Os
médicos avisam: a exposição prolongada a ruídos excessivos pode
causar de estresse e depressão a infarto e acidente vascular
cerebral (AVC)
por Leticia Maciel
Texto:
André Bernardo/ Foto: Shutterstock/ Adaptação: Letícia Maciel
As
principais consequências da poluição sonora são: insônia,
estresse, depressão,
perda de audição, agressividade, dificuldade de concentração, perda de memória, dor de cabeça crônica, hipertensão e gastrite Foto: Shutterstock |
Uma
guerra sem tréguas. E, principalmente, sem vencedores. Todos saem
perdendo na batalha diária contra uma inimiga implacável: a
poluição
sonora.
Durante as 24 horas do dia, ela põe em risco a saúde física e
mental da população das grandes cidades. “Há muito pouco a ser
feito contra a poluição sonora. Isso porque as proteções pessoais
são ineficientes (protetores de orelha) ou caras
(isolamento acústico)”, alerta o neurofisiologista Fernando
Pimentel-Souza, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Em casa, na rua ou no escritório, a poluição sonora pode causar desde males passageiros, como estresse, insônia e irritação, até estragos permanentes, como infarto, hipertensão e acidente vascular cerebral (AVC). Pode parecer alarmista, e é. Poluição sonora mata.
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), todo e qualquer ruído que
ultrapasse a casa dos 55
decibéis (unidade
de medida do som) já pode ser considerado prejudicial à saúde. E
todos os dias, na sempre inevitável hora do rush, estamos expostos a
barulhos que chegam a 80 decibéis. “O trânsito é um dos momentos
mais críticos da vida de um habitante da metrópole”, afirma o
otorrinolaringologista Gustavo Ribeiro Pifaia, da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp).
“Mas há outros lugares igualmente
barulhentos, como canteiros de obras e casas noturnas”, acrescenta.
Mas o que pode ser pior do que ficar preso no engarrafamento sem ter
para onde ir? É buscar refúgio nos aparelhinhos MP3. “O ideal é
ouvir em um limite seguro, ou seja, em que ainda seja possível ouvir
o som ambiente”, aconselha Pifaia. Na dúvida, não pense duas
vezes: feche os vidros, ligue o ar e relaxe. Sua audição agradece.
Dicas para cuidar da audição
Descubra como evitar problemas auditivos em qualquer fase da vida
Em
alto e bom som
O
perigo ronda até mesmo lugares insuspeitos, como academias de
ginástica, festas infantis e templos religiosos. “Estamos expostos
a ruídos excessivos e não damos conta disso. Um bom exemplo são as
sessões de ginástica aeróbica. Não é raro, ao fim delas, os
alunos se queixarem de incômodo na orelha devido ao elevado
volume da música durante a aula”, salienta Pifaia. Para Souza, o
momento mais crítico depende da atividade exercida, principalmente
se for educacional ou intelectual.
“É por isso que, em salas de
aula, a OMS Organização Mundial de Saúde recomenda uma tolerância de 40 decibéis”, observa.
Segundo a otorrinolaringologista Patrícia Ciminelli, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a exposição prolongada a ruídos
superiores a 85 decibéis provoca perda gradativa de audição. “O
recomendado são 8 horas diárias de exposição a um som de 85
decibéis”, esclarece Patrícia. O silêncio nosso de cada dia não
é respeitado sequer na hora do almoço. Segundo médicos, muitos
restaurantes chegam a registrar 70 decibéis na hora de maior
movimento.
Mas
se os protetores de orelha são ineficientes e os isolamentos
acústicos, caros, o que pode ser feito para evitar uma surdez? É
adotar medidas preventivas. “Evite estar em ambientes muito
barulhentos por períodos prolongados”, resume Patrícia. Ao menor
sinal de dificuldade para ouvir uma conversa, médicos aconselham que
se procure um especialista para avaliar o nível de audição. “Não
existe tratamento que compense a exposição excessiva ao barulho.
Devemos valorizar o diagnóstico precoce”, diz Pifaia.
Por
isso, médicos recomendam que se evite, sempre que possível, ir a
lugares muito barulhentos. Se você gosta de frequentar bares, shows
ou boates, saiba que seu sistema auditivo precisa descansar 16 horas
para cada duas de exposição a ruídos superiores a 100 decibéis.
Se a ida a um desses lugares é inevitável, os médicos aconselham
que sejam usados protetores
auriculares de silicone que,
embora não resolvam o problema, minimizam os efeitos sobre a cóclea,
pequena estrutura da orelha interna responsável por converter as
vibrações acústicas em sinais elétricos que chegam ao cérebro.
Durma com um barulho desses
À
noite, a guerra contra a poluição sonora pode até apresentar
sinais de rendição, mas ela não acaba. Jamais. Afinal, a orelha
humana não descansa. Nem quando dormimos. É por isso que, muitas
vezes, acordamos sobressaltados com freadas bruscas, discussões
acaloradas ou música alta. “Embora o ruído diurno seja maior do
que o noturno em cerca de 10 decibéis, somos mais sensíveis ao
ruído durante a noite. Para uma boa noite de sono, o ruído no
quarto não deve exceder 30 decibéis”, adverte Souza.
“A
exposição ao som alto por mais tempo que o recomendado causa perda
auditiva irreversível,
além de outras sequelas, como o
zumbido,
por exemplo”, adverte Ciminelli. “É importante salientar que a
perda auditiva para de progredir assim que cessa a exposição ao
agente lesivo (no caso, o som alto), mas o que foi perdido, é bom
que se diga, não volta mais”, completa.
Fonte:
UOL
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