Antonio Palocci. Foto: Rodolfo Buhrer/Reuters |
'Em petição ao TRF-4, ex-ministro condenado a 12 anos de prisão pelo juiz Sérgio Moro alegou que sua 'cooperação espontânea pode ser extremamente relevante, vez que eliminará qualquer tipo de dúvida sobre a tese acusatória'
Por Julia Affonso, Ricardo Brandt e Luiz Vassallo
"O
ex-ministro Antonio
Palocci (Fazenda/Casa
Civil/Governos Lula e Dilma) pediu nesta quarta-feira, 7, ao Tribunal
Regional Federal da 4.ª Região para ser interrogado novamente no
âmbito da Operação
Lava Jato.
A defesa de Palocci afirma que o petista quer ‘cooperar na
elucidação dos fatos criminosos’.
“A
cooperação espontânea– ainda que nesta fase – pode ser
extremamente relevante, vez que eliminará qualquer tipo de dúvida
sobre a tese acusatória, viabilizando que a síntese decisória seja
inquestionável e induvidosa”, solicitou a defesa.
Palocci
está preso desde setembro de 2016. Em junho, o
ex-ministro foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a
12 anos, 2 meses e 20 dias de prisão por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro. No processo, Palocci foi acusado de
envolvimento no pagamentos de US$ 10.219.691,08 em propinas,
referentes a contratos firmados pelo Estaleiro Enseada do Paraguaçu
– de propriedade da Odebrecht – com a Petrobrás, por intermédio
da Sete Brasil. O dinheiro, segundo a Justiça, foi pago ao
marqueteiro de campanhas do PT João Santana.
Quando
foi interrogado pela Lava Jato nesta ação, em abril do ano
passado, sugeriu
entregar informações que seriam ‘certamente do interesse da Lava
Jato’.
Em
outro depoimento, em setembro, o ex-ministro de fato falou. Na
ocasião, Palocci
incriminou o ex-presidente Lula em
ação sobre propinas da Odebrecht.
Este
processo está, atualmente, no TRF-4, que ainda não o julgou. A
Corte vai analisar a sentença aplicada por Moro a Palocci e a outros
13 condenados, incluindo empresário Marcelo Odebrecht, e o
casal de publicitários João Santana e Mônica Moura – os três,
delatores da Lava Jato.
Ao
TRF-4, Palocci afirmou que ‘tem buscado firmar acordo de
colaboração premiada com o Ministério Público Federal’.
“Independente
da realização de acordo, o peticionário escolheu a cooperação
imediata e espontânea como caminho para a resolução jurisdicional
de seus débitos com a Justiça”, argumentou a defesa.
O
ex-ministro apontou alguns tópicos que pretende abordar caso o
Tribunal autorize o novo interrogatório: ‘formação e
financiamento da Sete Brasil, conversações das quais
participou para organizar o esquema de propina decorrente das
sondas, atos por ele efetivamente praticados, na
operacionalização do recebimento de propinas; vantagens
indevidas por ele solicitadas; indicação da origem e do destino das
propinas; e apresentação e indicação de elementos de
corroboração de sua fala’.
“Um
segundo interrogatório do recorrente (Palocci) seria interessante
não apenas para ele, mas igualmente para esse Tribunal Regional
Federal. De um lado, para o Recorrente, porque este poderia dissipar
a impressão errônea causada com o seu primeiro interrogatório,
mostrando ao nobre colegiado que – de fato – Antônio Palocci
busca apenas uma coisa: cooperar de modo pleno com a Justiça”,
alegou o ex-ministro. “De outro lado, para o Tribunal, porque este
poderia finalmente esclarecer os fatos que são objeto da denúncia,
conhecendo qual foi a participação do acusado na empreitada
delitiva e, assim, podendo melhor delimitar a culpabilidade deste no
presente processo.”"
Fonte:
Estadão
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