Pesquisadores
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) isolaram e
caracterizaram um composto bioativo de uma planta encontrada na
região da Serra da Mantiqueira que tem propriedades
anti-inflamatória, antimicrobiana e antiparasitária.
"Observamos
que a atividade anti-inflamatória da sakuranetina é muito similar à
da dexametasona, o principal corticoide usado hoje no tratamento de
processos alérgicos e inflamatórios graves", conta o professor
João Henrique Ghilardi Lago.
O
composto, denominado sakuranetina, foi isolado da plantaBaccharis
retusa DC., da família Asteraceae, a mesma família
do girassol (Helianthus annuus) e de diversas outras plantas
medicinais. O gênero Baccharis é composto por
cerca de 500 espécies, entre elas a bem conhecida carqueja
(Baccharis trimera).
"Ficamos
surpresos com a variedade de espécies de Baccharis na Serra da
Mantiqueira", afirmou Lago. "Coletamos cerca de dez
espécies diferentes em Campos do Jordão, entre elas a Baccharis
retusa DC.." - a Serra da Mantiqueira é uma a cadeia
montanhosa que se estende pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e
Rio de Janeiro.
Antiparasitário
A
fim de selecionar as plantas que apresentavam potencial atividade
biológica, os pesquisadores prepararam extratos bioativos das
plantas coletadas e
os submeteram a uma sequência de testes em laboratório.
Os
resultados indicaram que o extrato da Baccharis retusa
DC.demonstrou maior atividade antiparasitária, antimicrobiana e
anti-inflamatória em comparação com as outras espécies coletadas.
A
análise química revelou que cerca de 50% do extrato bruto da planta
diluído em etanol é composto por uma única substância:
a sakuranetina. "Isso é muito raro em plantas porque, em geral,
elas apresentam uma grande diversidade de compostos," afirmou
Lago.
Os
resultados indicaram que a sakuranetina apresentou atividade
antiparasitária contra Leishmania
(L.) amazonensis,Leishmania
(V.) braziliensis, Leishmania
(L.) major e Leishmania
(L.) chagasi.
Derivados semissintéticos da sakuranetina usados para comparação
não demonstraram a ação antiparasitária.
Toxicidade
A
sakuranetina também se mostrou um potencial candidato para o
desenvolvimento de um fármaco voltado para o tratamento de asma,
de acordo com os pesquisadores, ao apresentar um efeito similar ao da
dexametasona, a principal droga usada no tratamento da doença.
"Agora
estamos em um ponto crucial, que é avaliar a toxicidade da
sakuranetina, porque não adianta termos uma substância que
apresenta ação anti-inflamatória tão potente como a droga padrão
usada no tratamento de asma se não soubermos em que concentração
ela pode ser administrada em animais e humanos," afirmou Lago.
Fonte:
Diário da Saúde / Agência FAPESP
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é sempre bem-vinda!