Quando a
tireoide não está produzindo quantidade suficiente de hormônios
(hipotireoidismo), o metabolismo fica mais lento", diz a
especialista. Devido a essa dificuldade no diagnóstico, o exame de
TSH é importante para verificar se há alguma alteração
significativa no funcionamento da tireoide que precise de tratamento.
"Com a análise clínica do médico com base no perfil do
paciente, é possível entender se algumas das dificuldades são
causadas pela tireoide", explica o patologista Gustavo. Os
distúrbios da tireoide são mais comuns em mulheres e ficam mais
incidentes com o passar da idade, por isso, se você tem mais de 50
anos, é bom considerar fazer esse exame.
Nesse
caso, existem dois exames muito importantes para identificar
possíveis problemas no órgão, incluindo o câncer
de próstata.
Existe a dosagem de PSA, que analisa a proteína de mesmo nome. "Uma
próstata normal produz essa proteína normalmente, mas uma pessoa
que tem um tumor pode produzir em maior quantidade", afirma o
patologista Gustavo. Entretanto, apenas o exame de PSA não é
conclusivo para o diagnóstico de câncer de próstata, uma vez que
ele pode ser falho.
"De 24 a 40% dos tumores não apresentam
altas dosagens da proteína PSA, não sendo detectados pelo exame",
afirma o oncologista Fabio Kater, coordenador do Centro de Oncologia
do Hospital 9 de Julho. Outro cenário é quando o exame apresenta
resultado anormal, mas a alteração na próstata em si não
representa um problema e, portanto, não irá necessitar de
tratamento.
Por isso o exame de toque também deve ser feito preferencialmente, e se possível em conjunto com o PSA. "O exame de toque retal nos dá informações adicionais sobre a próstata, mesmo que não relacionado à doença maligna, como a hiperplasia prostática benigna", afirma o urologista Ravendra Moniz, do Núcleo de Urologia do Hospital Samaritano, em São Paulo. Além disso, o exame de toque também possibilita encontrar pólipos e fazer retirada de pele para biópsia.
Os homens precisam fazer o exame de toque anualmente a partir dos 50 anos, pois é a partir dessa idade que a incidência de alterações aumenta. "Antes desta idade o exame pode ser recomendado pelo médico para pessoas sintomáticas ou pessoas de alto risco para a doença, como obesidade e parentes de primeiro grau com o diagnóstico da doença", ressalta o oncologista Fabio.
A
recomendação atual da Associação Americana de Urologia é de que
homens entre 40 e 54 anos sejam submetidos a avaliação prostática
com PSA e toque retal se apresentarem fatores de risco para o câncer
de próstata, caso contrário, a avaliação prostática de rotina
deverá ser realizada em homens a partir dos 50 anos.
Entretanto,
homens em idade muito avançada - expectativa de vida abaixo dos 10
anos - que não apresentam sintomas e nunca tiveram diagnóstico para
câncer de próstata podem receber dispensa do exame pelo médico,
sob a justificativa de que o diagnóstico nessa idade pode não
beneficiar o paciente, pois o tratamento poderá ser muito exaustivo
e pouco efetivo para alguém cuja expectativa de vida já está
baixa.
Um exemplo: um homem que já tem 90 ou 95 anos não se
beneficia tanto do diagnóstico quanto um homem mais jovem, pois o
tratamento para o câncer pode ser debilitante. Entretanto, tudo deve
ser conversado adequadamente com um médico.
Doenças renais
As
doenças renais também podem demorar anos para apresentar algum
sintoma, quando já atingem certa gravidade. "Por isso, o exame
de creatinina é importante para avaliar a função dos rins, uma vez
que quanto maiores são os níveis de creatinina, menos eficiente
está o rim", explica o patologista Gustavo.
A creatinina é uma
substância serve de suporte para fazer o cálculo da taxa de quanto
o rim consegue filtrar das impurezas que estão passando ali.
Pacientes com hipertensão, obesidade e diabetes estão em maior
risco para lesões e infecções nos rins, bem como a insuficiência
renal. Outras indicações para o exame de creatinina incluem
histórico familiar de doença renal, pedra nos rins ou infecção
urinária.
Doenças do sangue
O
primeiro nome que vem à cabeça é anemia
ferropriva ,
ou deficiência de ferro, quando se fala em doenças que afetam o
sangue. Entretanto, existe uma série de doenças que podem ser
identificadas pelo sangue ou interferir em seu metabolismo de alguma
forma. "Um exemplo é a hemocromatose, que é uma hiperabsorção
de ferro pelo organismo, podendo afetar diversos órgão do corpo,
como o fígado", lembra o patologista clínico Gustavo. Para
identificar esses problemas, você pode pedir ao seu médico para
fazer o hemograma, incluindo saturação de transferrina, ferritina e
ferro.
Além
disso, o sangue também abriga outras substâncias que, quando em
quantidades alteradas, podem sinalizar a presença de uma doença,
como alguns tipos de câncer. Nesse caso, a pedida é a eletroforese
de proteínas, um método que permite separar as proteínas do plasma
humano em frações, podendo assim mensurar suas possíveis
alterações. Pessoas acima dos 40 anos são mais indicadas para
fazer esses exames, ou então pessoas que tenham sintomas ou fatores
de risco para a anemia, por exemplo.
Fonte: Minha Vida
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é sempre bem-vinda!