Por Julia
Lindner - Estadão
“BRASÍLIA - O
presidente Jair Bolsonaro fez uma espécie de desabafo e um 'mea
culpa' diante das dificuldades que o cargo impõe. "Desculpem as
caneladas. Não nasci para ser presidente, nasci para ser militar",
disse em discurso no Palácio do Planalto para inauguração do
Espaço de Atendimento de Ouvidoria da Presidência da República. Na
quinta, o presidente também se desculpou pelas "caneladas"
em reunião com presidentes de alguns partidos, segundo o ministro da
Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Nesta sexta, em tom de
brincadeira, ele também afirmou que às vezes se pergunta o que fez
para "merecer isso". "Às vezes me pergunto, meu Deus,
o que fiz para merecer isso? É só problema", afirmou sobre a
função de presidente da República, rindo, ao finalizar sua fala no
evento de inauguração. Ele deu a declaração ao falar que não
possui qualquer ambição e que não lhe "sobe à cabeça"
o fato de ser presidente.
Depois do evento, ao ser
questionado se o cargo é mais difícil do que pensava, o presidente
negou e falou que "sabia das dificuldades por ser um País
grande". Ele justificou que existem "muitos vícios no
Brasil". Citou como fatores de preocupação a violência, a
empregabilidade e a educação. Sobre a fala de que "não nasceu
para presidente", disse, aos risos, que "tem que se virar
para não ser engolido".
Questionado se os
problemas mencionados no discurso estariam relacionados também às
dificuldades no diálogo com parlamentares e partidos políticos,
respondeu que "cada um vai defender seus interesses" e que
"isso é natural". "Temos que convencer o pessoal para
mostrar a questão da (reforma) da Previdência. Se não aprovar
agora, pelo menos grande parte, daqui dois a três anos vai faltar
dinheiro para pagar quem está na ativa, vamos virar uma Grécia",
declarou na coletiva de imprensa.
O presidente voltou a
admitir que a proposta de capitalização na reforma da Previdência
poderá não ser aprovada pelo Congresso e deixar a proposta para
outra oportunidade. Ele já havia falado sobre a possibilidade em
café da manhã com jornalistas, pela manhã.
"Nós queremos
aprovar o que está aí, mas se os parlamentares entenderem que está
complicado, difícil de explicar agora, podem decidir deixar para
outra oportunidade", disse na tarde desta sexta a jornalistas.
"A gente gostaria que a proposta enviada fosse aprovada na
íntegra, mas com toda certeza vai ser aperfeiçoada por parte do
parlamento", minimizou Bolsonaro."
Fonte: Estadão
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