“Em
ato realizado na sede da Fenaj, no dia 6 de novembro, a Comissão de
Anistia do Ministério da Justiça entregou à Comissão Nacional da
Verdade dos Jornalistas o resultado de uma pesquisa sobre violações
de direitos humanos contra jornalistas no período da ditadura
militar no Brasil. O relatório contém dados relativos a 50
jornalistas atingidos por atos do regime autoritário.
A
vice-presidente da Comissão de Anistia, Sueli Bellato, entregou o
relatório ao presidente da Comissão Nacional da Verdade dos
Jornalistas, Audálio Dantas, que estava acompanhado pelo secretário
da Comissão, Sérgio Murillo de Andrade, e do diretor de Relações
Institucionais da Fenaj, José Carlos Torves.
O
relatório é resultado de uma pesquisa inserida no âmbito do
Projeto BRA/08/021, criado no ano de 2008 pelo Governo Federal, por
meio de um termo de cooperação estabelecido entre a Comissão de
Anistia do Ministério da Justiça (CA/MJ), a Agência Brasileira de
Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores e o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), com o
objetivo de fortalecer capacidades referentes à Justiça de
Transição no Brasil, relacionadas ao direito à memória e à
verdade; à reparação às vítimas; e à reforma das instituições
ligadas às graves violações contra os direitos humanos.
Pesquisa
realizada objetivou apoiar a Comissão Nacional da Verdade dos
Jornalistas em sua investigação sobre jornalistas que sofreram
perseguição, cujo resultado será enviado à Comissão Nacional da
Verdade para apuração de graves violações de direitos humanos
praticadas no país durante o período ditatorial.
Limitado
pelo fato do acervo da Comissão da Anistia - composto por mais de 73
mil processos, estar em fase de organização e digitalização no
momento do estudo, a pesquisa baseou-se em 50 requerimentos
encaminhados por jornalistas ou seus familiares à Comissão de
Anistia e em fases distintas de tramitação processual (em
andamento, pendentes de decisão definitiva ou arquivados), alguns
digitalizados, outros em estado físico, e alguns ainda com dados
quantitativos incompletos.
Segundo
o relatório, a militância do grupo pesquisado foi variada, mas a
concentração foi no PCB (35,7%), em sindicatos de jornalistas, Ubes
e UNE (com 12% cada), na Ação Libertadora Nacional - ALN (7%), na
Ação Popular – AP e em outros sindicatos (5% cada). No entanto, a
militância dos jornalistas perseguidos se traduzia também em seus
artigos e reportagens em jornais e revistas de circulação local ou
nacional. Em decorrência das denúncias que faziam e da livre
expressão que pregavam, foram perseguidos, impedidos de exercer sua
profissão e demitidos de seus empregos.
Nos
50 requerimentos analisados, foram identificados 129 episódios de
perseguição, o que revela que cada jornalista foi perseguido, em
média, mais de duas vezes. O monitoramento pelos órgãos de
repressão foi o tipo de violação de direitos mais citado (32,5%),
seguido por 30 episódios de prisão (23,3%) e 16 de tortura (12,4%).
A clandestinidade e a cassação de direitos políticos atingiram
cerca de 10% dos jornalistas. O exílio obteve 9,3% do total de
perseguições identificadas nos processos. O banimento e a expulsão
foram relatados apenas uma vez cada.
Audálio
Dantas destacou a importância do estudo para substanciar o trabalho
da Comissão da Verdade dos Jornalistas, que começa a consolidação
de seu relatório final. O relatório incluirá informações a
partir da contribuição de 12 Comissões estaduais da Verdade dos
Jornalistas.
Fonte: FENAJ
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