terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O QUE A POLUIÇÃO SONORA PODE CAUSAR

    Os médicos avisam: a exposição prolongada a ruídos excessivos pode causar de estresse e depressão a infarto e acidente vascular cerebral (AVC)
por Leticia Maciel

Texto: André Bernardo/ Foto: Shutterstock/ Adaptação: Letícia Maciel
As principais consequências da poluição sonora são: insônia, estresse, depressão,
perda de audição, agressividade, dificuldade de concentração, perda de memória,
dor de cabeça crônica, hipertensão e gastrite
Foto: Shutterstock

Uma guerra sem tréguas. E, principalmente, sem vencedores. Todos saem perdendo na batalha diária contra uma inimiga implacável: a poluição sonora. Durante as 24 horas do dia, ela põe em risco a saúde física e mental da população das grandes cidades. “Há muito pouco a ser feito contra a poluição sonora. Isso porque as proteções pessoais são ineficientes (protetores de orelha) ou caras (isolamento acústico)”, alerta o neurofisiologista Fernando Pimentel-Souza, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Em casa, na rua ou no escritório, a poluição sonora pode causar desde males passageiros, como estresse, insônia e irritação, até estragos permanentes, como infarto, hipertensão e acidente vascular cerebral (AVC). Pode parecer alarmista, e é. Poluição sonora mata.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todo e qualquer ruído que ultrapasse a casa dos 55 decibéis (unidade de medida do som) já pode ser considerado prejudicial à saúde. E todos os dias, na sempre inevitável hora do rush, estamos expostos a barulhos que chegam a 80 decibéis. “O trânsito é um dos momentos mais críticos da vida de um habitante da metrópole”, afirma o otorrinolaringologista Gustavo Ribeiro Pifaia, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

“Mas há outros lugares igualmente barulhentos, como canteiros de obras e casas noturnas”, acrescenta. Mas o que pode ser pior do que ficar preso no engarrafamento sem ter para onde ir? É buscar refúgio nos aparelhinhos MP3. “O ideal é ouvir em um limite seguro, ou seja, em que ainda seja possível ouvir o som ambiente”, aconselha Pifaia. Na dúvida, não pense duas vezes: feche os vidros, ligue o ar e relaxe. Sua audição agradece.

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Em alto e bom som
O perigo ronda até mesmo lugares insuspeitos, como academias de ginástica, festas infantis e templos religiosos. “Estamos expostos a ruídos excessivos e não damos conta disso. Um bom exemplo são as sessões de ginástica aeróbica. Não é raro, ao fim delas, os alunos se queixarem de  incômodo na orelha devido ao elevado volume da música durante a aula”, salienta Pifaia. Para Souza, o momento mais crítico depende da atividade exercida, principalmente se for educacional ou intelectual.

“É por isso que, em salas de aula, a OMS Organização Mundial de Saúde recomenda uma tolerância de 40 decibéis”, observa. Segundo a otorrinolaringologista Patrícia Ciminelli, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a exposição prolongada a ruídos superiores a 85 decibéis provoca perda gradativa de audição. “O recomendado são 8 horas diárias de exposição a um som de 85 decibéis”, esclarece Patrícia. O silêncio nosso de cada dia não é respeitado sequer na hora do almoço. Segundo médicos, muitos restaurantes chegam a registrar 70 decibéis na hora de maior movimento.

Mas se os protetores de orelha são ineficientes e os isolamentos acústicos, caros, o que pode ser feito para evitar uma surdez? É adotar medidas preventivas. “Evite estar em ambientes muito barulhentos por períodos prolongados”, resume Patrícia. Ao menor sinal de dificuldade para ouvir uma conversa, médicos aconselham que se procure um especialista para avaliar o nível de audição. “Não existe tratamento que compense a exposição excessiva ao barulho. Devemos valorizar o diagnóstico precoce”, diz Pifaia.

Por isso, médicos recomendam que se evite, sempre que possível, ir a lugares muito barulhentos. Se você gosta de frequentar bares, shows ou boates, saiba que seu sistema auditivo precisa descansar 16 horas para cada duas de exposição a ruídos superiores a 100 decibéis. Se a ida a um desses lugares é inevitável, os médicos aconselham que sejam usados protetores auriculares de silicone que, embora não resolvam o problema, minimizam os efeitos sobre a cóclea, pequena estrutura da orelha interna responsável por converter as vibrações acústicas em sinais elétricos que chegam ao cérebro.

Durma com um barulho desses

À noite, a guerra contra a poluição sonora pode até apresentar sinais de rendição, mas ela não acaba. Jamais. Afinal, a orelha humana não descansa. Nem quando dormimos. É por isso que, muitas vezes, acordamos sobressaltados com freadas bruscas, discussões acaloradas ou música alta. “Embora o ruído diurno seja maior do que o noturno em cerca de 10 decibéis, somos mais sensíveis ao ruído durante a noite. Para uma boa noite de sono, o ruído no quarto não deve exceder 30 decibéis”, adverte Souza.

A exposição ao som alto por mais tempo que o recomendado causa perda auditiva irreversível, além de outras sequelas, como o zumbido, por exemplo”, adverte Ciminelli. “É importante salientar que a perda auditiva para de progredir assim que cessa a exposição ao agente lesivo (no caso, o som alto), mas o que foi perdido, é bom que se diga, não volta mais”, completa.


Fonte: UOL

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